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Investimentos

Porque o Nubank vale tanto mesmo sem dar lucro?

Hoje a sexta maior startup do mundo, o Nubank virou um símbolo de uma mudança radical na maneira de investidores enxergarem empresas, dando mais valor ao crescimento do que ao lucro imediato. Estes são os motivos.

Foi em 2001, após 7 anos de existência, que a Amazon apresentou seu primeiro lucro. Cerca de $5 milhões com uma receita de $1 bilhão no segundo trimestre daquele ano.

O resultado da empresa, hoje responsável por fazer de Jeff Bezos o primeiro, ou segundo, na lista de mais ricos do mundo (a depender do humor dos mercados e da posição de Bernard Arnault), seguiria praticamente nulo até 2014.

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Foram ao menos 2 décadas em que a empresa deixaria de ser uma livraria virtual para se tornar uma gigante do comércio.

Durante todo este período, a companhia de Bezos seguiu sendo avaliada em dezenas de bilhões de dólares, ainda que não desse lucro.

De longe, o caso da Amazon é o principal exemplo de “perseguir o crescimento para eventualmente aproveitar o lucro”, uma filosofia que tomou conta do setor de tecnologia, em especial.

Ao contrário de indústrias ou outras empresas mais tradicionais, as techs possuem um custo de capital extremamente baixo, o que significa dizer que com uma pequena adição de produto/recursos, podem atingir milhões de clientes.

Na prática, essa ideia tem sustentado uma série de investimentos em empresas que ainda passam longe de dar lucro, mas que possuem uma crença futura de que o dinheiro virá.

No Brasil, o Nubank se tornou o melhor exemplo de startup com essa filosofia, subindo de um valor de mercado de $2 bilhões, em 2018, para algo como $30 bilhões em 2021.

O “Nu” é hoje a sexta startup mais valiosa do planeta, e por larga vantagem a mais valiosa da América Latina.

Seus críticos entretanto insistem reiteradamente que a empresa não dá lucro, e possivelmente nunca dará um lucro considerável que justifique este valor.

Outro ponto comumente destacado é o de que o Nu opera em um dos setores com maior retorno em todo o país, o sistema financeiro.

De fato, os bancos brasileiros são os mais rentáveis de toda a América. Nossos bancos batem com folga os bancos americanos, mexicanos, chilenos e outros. 

Um terceiro fator também costuma pesar junto ao Nu, o de que seus clientes possuem um nível de renda menor, o que limita seus ganhos potenciais.

Ainda assim, há inúmeros fatores que parecem colaborar para este valuation final. 

Quando investiu na empresa em junho deste ano, a Berkshire Hattaway, empresa de Warren Buffett, considerado o maior investidor do século XX, avaliou que “os ganhos do Nubank na área de seguros têm sido expressivos”.

A declaração ganhou pouco destaque, mas é um trunfo e tanto quando se nota que Berkshire de Buffett tornou-se um conglomerado gigantesco, com mais de meio trilhão de dólares em valor de mercado, ao comprar e gerir companhias de seguro.

Em suma, uma das maiores empresas do mundo na área vê valor em algo discreto criado há menos de 1 ano pela Fintech brasileira. 

O caso pode ser comparado ao grande salto da Amazon. Em 2006 uma década após sua criação, a gigante do varejo online lançou sua empresa de “armazenamento em nuvem”, a AWS. Nos anos seguintes, a AWS se tornaria a maior empresa do setor e garantiria lucros gordos à Amazon.

Foi a AWS, e não o e-commerce, que tornou a Amazon uma empresa gigantesca como hoje. 

Esta é uma característica também comum em outras apostas corporativas. No caso da Uber, a aposta é de que o serviço de delivery e serviços financeiros ganhem maior espaço e representem a maior parte do lucro. Isto já tem rolado como destaca a CNBC. O resultado da Uber é positivo, apesar de fraco ou nulo em seu “core business”, ou negócio principal em bom português.

