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Investimentos

Viramos a Suíça. Brasil agora tem juros zero, menos pra você.

O Copom cortou os juros mas você não perceberá mudança alguma no seu bolso. Na noite de ontem, 06/05, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) derrubou a Taxa Selic em 0,75 pontos percentuais. A Taxa Básica de Juros anual vai para 3% e os Juros Reais, que é a Selic subtraída da […]

O Copom cortou os juros mas você não perceberá mudança alguma no seu bolso.

Na noite de ontem, 06/05, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) derrubou a Taxa Selic em 0,75 pontos percentuais. A Taxa Básica de Juros anual vai para 3% e os Juros Reais, que é a Selic subtraída da inflação, chegou próxima a zero. 

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Apesar disso, não espere que o corte na Taxa Básica de Juros alivie seus juros de cartão de crédito, empréstimo e cheque-especial. O culpado? O vilão de sempre: Spread Bancário.

No Brasil, segundo o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a inadimplência é o principal fator que compõe o spread, explicando, em até 33%, a diferença entre Taxa Selic e os juros praticados pelo mercado de crédito. Além disso, somente 14% do crédito no Brasil é recuperado em casos de falência.

Neste calamitoso cenário no qual se encontra o mercado de crédito no Brasil, nos deparamos com a maior crise internacional dos últimos noventa anos.

A situação é tão séria que, segundo Adolfo Sachsida, Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, em live para a QR Asset,  as medidas fiscais do governo já custaram 4% do PIB e resultaram no maior programa de transferência de renda da história do Brasil.

Com medidas fiscais que, segundo Mansueto Almeida, Secretário do Tesouro Nacional, deverão entregar o maior déficit primário anual da história do país, o governo tenta resgatar a confiança dos consumidores, dos comerciários e dos industriais, que alcançaram nos últimos meses os menores patamares da história, segundo índices elaborados pela FGV.

No entanto, nem mesmo déficits recordes parecem arrefecer a crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus. Restou ao governo recorrer ao principal instrumento utilizado contra crises: política monetária. A redução na Taxa Básica de Juros, porém, é apenas mais um capítulo em uma intensa batalha que vem sendo travada pelo Banco Central, que já injetou R$ 1,2 trilhão em liquidez na economia, apenas no mês de março.

O fato é que a pandemia chegou, a economia parou e estamos em casa. O governo, sem muitos instrumentos fiscais para conter a crise, implora a todos os brasileiros por meio de sua política monetária: gastem e se endividem, depois do vírus cobramos a conta.

Abaixo explicamos como entramos nessa situação, e como podemos sair dela.

O brasileiro não poupa

Não há caminho mais rápido para o desenvolvimento econômico de um país do que aumentar, de forma sustentável, os níveis de poupança das famílias, das empresas e do governo. Um país que não poupa corretamente é um país condenado a níveis médios de renda per capita.

Em economia, costumamos tratar a poupança como idêntica ao investimento. Logo. quanto menor o montante poupado, menor será o nível de investimento realizado pelo país. E é aí que o problema surge. Se a economia continua sufocada demandando uma capacidade de investimento inexistente, poupadores e investidores naturalmente aumentam o custo do investimento: os juros.

Dentre infinitas definições de manuais de economia, os juros podem ser resumidos como um instrumento de remuneração do risco de emprestar o seu dinheiro a terceiros. De forma simples, um país que não poupa detém alto risco de empréstimo, logo, altas taxas de juros.

A realidade é que de todas as variáveis econômicas, a que mais afeta o cotidiano do brasileiro é a ausência de poupança. Um bom exemplo dessa situação foi exposta em uma pesquisa realizada pelo CNDL/SPC. Segundo o estudo feito em janeiro, antes dos impactos severos da pandemia do Coronavírus, 48% dos brasileiros não tinham controle sobre o próprio orçamento pessoal, e, dos 52% restantes, 67% não planejavam os gastos mensais com antecedência.

O problema, no entanto, parece ser ainda mais grave: pesquisas indicavam, antes da pandemia, que 45 milhões de brasileiros estariam completamente desbancarizados. A ferida voltou a ser exposta recentemente, quando multidões se aglomeraram em filas quilométricas, no entorno de agências da Caixa, para receber o auxílio emergencial. Segundo Pedro Guimarães, Presidente da CEF, pelo menos 18 milhões de pessoas que se inscreveram no programa do governo estavam desbancarizadas. 

Políticas do governo podem piorar o cenário

Apesar da redução da Taxa Básica de Juros não necessariamente se traduzir em redução do spread bancário, a classe política brasileira não parece entender ou mesmo querer atacar o problema na raiz. Aqui mesmo no Blocktrends separamos cinco ideias estúpidas do congresso contra o coronavírus. A semelhança entre todas as propostas era a mesma: aumento nos juros de equilíbrio no longo prazo.

Uma medida que já entrou em funcionamento foi a suspensão do cadastro negativo de crédito por 90 dias. Apesar de bem intencionada, a medida tende a deixar informações difusas no mercado de crédito brasileiro e, em meio a crise, pode atrapalhar uma alocação ótima de empréstimos na retomada da economia. Se você incentiva o empréstimo sem avaliação de risco de pagamento, você incentiva, mesmo que sem querer, uma alta nos juros de equilíbrio no futuro.

