Reza a lenda que em 1929, Joseph Patrick Kennedy, pai do futuro presidente americano John Kennedy, o JFK, teria tido uma ideia “genial” ao engraxar seus sapatos, capaz de lhe tornar multi-milionário.
A ideia, no caso, foi a suposição de que no momento em que seu engraxate começava a dar dicas de investimentos em ações ao cliente, haveria ali um sinal de topo. Considerando o impacto do crash de 29 na bolsa, o “shoeshine boy indicator”, ou simplesmente “o indicador do garoto engraxate”, tornou-se uma lenda comum em Wall Street.
Como não poderia deixar de ser, tamanha bobagem elitista encantou operadores de Wall Street, se tornando algo comum nos dias de hoje, apenas variando a figura do homem comum, antes um engraxate e hoje o taxista ou o motorista do Uber, por exemplo.
Fato é que, seja em Wall Street, ou no Brasil, a imensa maioria dos gestores e investidores profissionais não bate o mercado (afinal, se todo mundo batesse o mercado, o retorno do mercado seria maior, em um paradoxo relativamente simples), ainda assim, a mítica de que apenas gestores ou profissionais conseguem enxergar além, permanece.
Agora, uma das figuras mais relevantes do mundo dos investimentos, Nassim Taleb, o autor da “Lógica do Cisne Negro”, parece ter enveredado pelo caminho do shoeshine boy indicator.
Taleb foi categórico:
“Bitcoin é como uma doença contagiosa. Ele se espalhará, se espalhará e seu preço subirá até a saturação, ou seja, todo otário estúpido o suficiente para comprar a história está investindo. Quando todos os otários estiverem envolvidos, a crença predominante fará disso um investimento “óbvio”. Isso é a máxima fragilidade.”
Minutos antes Taleb havia comentado que o topo estava próximo, tendo em vista que pessoas comuns estão investindo em Bitcoin.
De fato, uma pesquisa da Mizuho Securities feita em 2020 apontou que ao menos 10% dos $380 bilhões distribuídos pelo governo americano como estímulo em meio a pandemia, tenham sido investidos em cripto.
De lá pra cá, o mercado cresceu exponencialmente, chegando a $3,3 trilhões, e contando com uma adoção institucional relevante. Nomes como Microstrategy e Tesla compraram bilhões em bitcoin para seus balanços, além de projetos ligados a grandes bancos, como o JP Morgan, Morgan Stanley e outros.
Ainda assim, na crítica do autor, que já foi um entusiasta de cripto, e escreveu o prefácio do Bitcoin Standard (possivelmente o livro mais relevante da área de cripto), o Bitcoin precisa se provar em meio às altas de juros que estão por vir em 2022.
Taleb questiona a tese de investimentos no Bitcoin, que considera o ativo um “Ouro digital”, tendo em vista sua escassez, uma vez que o Bitcoin dependeria de manutenção constante de sua rede, o chamado “hashrate”, e este demande um consumo elevado de energia (basicamente como toda economia mundial).
A ideia de que o Bitcoin seria um desperdício de energia não chega a ser nova, e voltou com força em 2021, quando uma análise sugeriu que o Bitcoin demanda mais energia que um país como a Argentina.
A mudança das operações de mining para países como EUA, saindo da China, ajudou a apaziguar os ânimos, tendo em vista que o Bitcoin utiliza mais energias renováveis que a economia comum.
Taleb mudou radicalmente sua visão sobre o Bitcoin, em uma discussão que, ao que parece, vai muito além do próprio Bitcoin, tornando a discussão um pouco mais política, haja vista discussões em torno da pandemia e vacinação.
É uma revolta compreensível, que culmina em uma vítima sem qualquer responsabilidade direta pela indignação do autor, o próprio autor.
No fim, nada que abale o próprio Bitcoin ou a biografia de Taleb.
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