No caso do Nubank, a operação de seguros é apenas uma das tantas novidades que o Nu tem agregado. Ao contrário do Inter, que tem focado em desenvolver projetos como um marketplace de varejo, o Nu está centrado em criar interfaces amigáveis para serviços financeiros.

Nada disso, porém, seria possível se a Fintech não tivesse desenvolvido com sucesso uma marca que agregou 1 em cada 2 brasileiros com acesso a bancos em um período de 4 anos.

Em resumo, o Nu desenvolveu um apelo de marca que atraiu 40 milhões de clientes em uma plataforma simples e funcional, integrando milhões de clientes antes excluídos do sistema financeiro. Agora é trabalhar com eles.

Foi essa capacidade, que tem sido replicada na Colômbia e no México, que atraiu os investidores.

Fundos tradicionais do setor de tecnologia vêem valor na capacidade do banco de crescer rapidamente com pouca demanda de capital. 

Em 12 rodadas de investimentos, o Nubank levantou $2,5 bilhões

Na prática significa dizer que investidores externos colocaram $65 para adquirir cada cliente do banco. 

Trata-se de um valor relativamente baixo quando se percebe que a cada ano o Itaú lucra $60 com cada cliente.

Há um caminho imenso para que o Nubank dê um lucro sequer próximo ao do Itaú, claro, mas isso também está na conta dos investidores.

Mas há um outro fator que alimenta este tipo de acontecimento, muito além do impacto tecnológico ou da busca por promover a disrupção. 

Desde ao menos 2009, como resposta à crise de 2008, o mundo tem convivido com taxas de juros extremamente baixas, e no cenário atual, normalizado até mesmo juros negativos para títulos da dívida pública. 

Significa dizer que um investidor que queira obter um retorno satisfatório anual, não pode simplesmente comprar renda fixa e aguardar. É preciso tomar riscos.

Este investidor pode comprar ações, ou desenvolver empresas em estágio inicial antes de abrir capital.

Se em 10 anos você recebe -20 ou -30% na renda fixa, por que razão seria caro esperar 10 anos ou mais para multiplicar por 3, 5,10 ou 100 vezes o seu investimento em uma Fintech? É claro, no meio do caminho muitas irão quebrar e se mostrar inviáveis, mas justamente por isso, estes fundos, como a Sequoia, primeira investidora do Nubank e que já investiu no Facebook lá em 2005, apostam em diversas empresas.

Ainda que o lucro, a mais conhecida das linhas de um balanço de uma empresa, tenha saído de moda, é importante ressaltar que tanto Amazon quanto Nubank ou outros exemplos possíveis dessa nova realidade, possuem a chamada “geração de caixa”.

Em suma, essas empresas geram grana por meio de seus negócios, mas essa grana alimenta um crescimento desenfreado.

O Nu poderia, claro, dar lucro. Basta, para isso, reduzir seus pesados investimentos em contratação de profissionais de engenharia para desenvolver novas interfaces e agregar novos produtos. Bastaria reduzir seus custos com abertura de subsidiárias no México e Colômbia, cortar verba publicitária ou diminuir outros custos que atraem 50 mil novos clientes por dia.

Poderia até mesmo destinar estes recursos para fomentar mais serviços aos atuais clientes, mas nada disso faria sentido.

Este é um setor onde tamanho importa, e muito.

Como nas redes sociais, só há uso e vantagem se outras tantas pessoas utilizarem o serviço. Por isso, é tão importante buscar novos clientes. 

Este texto, entretanto, não faz juízo de valor sobre o quanto os investidores avaliam o Nubank hoje, ou o quanto ele valerá no IPO. Trata-se apenas de ressaltar que há racionais neste investimento e que a ideia de “lucro importa”, também possui nuances.

Há uma nova economia digital tomando conta do planeta há alguns anos, uma nova estrutura de capital dentro das empresas e uma nova maneira de investir. 

O Nubank não é exceção, ao contrário, é uma empresa que soube jogar, e muito bem, o jogo do Equity. Ou seja, quem soube buscar o ganho não no lucro imediato, mas na valorização do seu patrimônio e do valor detido pelos seus acionistas em forma de participação.


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