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Porque Mark Zuckerberg é a pessoa mais odiada do planeta

Sendo o mais jovem bilionário no clube dos $100 bilhões, Mark conseguiu a proeza de ser ainda mais detestado do que a média dos ultraricos, além de tornar sua empresa a mais rejeitada das Big Techs.

Quando foi que o cara que queria ter um bilhão de amigos se tornou a pessoa mais odiada do planeta?

Responder a essa pergunta nem de longe é uma tarefa fácil, e requer alguns pontos bastante subjetivos, mas é preciso começar do início.

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Talvez você mesmo nem odeie Mark Zuckerberg, e tudo bem, você não é uma má pessoa por não participar destes 2 minutos de ódio ao grande irmão, mas ocorre que, de fato, há inclusive comprovação para essa tese.

Uma pesquisa promovida pela GQR encomendada pela Forbes descobriu que Mark é mais detestado do que Donald Trump. Cerca de 56% dos americanos possuem uma opinião desfavorável sobre ele, enquanto apenas 18% possuem uma opinião favorável (contra 56% e 39% de Donald Trump).

A proeza de Mark ganha mais relevância quando lembramos do cenário onde ele está inserido: tecnologia.

Figuras como Elon Musk, Steve Jobs, Jack Dorsey, Jeff Bezos, Bill Gates e tantos outros possuem certa admiração pelo que construíram e pela maneira como impactam o mundo.

Em se tratando de Mark, a situação já começa pela maneira como sua fortuna foi construída.

Em suma, Mark roubou a ideia para sua rede social (até aí ok, afinal uma ideia não executada vale próximo de $0), e no meio do caminho boicotou seus amigos, como Eduardo Saverin, em favor de grandes fundos de Venture Capital.

Mark construiu uma gigante de $1 trilhão com um passado nada admirável.

Mas passado é passado, claro, e o ponto é que os questionamentos sobre sua ética continuaram crescendo tanto, ou mais, do que o próprio Facebook.

De fato, a visão negativa sobre sua pessoa é tão grande que mesmo após doar $75 milhões para um hospital onde sua esposa havia trabalhado como pediatra, o hospital retirou seu nome da ala patrocinada por ele.

Doações filantrópicas, uma prática comum entre bilionários americanos, já incomodaram Jeff Bezos, acusado de “doar pouco”. Jeff, porém, decidiu doar $10 bilhões para combater mudanças climáticas, além de outras doações menores.

Mark, porém, não costuma frequentar páginas de revistas ou jornais pela sua filantropia.

Mas nada disso importa tanto quanto outra questão. I mean, ser um babaca com seus amigos, passar a perna neles, se aliar a fundos de Venture Capital para derrubar e destruir a concorrência, interna e externa não é lá muito legal, mas nada supera a maneira negligente como Mark lida com os problemas decorridos do Facebook.

Por anos o próprio Facebook tem produzido relatórios internos apontando a necessidade de criar um ambiente menos danoso para proliferação de discursos de ódio, por exemplo. Nada que tenha sido considerado relevante para própria rede, que sempre buscou para só uma visão neutra.

Ainda assim, é a maneira negligente como Zuck lida com os dados de usuários que mais chama atenção.

Veja bem, estamos falando de uma empresa que possui dados de 3,5 bilhões de pessoas.

Em abril deste ano, por exemplo, 533 milhões de usuários tiveram seus dados vazados.

É um número considerável, mais de 2 vezes a população brasileira, e cujos dados agora estão em mãos de criminosos.

Da mesma maneira, escândalos como esse ocorreram em função da Cambridge Analytica, a companhia inglesa que usava o Facebook para minerar dados e em seguida direcionar conteúdo político aos usuários, tudo sem ser incomodada pelo próprio Facebook.

Para piorar, há relatórios internos do próprio Facebook que apontam a maneira como os dados tem sido utilizados para provocar determinar reações emocionais que ampliem o uso das redes, e claro, o lucro da empresa (algo no qual a empresa colaborou com outras, como Apple e Amazon, vendendo os dados para ambas).

Zuck possui em suas mãos uma ferramenta analítica onde de bom grado pessoas informam seus endereços de email, telefone, aceitam compartilhar sua localização, seus arquivos pessoais, suas mensagens e tudo o mais.

Trata-se de algo sabidamente perigoso, como o FBI descobriu em outra rede social, o Twitter. Em fevereiro de 2019 um grupo de engenheiros sauditas foram presos acusados de espionar e enviar informações de usuários para a polícia secreta de seu país.

Acredita-se que até mesmo que tenham ajudado no caso do jornalista do Washington Post assassinado na embaixada saudita na Turquia, por meio de localização e outras informações.

Um vazamento de informações por parte do Facebook, ou ainda, quando as informações são tiradas com a anuncia da rede, torna vulneráveis seus usuários, por razões evidentes.

Tamanho poder em uma única empresa é algo de fato preocupante, e cuja solução ainda é incerta (entregar este poder ao governo que espionou até mesmo presidentes por meio da NSA não parece solucionar nada).

Fato é que Zuck continuará tendo de lidar com essa questão, e respondendo sobre as razões de o debate público estar em franca decadência.

Mesmo a velocidade com que mentiras se espalham pelas suas redes é uma questão que cabe ao Facebook atuar.

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