Outra medida adotada foi a reavaliação de risco de crédito para pequenas e médias empresas, durante o período de 1º de março até 30 de setembro de 2020. A ideia é ampliar a capacidade de endividamento dessas empresas durante a crise do coronavírus. Apesar da ajuda tempestiva, o cenário no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021 deve se tornar tempestuoso às empresas que aceitarem o risco de tomarem grandes empréstimos.

Mais uma medida que entrou em prática foi a suspensão, ainda em março, da cobrança de pagamento de dívidas de pessoas físicas com bancos por 60 dias. Mais um golpe de marketing do que necessariamente uma ajuda prática, a ideia oferece os mesmos problemas de todas as medidas adotadas neste tópico: intervenções no mercado creditício que terão como consequência um aumento colossal nos juros no longo prazo.

Por fim, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) prometeu apresentar uma proposta que congelaria os juros do cartão de crédito e do cheque especial enquanto durar o estado de calamidade pública. Aqui não há nem argumentação. O brasileiro entende muito bem o que acontece quando você congela um preço abruptamente e depois, quando a política falha, decide retomar ao sistema de preços: altas descompensadas e desesperadas nos juros do cartão de crédito e do cheque especial.

O momento de calamidade traz um estresse natural ao mercado creditício. Temos que intervir porque corremos o risco de enfrentar uma tragédia social, mas temos que ter cuidado: as vezes o remédio pode ter efeitos colaterais perigosos.

E como podemos mudar isso?

Não importa quão complexo seja o problema, economistas amam responder, com soluções frias e curtas, os males que enfrentamos há quase 200 anos como nação. A minha resposta de como mudamos isso? Temos que poupar mais. Temos que nos preparar melhor para crises externas. Temos que ter uma economia robusta e pautada na ciência. Aqui abaixo listo algumas empresas que tentam melhorar o cenário no mercado de crédito no Brasil.

A RISPAR, da holding QR Capital, por exemplo, é uma empresa que oferece crédito com colateral em Bitcoin. Funciona assim: você pede um empréstimo na plataforma e, ao invés da empresa checar o seu CPF em cadastros negativos, você oferece um colateral em Bitcoin. É como pedir dinheiro emprestado ao banco e, ao invés de hipotecar sua casa, você hipoteca seus BTCs. O montante fica na plataforma enquanto você vai pagando o empréstimo e, ao final do contrato, os seus Bitcoins são devolvidos.

Segundo Rafael Izidoro, CEO da RISPAR, a empresa vem para desburocratizar o acesso ao crédito no Brasil. “Oferecemos o crédito em menos de 24 horas, com um dos juros mais baixos do mercado, utilizando Bitcoin como garantia”.

Adotar empréstimos que funcionem por meio de instrumentos de custódia de colaterais ajuda a reduzir os juros de equilíbrio de longo prazo. O modelo oferece maior segurança jurídica à empresa que está emprestando e impõe uma accountability mais eficiente ao tomador de empréstimo, que sabe que pode perder seu colateral caso não honre com o compromisso contratual.

Outros exemplos de melhorias do cenário creditício no Brasil são empresas como o SERASA e o SPC, que têm papel imprescindível no funcionamento adequado da economia brasileira. Apesar do cadastro negativo sofrer com uma conotação ruim no país, seria impossível reduzir os juros de cartão de crédito, empréstimos e cheque-especial sem a sinalização adequada de quem pode e quem não pode honrar com suas dívidas.

Mas não apenas isso, o SPC, juntamente a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), é responsável por realizar diversas pesquisas sobre o padrão de endividamento do consumidor, escancarando, por meio da estatística, as melhorias necessárias no sistema creditício brasileiro. Um bom exemplo foi o recente estudo divulgado pelo CNDL que aponta que apenas 68% dos brasileiros pretendem realizar compras neste dia das mães, demonstrando, de forma real, os efeitos que a pandemia do Coronavírus tem na confiança dos consumidores e lojistas.

Uma empresa que luta em outra frente nesta batalha por juros acessíveis é a Mutual. Fintech que funciona como intermediária de empréstimos entre pessoas físicas, a Mutual vem se destacando no mercado brasileiro ao se tornar uma plataforma que oferece avaliações de risco e empréstimos, com juros acessíveis, aos seus usuários. Beneficiada por uma mudança regulatória recente do Banco Central, a empresa, que lidera a categoria, pode se tornar um vetor importante na redução do spread bancário ao irrigar e descentralizar o mercado de crédito.

A realidade da crise se impõe ao brasileiro todo dia. Mal saímos de um descalabro fiscal e monetário e já entramos em outro. A solução do problema da renda média no Brasil parece ser postergado por medidas economicamente populistas que, de tempos em tempos, assolam o nível de poupança e investimento em nosso país.

No fundo, inevitavelmente, seguiremos a ordem do governo: gastaremos, nos endividaremos e, quando a próxima crise creditícia chegar, nos depararemos, quase como o porquinho que constrói a casa de palha, com nossas contas no vermelho. Restará recorrer e torcer que a casa de pedra do porquinho ao lado ainda esteja em pé.

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