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Como Elon Musk quase ferrou com o Plano Real

No início dos anos 90 o governo americano lançou seu plano para renegociar a dívida da América Latina. Para o estagiário do Bank of Nova Scotia, Elon Musk, era uma oportunidade de lucro.

Como em “efeito borboleta”, um bater de asas na floresta amazônica pode causar um tufão tomando conta de Myanmar. Este é, em suma, o que significaram os anos 80.

Traçar o início da história é realmente complicado, mas um bom ponto de partida pode ser apontado quando Charles De Gaulle, o presidente francês, pôs fim ao “padrão dólar-ouro”.

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Em resumo, De Gaulle ameaçou converter em ouro os dólares detidos pela França, seguindo a cotação mantida na época. Em 1971, o governo americano enfim derrubou a prática (é possível traçar o fim do padrão ouro também a expansão de gastos na Guerra do Vietnã, e assim por diante, afinal, é difícil determinar quando a borboleta bateu suas asas).

Como consequência, a expansão monetária tomou conta de forma quase generalizada.

O governo americano passou a expandir seus gastos, trocando dólares recém criados por produtos.

É um acordo cômodo em teoria. Os EUA criam dinheiro, o resto do mundo trabalha e produz bens e serviços para obter este dinheiro.

Funciona bem, exceto quando o resto do mundo reage aumentando preços. E foi justamente isso que ocorreu em 1979, e posteriormente em 1979. Os dois choques do petróleo são usualmente conhecidos como tendo sido causados por fatores exógenos, como a revolução iraniana. Mas na prática, são também uma acomodação ao novo nível excessivo de moeda criada.

Tal qual em 2021, os preços de commodities dispararam após uma expansão monetária brutal. Mera coincidência.

Este efeito de alta de preços de commodities, gerou algo nunca antes visto nos EUA: inflação fora de controle.

No início dos anos 80, os EUA viram a economia parar de crescer e os preços dispararem, algo considerado impossível pelos modelos keynesianos e a curva de Philips.

Fato é que ocorreu. E não apenas isso, mas a reação foi brutal. Paul Volcker, presidente do FED, o banco central americano, fez os juros americanos dispararem.

Ao sul do Rio Grande, que separa os EUA da América Latina, a situação se complicou.

Os países da região haviam se esbaldado anos antes em investimentos baseados em endividamento. No Brasil, construímos Itaipu e outras 18 mega hidrelétricas, além de inúmeros outros empreendimentos.

Com o aumento dos juros nos EUA, porém, a situação se complicou.

Nossa dívida externa, que era de $3 bilhões em 1964, passou para $100 bilhões em 1985.

Passamos a dever mais e a juros maiores. Foram os mexicanos que cunharam o termo “década perdida”, mas de fato, este movimento foi de toda região. No Brasil, foi nossa pior década de crescimento na história (até os anos 2010).

Decretamos moratória em 1985. Nosso 9º calote na história. Para piorar, a hiperinflação tomou conta.

Foram diversos planos fracassados tentando controlar a inflação por aqui. Em boa medida, falharam ao não estancar a torneira da impressão desenfreada de dinheiro. Atacamos as consequências, como a alta de preços criando congelamentos, ignorando o saneamento das contas públicas.

Sanear as contas do governo, estancar os gastos, parar de se financiar via inflação, organizar o orçamento e desindexar a economia foram alguns dos feitos do plano real.

Para colocar de pé o plano, porém, o Brasil precisava se organizar também externamente.

Rapidamente, convém lembrar que o plano real foi uma ideia maluca de separar cada uma das funções da moeda.

Tínhamos um meio de troca (o Cruzeiro Real), usado para compra e vender. Uma unidade de conta (a URV), em que cada compra de baseava de acordo com a cotação do dia, e uma reserva de valor (o dólar, uma vez que o Real estava atrelado ao dólar).

Vendo em retrospecto, é difícil dizer como isto tenha funcionado, mas fato que derrotou a hiperinflação.

No meio deste processo, porém, foi preciso renegociar a dívida externa brasileira. E é aí que entra um estagiário de um banco de investimentos do Canadá: Elon Musk.

Basicamente, o Brasil precisava apresentar seu plano aos credores, ou mais especificamente aos EUA.

Em 1992 o secretário do tesouro americano Nicholas Brady, criou um novo tipo de título, que viria a ser conhecido como “bradies“.

Os países que quisessem aderir ao acordo precisavam ou ter seu plano aprovado, ou recomprar parte de sua dívida antiga e trocar pelos novos títulos.

Na prática, os títulos antigos passavam a ser assegurados pelo governo americano, que em função da renegociação, arcaria com os custos de juros e outros encargos, permitindo que os países pagassem apenas a nova dívida, em condições melhores.

Para visualizar melhor, imagine que o país devesse $10 bilhões. O governo americano então lançaria novos títulos, no valor de $5 bilhões, que seriam pagos em prazos bastante mais flexíveis). Como os títulos eram negociados por cerca de $2 bilhões, uma vez que se esperava um calote, fazia sentido pra todo mundo. Pra quem vendia, era grana certa. Pros países, era cortar metade da dívida.

E é aí que a história começa.

Ao contrário da Argentina, cujo plano econômico era bastante elogiado, o plano brasileiro era visto com descrédito. Poucos confiavam que daria certo.

Por conta disso, o Brasil precisou comprar o seu bilhete de entrada para a negociação e pagar a vista.

Foi aí que o Banco Central brasileiro atacou de Trader e foi, discretamente, sem revelar sua identidade, a caça dos títulos antigos para entregar ao governo americano em troca dos novos.

Neste período, os títulos antigos brasileiros (e argentinos), chegaram a ser negociados em cerca de $0.25 para cada $1 de valor de face.

O “problema”, é aquilo que o estagiário Musk percebeu: o governo americano se comprometia a comprar os títulos pagando um valor bem maior, de $0.45.

Musk alegou anos depois que havia recebido do Goldman Sachs, proposta para comprar $10 bilhões em títulos de dívida do Brasil e Argentina.

De posse desta informação, levou ao seu chefe a proposta. O Head da mesa de operações do Bank of Nova Scotia, porém, rejeitou. Acreditava já ter sido bastante penalizado por investir em títulos da dívida latino-americana.

A proposta do “Musk trader” não foi adiante, por sorte dele (afinal, fosse um Trader bem sucedido é possível que não tenha saído para empreender em outras áreas), e por sorte do Brasil, que acabou comprando mais títulos no mercado e convertendo para os bradies.

Estivesse disputando com outros bancos, nossos títulos provavelmente custariam mais do que seria possível pro país pagar na época, inviabilizando a adesão ao plano que limpou o balanço externo brasileiro.

Fomos o único país a além de apresentar e executar um plano, bancarmos nossa negociação com os EUA sem uma colher de chá. Até onde consta, também, o plano Real foi bem sucedido, a despeito de outros banqueiros traders.

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