O mundo observa uma das mais importantes guerras entre EUA e China, não é nuclear nem militar, mas sim comercial. No cenário atual, os EUA e a China estão em um grande embate de tarifas para importação. Mas a guerra comercial pode potencializar o surgimento de uma nova era: a do Bitcoin.
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Anteriormente, o mercado reagia às tarifas de 104% impostas pelos EUA sobre bens chineses e a retaliação chinesa e tarifas de 108% sobre produtos americanos.
Nesta semana, Trump anunciou a elevação imediata das tarifas sobre produtos chineses para 125%, classificando a medida como uma resposta à “falta de respeito que a China tem demonstrado aos mercados globais”.
O BlockTrends pontuou anteriormente quem pode ganhar ou perder com esse embate, bem como a maneira que isso afeta o bolso do brasileiro.
Contudo, existe um outro movimento maior ainda, que pode ser a aceleração da adoção global do Bitcoin. A guerra de tarifas traz impactos sobre o dólar e commodities, mas também realça as novas tecnologias como o poder dos ativos tokenizados (RWA) e o próprio Bitcoin.
O que o Bitcoin tem a ver com a guerra comercial dos EUA e China?
Conforme explicou Cauê Oliveira, analista do BlockTrends, em relatório exclusivo para assinantes, o início do fim do dólar pode ter início caso o Federal Reserve ceda a essa pressão e adote uma postura mais acomodatícia, isso intensificaria ainda mais a pressão de baixa sobre a moeda soberana dos EUA.
Portanto, reduções nos juros ou flexibilizações monetárias reduzem o retorno dos ativos denominados em dólar. Em outras palavras, caso os rendimentos de títulos americanos diminuam, eles vão valer cada vez menos.
Desse modo, tornando-os menos atraentes para investidores estrangeiros, de fora dos EUA. Os gringos cada vez menos comprariam a dívida dos EUA. Por consequência, iria desvalorizar ainda mais a moeda americana.
Além disso, e outro trecho deste relatório da plataforma do BlockTrends PRO, Oliveira aponta que se essa flexibilização for percebida como resultado de influência política direta, pode haver uma perda de credibilidade institucional do Banco Central dos EUA, o Fed. Caso o mundo perceba que o Fed amoleceu seu pulso, pode confiar menos na instituição.
Em seguida, neste grande tabuleiro de xadrex, caso o mundo perca a confiança no BC americano, pode haver fuga de capitais, elevação da inflação esperada e enfraquecimento ainda maior do dólar frente a outras moedas e ativos reais.
“No cenário internacional, a adoção desse acordo pode desencadear uma guerra cambial. A partir dela, outros países tentarão evitar a valorização de suas moedas para não perder competitividade. Isso geraria uma volatilidade ainda maior nos mercados financeiros, desorganizando fluxos de capitais e reduzindo a previsibilidade nos negócios internacionais”, explica Cauê Oliveira.
A queda do dólar e a ascenção do Bitcoin pós guerra comercial
Posteriormente, o movimento minaria ainda mais a confiança no dólar como principal moeda de reserva global. Uma moeda forte e estável é essencial para o dólar manter seu status de referência nos contratos internacionais, nas reservas dos bancos centrais e no comércio global.
“Se os EUA começarem a agir deliberadamente para desvalorizar sua moeda, isso poderá acelerar o movimento de diversificação de reservas por parte de países que já vêm reduzindo sua exposição ao dólar, como China, Rússia, Irã e até Brasil em alguns contextos de swap comercial com a China”, avaliou o analista.
Essa perda de confiança no dólar poderia beneficiar ativos vistos como reserva de valor neutra, como o ouro, e, em especial, o Bitcoin. É um cenário onde uma guerra cambial forte enfraquece as moedas fiduciárias e o Bitcoin pode emergir com ainda mais força.
É verdade, o ouro possui longa tradição como reserva diante de incertezas monetárias. Apesar disso, o Bitcoin representa uma alternativa moderna e digital, cuja escassez programada e natureza descentralizada oferecem proteção contra a inflação e a manipulação monetária.
O analista diz ser plausível um cenário onde, se o plano de desvalorização do dólar se concretizar, aconteça uma migração parcial de reservas institucionais e até soberanas para o Bitcoin, como forma de diversificação estratégica.
“Vale lembrar que recentemente o governo dos EUA adotou o bitcoin como ativo de Reserva Estratégica, sinalizando que já estão explorando formas alternativas de protegerem a sua própria dominância num futuro de arranjo global econômico multipolar”, ressaltou.
Uma nova era
Em última instância, o Acordo de Mar-a-Lago representa não apenas uma proposta econômica. Mas uma tentativa de reescrever as regras do jogo global. Subordinando a política monetária americana a objetivos estratégicos e industriais, e desafiando os fundamentos da globalização financeira dos últimos 50 anos.
“Trata-se de uma ruptura com o consenso de Bretton Woods e com a lógica do dólar como bem público global, substituindo esse paradigma por uma abordagem realista, de poder, de influência e de sobrevivência nacional em meio à crescente multipolaridade do sistema internacional”, avalia Cauê sobre a guerra comercial em relatório do BlockTrends PRO.
Para ele, se esse plano avançar, estaremos diante de um novo capítulo na história econômica global, cujos efeitos ainda são imprevisíveis. Mas certamente o bitcoin fará parte crucial deste novo arranjo.
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