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Economia

Como a Magalu foi de estrela da bolsa a -73% de queda no ano

Após uma alta superior a 30.000%, a Magalu agora enfrenta uma tempestade perfeita que derruba o seu valor de mercado em 73% apenas neste ano.

Foi em novembro de 2015 que Frederico Trajano, o Fred, assumiu o controle da empresa da família. Na época, a Magalu completava seu terceiro ano na bolsa valendo R$200 milhões.

A partir daquele momento a empresa chegaria a impressionantes R$177 Bilhões em valor de mercado nos próximos 4 anos, em um dos mais bem sucedidos casos de transformação empresarial do país.

Fred, que entrou na empresa em 2000, focou desde o início no e-commerce, tendo estreado na área apenas um ano após o Magazine Luiza lançar sua primeira “loja online”, em 1999.

A preparação para a transição da empresa nos anos seguintes se deu em paralelo com a própria transição do cargo entre sua mãe, Luiza Trajano, e Fred.

Luiza foi CEO da Magalu até 2009, quando deixou o cargo, que passou a ser comandado por Marcelo Silva. Coube a Silva levar a empresa pra bolsa e fazer a ponte com a gestão de Frederico, iniciada em 2015.

Já em 2016, seu primeiro ano como CEO, as vendas do Magalu no e-commerce cresceram 30%, contra uma média de 5% no setor. Fruto de uma estratégia que vinha sendo desenvolvida, com especial aceleração após o IPO da empresa em 2013.

A empresa buscou integrar seus canais de venda físicos, com os canais online, criando uma vantagem nítida com relação aos varejistas puramente focados no online.

Tendo nascido em 1957, a Magalu foi um raro exemplo de companhia nascida analógica que se modernizou por completo para o modelo digital.

Ao longo dos últimos anos, o Magalu passou por um desafio que ainda atormenta empresas como Walmart, a maior varejista do planeta até o início da última década, e que vem sendo superada pela Amazon. 

Investindo em tecnologia e inovando em conceitos de marketing (a Magalu chegou a lançar um perfil no Tinder para dar match com clientes que logo recebiam ofertas promocionais), a empresa viu seu faturamento sair de R$9,5 bilhões em 2015 para R$35 bilhões em 2020.

O salto ganhou um empurrão extra em meio a a pandemia quando a estrutura agressiva de distribuição montada nos anos anteriores garantiu com que as vendas continuassem a ser entregues, mesmo com lojas fechadas.

A Magalu chegou a subir 105% na bolsa em 2020.

Ainda assim, neste ano a empresa amarga uma queda de 73% no seu valor de mercado. As ações, que iniciaram o no valendo R$26, agora são vendidas a R$6,5. 

Para muitos analistas a queda é um “encontro com os fundamentos”, uma vez que a varejista chegou a ser negociada em 210 vezes o seu lucro anual. Agora, em 62,9 vezes o lucro, o valor estaria “mais justo”.

Uma série de fatores entretanto foi fundamental para a queda da empresa neste ano.

O mais nítido, a inflação, reduziu o poder de compra e o consumo das famílias, reduzindo fortemente o ritmo de vendas da empresa.

A inflação, que tem entre suas causas a desorganização das cadeias globais, afetou especialmente produtos que representam o “core” da empresa, como eletrodomésticos. Mesmo a crise dos Chips cobrou seu preço.

Aumentos de preços em petróleo, aço e outras commodities metálicas também cobraram seu preço.

Com menor renda da população e preços em alta, a Magalu teve dificuldade em repassar seus custos, diminuindo sua margem.

Na outra ponta, os juros no país saíram de 2 para 7% em meros 6 meses, o que afeta negativamente a disposição ao consumo, além de elevar a inadimplência, reduzindo a margem financeira da empresa.

A empresa sofreu ainda com uma desconfiança natural em relação a concorrência. Um nome em especial tem ganhado tração: o Mercado Livre.

Além de ampliar fortemente suas vendas, o Meli tem apostado agressivamente na expansão da sua plataforma de pagamentos, o Mercado Pago, que possui margens mais atraentes para investidores. 

Da mesma maneira que a Magalu, o Meli também expandiu pesadamente sua rede logística nos últimos 5 anos, se tornando menos dependente dos correios e garantindo entregas mais rápidas.

Ao contrário do que se espera, a Amazon apresenta um potencial menor de ameaça por aqui, ainda assim, a concorrência de uma maneira geral, “acordou”. 

Com bancos já projetando uma possível recessão econômica em 2022, a Magalu sofre ainda mais os efeitos. O poder de compra das classes C, D e E, tem sido especialmente afetados nas últimas crises, justamente o foco da empresa. 

Menor crescimento, maiores juros, preços em alta. A tempestade perfeita pegou de jeito a empresa “modelo”. 


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