Foi em 17 de março de 1852 que o astrônomo italiano Annibale de Gasparis encontrou um novo corpo celeste que viria a ser nomeado por ele de “Psyche”.
Na mitologia grega, Psyche foi uma mortal, filha de um rei grego, e cuja beleza estonteante era comparada a Afrodite.
Ultrajada, a deusa enviou seu filho, Eros (ou Cupido no seu nome romano), para punir a princesa, fazendo-a se apaixonar por algum plebeu vilanesco.
Eros, porém, se apaixonou por Psyche, dando origem a um dos romances mais conhecidos da história.
A beleza de Psyche 16, o cometa, também tem inspirado humanos dos dias atuais, desta vez na nova corrida espacial. Trata-se de uma enorme rocha de ouro, contendo milhares de vezes mais do metal precioso do que o planeta Terra.
A ideia de minerar asteroides não é lá muito nova. Em 1898 a revista “Edison’s Conquest of Mars”, tratava da exploração mineral de asteroides por Thomas Edison.
Nos dias atuais, a noção de que objetos valendo trilhões, quatrilhões ou quintilhões de dólares estão visíveis e em locais de “fácil acesso” tem movimentado investimentos pesados.
Financiada por Larry Page, o fundador do Google, e com consultoria de James Cameron (o diretor de Avatar), a Planetary Resources é uma das inúmeras empresas dedicadas a buscar maneiras de minerar os corpos celestes.
Na teoria, alcançar recursos raros na Terra como Lítio, Paládio, Ouro ou outros materiais, poderia catapultar o desenvolvimento humano.
Na prática, a barreira ainda é um tanto quanto elevada.
A questão, porém, não é tanto tecnológica. De fato, a mineração de um asteroide já foi feita, antes mesmo da existência do iPhone. Em 2005, a agência espacial japonesa lançou a missão Hayabusa, pousando no asteroide Itokawa.
O valor até o momento tornaria inviável minerar até mesmo materiais fictícios como o vibranium, com custo de $10 mil por grama (na prática, o escudo do capitão América pesando 5,5kg de Vibranium custaria metade de uma grana minerada no espaço).
Uma nova missão, desta vez da NASA, prevê extrair 60g de um outro cometa a um custo de $13 milhões por grama.
Ainda assim, comparar custos de agências estatais não parece o melhor a se fazer.
A esperança no caso, vem do setor privado e sua insistência em reduzir custos.
Na prática, empresas como a SpaceX já conseguiram reduzir em 90% o custo de lançamento de um foguete.
O que antes custava $59 mil por Kg enviado ao espaço, agora pode ser feito por $5,7 mil
Os $5,7 mil de custos por Kg lançados pelo Falcon9, da SpaceX, começam a tornar viável a exploração de elementos como Paládio, cujo preço hoje em está $39 mil por Kg.
A matemática ainda está longe de fechar, afinal, sair da órbita da terra não é o único custo que a mineração precisaria cobrir.
Seria necessário ultrapassar barreiras como a relação entre oferta e demanda.
Dobrar a oferta de minerais extremamente raros significaria reduzir significativamente seu preço.
Ainda que os preços tendem a subir na medida em que tecnologias dependentes de baterias se tornem mais dominantes (como veículos elétricos), é provável que a busca por substitutos se torne mais barata do que a mineração espacial em si.
Quando um material se torna escasso, há maiores incentivos para buscar alternativas, o que com aumento de produtividade, torna essa mineração pouco necessária.
Como o ouro demonstra, quando há aumento no preço, a oferta tende a subir, uma vez que determinadas minas na terra se tornam mais comercialmente viáveis.
Nos últimos 100 anos, a produção de ouro saiu de 710 toneladas para 3,5 mil toneladas anuais. Melhora de tecnologia e preços mais atrativos foram os maiores propulsores (de fato, ao contrário do mito, o ouro é um material abundante no planeta. Minerar no espaço não faria sentido)
Ainda assim, mesmo que minerar materiais para utilizar aqui no planeta Terra seja algo inviável por algumas boas décadas (ou séculos), há um outro caminho para a mineração espacial: construir no espaço.
Lançar uma garrafa de água aqui da Terra, pode custar até $2,5 mil no voo mais barato existente.
Minerar no espaço, porém, acaba saindo muito mais barato, afinal, os custos de lançamento se tornam extremamente menores.
Essa tem sido a aposta, por exemplo, da China com a missão de produzir energia na Lua.
Água e outras fontes de energia necessárias à exploração espacial são abundantes em corpos celestes, e podem tornar a colonização espacial uma realidade.
O problema, claro, é que não existe um mercado para colonização espacial. E ao que tudo indica, este mercado não deve ter qualquer cálculo econômico por um bom tempo, uma vez que acabará repleto por questões geopolíticas de início.
Resolver problemas geopolíticos na Terra, seria um caminho mais razoável para essa utopia de mineração.
Com trilhões de dólares em minerais essenciais, países como a República Democrática do Congo, poderiam impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias por aqui de maneira muito mais rápida do que uma missão futurista.
O fato de que pode ser mais barato buscar cobalto em um asteroide do que chegar a um acordo com mineradores chineses que dominam 60% das minas no Congo, só mostra que nossos problemas são um pouco mais difíceis do que futilidades como acertar uma sonda de 10m em um corpo celeste a 670 milhões de Km’s se movendo a 175 mil Km/h.
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