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Economia

15 de Agosto, o dia em que o dinheiro deixou de ter valor

Foi em um domingo de 15 de Agosto de 1971 que Richard Nixon anunciou congelamento de preços e o fim do padrão ouro, tornando o dólar completamente sem lastro

Uma fatia de pão vendida na Alemanha em janeiro de 1923 que saia ao preço de 250 marcos, seria vendida em novembro do mesmo ano pelo preço de 200 Bilhões de marcos. 

O caso, que inspirou teses de doutorado e propostas para combater boa parte dos 58 casos de hiperinflação (inflação superior a 50% ao mês), no século 20, ocorreu em função da ocupação do Vale do Ruhr, o coração industrial alemão, por tropas francesas e belgas.

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Os dois países reclamavam o pagamento de dívidas por parte da Alemanha acordadas no tratado de Versailles, que sedimentou a rendição alemã na primeira guerra. Até hoje, as consequências do tratado são apontadas como cruciais para a ascensão do regime nazista no final da década.

Evidente que este caso extremo, pela mera citação, pode suscitar a ideia de um apelo a “Lei de Godwin”, a sentença criada pelo jurista americano Mike Godwin que aponta que invariavelmente, qualquer discussão na Internet resultará em uma analogia ou citação ao nazismo.

Mas este caso, que é apenas o quarto pior caso de hiperinflação na história, atrás ainda da inflação Húngara de 1946, onde os preços subiram em média 207% ao dia, é um lembrete de como a moeda é parte importante da estabilidade social.

Hoje, dia 15, completa-se 51 anos do final de um dos maiores compromissos com essa estabilidade: o padrão ouro.

Decreto publicado por Nixon em 15 de Agosto de 1971, o fim da Padrão dólar-ouro abriu as portas para políticas mais agressivas por parte de governos e Bancos Centrais. O resultado, não demorou a ser sentido.

Nixon relaxou as normas, extinguindo a necessidade de lastro do dólar, como forma de financiar o déficit do Tesouro americano em meio a guerra no Vietnã. 

Na sequência, o excesso de dólares impresso nos EUA durante os anos 70, seria repelido ao redor do mundo com alta de preços. 

Em suma, os Árabes logo notaram que o dólar que recebiam por cada barril de petróleo valia cada vez menos, pois havia mais e mais dólares. O resultado seria uma alta constante do barril durante a década, que saltou de $6 para $35 apenas em 1973, o ano do “primeiro choque do petróleo”. 

Como se fosse pouco, os conflitos no oriente médio e a revolução iraniana, reduziram a oferta de petróleo, o que levou o mundo ao segundo choque do petróleo, em 1979.

Como em um efeito borboleta, a expressão cunhada pelo metereologista Edward Lorenz, resumida como “dadas as consequências, um bater de asas de uma borboleta na Amazônia pode significar um furacão nas Filipinas”, os efeitos do fim dessa estabilidade monetária foram se somando. 

A consequência mais visível, claro, foi a elevação dos preços de combustíveis nos EUA, levando a uma inflação de 2 dígitos no país.

Como reação, o Banco Central americano elevou a taxa de juros também a inimagináveis 2 dígitos.

Deste ano, nasceu a crise da dívida na América Latina. Em resumo, países latino-americanos como o Brasil, haviam se endividado em dólar para financiar grandes obras e um boom de crescimento econômico. Com a alta de juros nos EUA, a conta aumentou.

Por aqui, o resultado foi uma hiperinflação de 13,3 Trilhões de por cento nos 15 anos que antecederam o plano real. 

A década de 80 se tornou conhecida como a “década perdida”, com um PIB praticamente nulo, e queda no PIB Per Capita.

Em suma, os eventos ocorridos neste 15 de agosto levaram a uma deterioração social sem precedentes ao redor do mundo. E ao que tudo indica, continuam a repercutir.

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