Foi em outubro de 2007 que Meredith Whitney lançou seu relatório alertando que o mercado imobiliário americano enfrentava uma anomalia nunca antes vista.
Como inúmeros outros céticos, Meredith apontava que o preço das casas se mantinha em uma trajetória insustentável. A diferença, porém, é que Meredith ocupava uma posição em um banco de Wall Street, o Citigroup, e não em um fundo.
Causou furor portanto que alguém “de dentro”, lançasse dúvidas sobre um modelo de negócios que rendia lucros, e bônus, bilionários aos bancos de investimentos americanos, os subprimes.
Neste exato momento, o Brasil vivia sua euforia com o mercado de capitais. Os IPOs das empresas X, de Eike Batista, ocupavam as manchetes em diversos jornais e revistas, mostrando a pujança do mercado.
Um anos após o relatório de Meredith, em 13 de outubro de 2008, a quebra do Lehman Brothers, deflagaria a crise.
Em meio ao caos do mercado, o Ibovespa mergulhou junto.
IPOs foram cancelados, o mercado entrou em uma espiral de vendas, e levou o preço das ações para o menor nível já registrado até então: 5,7 vezes.
Na prática, o índice “Preço/lucro”, é um indicador que aponta o quanto tempo uma empresa demora para gerar o seu valor de mercado em lucros.
É uma métrica comum e bastante relevante do mercado, tratada como “regra de ouro” por investidores como Warren Buffett.
Sua variação brusca, porém, pode ocorrer pelas duas vias. Seja por resultados negativos e prejuízos relevantes, ou pela desvalorização das ações.
No caso mais recente, em Dezembro de 2020, as ações brasileiras viram seus resultados mergulharem fundo em um ano de pandemia.
Para o mercado, a confiança de que tudo passaria rápido levou a um Ralli, que fez o Ibov superar os 100 mil pontos.
Entre janeiro e outubro de 2021, a confiança diminuiu, assim como os resultados das empresas melhoraram (como previsto antes).
Pode parecer contraditório, mas no momento em que as empresas entregam lucros muito acima do esperado, a confiança começa a diminuir. Não no passado, claro, mas no futuro.
Neste período o Ibov saiu de 21,9 vezes o lucro para 6,1. O número atual é o menor já visto desde outubro de 2008.
Ao contrário dos Estados Unidos, onde os recordes do mercado tem sido constantes, no Brasil a incerteza sobre o cenário fiscal, e principalmente sobre a inflação, tem pesado.
Empresas de varejo são de longe as mais afetadas. Conforme a inflação atual supera os 10% em 12 meses, as empresas sofrem com a queda do poder de compra da população.
Na mesma linha, a alta da inflação força o Banco Central a elevar os juros, o que por sua vez aumenta o custo das empresas no futuro.
A combinação que já era fatal, ganha um toque ainda pior, uma vez que a tentativa de aprovar a PEC dos precatórios leva incerteza sobre o cenário fiscal.
Com renda menor das famílias, custo maior das empresas e incerteza sobre o cenário macro, o Ibov amarga perda de 14,08% em reais.
Quando comparado em dólares, o Ibov saiu do recorde de 44.616 pontos em Maio de 2008 para 18,284 hoje.
A queda de 59,02% em 13 anos, porém, pode significar que a bolsa brasileira está barata. O problema, claro, é o quão mais barata pode ficar.
$100 de bônus de boas vindas. Crie sua conta na melhor corretora de traders de criptomoedas. Acesse ByBit.com