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Economia

Ibovespa está no seu menor preço desde 2008

A relação entre o lucro e o preço das empresas despencou de 21,9 para 6,1 vezes entre janeiro e outubro de 2021, número quase tão baixo quanto em meio a crise de 2008.

Foi em outubro de 2007 que Meredith Whitney lançou seu relatório alertando que o mercado imobiliário americano enfrentava uma anomalia nunca antes vista.

Como inúmeros outros céticos, Meredith apontava que o preço das casas se mantinha em uma trajetória insustentável. A diferença, porém, é que Meredith ocupava uma posição em um banco de Wall Street, o Citigroup, e não em um fundo.

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Causou furor portanto que alguém “de dentro”, lançasse dúvidas sobre um modelo de negócios que rendia lucros, e bônus, bilionários aos bancos de investimentos americanos, os subprimes.

Neste exato momento, o Brasil vivia sua euforia com o mercado de capitais. Os IPOs das empresas X, de Eike Batista, ocupavam as manchetes em diversos jornais e revistas, mostrando a pujança do mercado.

Um anos após o relatório de Meredith, em 13 de outubro de 2008, a quebra do Lehman Brothers, deflagaria a crise.

Em meio ao caos do mercado, o Ibovespa mergulhou junto.

IPOs foram cancelados, o mercado entrou em uma espiral de vendas, e levou o preço das ações para o menor nível já registrado até então: 5,7 vezes.

Na prática, o índice “Preço/lucro”, é um indicador que aponta o quanto tempo uma empresa demora para gerar o seu valor de mercado em lucros.

É uma métrica comum e bastante relevante do mercado, tratada como “regra de ouro” por investidores como Warren Buffett.

Sua variação brusca, porém, pode ocorrer pelas duas vias. Seja por resultados negativos e prejuízos relevantes, ou pela desvalorização das ações.

No caso mais recente, em Dezembro de 2020, as ações brasileiras viram seus resultados mergulharem fundo em um ano de pandemia.

Para o mercado, a confiança de que tudo passaria rápido levou a um Ralli, que fez o Ibov superar os 100 mil pontos.

Entre janeiro e outubro de 2021, a confiança diminuiu, assim como os resultados das empresas melhoraram (como previsto antes).

Pode parecer contraditório, mas no momento em que as empresas entregam lucros muito acima do esperado, a confiança começa a diminuir. Não no passado, claro, mas no futuro.

Neste período o Ibov saiu de 21,9 vezes o lucro para 6,1. O número atual é o menor já visto desde outubro de 2008.

Ao contrário dos Estados Unidos, onde os recordes do mercado tem sido constantes, no Brasil a incerteza sobre o cenário fiscal, e principalmente sobre a inflação, tem pesado.

Empresas de varejo são de longe as mais afetadas. Conforme a inflação atual supera os 10% em 12 meses, as empresas sofrem com a queda do poder de compra da população.

Na mesma linha, a alta da inflação força o Banco Central a elevar os juros, o que por sua vez aumenta o custo das empresas no futuro.

A combinação que já era fatal, ganha um toque ainda pior, uma vez que a tentativa de aprovar a PEC dos precatórios leva incerteza sobre o cenário fiscal.

Com renda menor das famílias, custo maior das empresas e incerteza sobre o cenário macro, o Ibov amarga perda de 14,08% em reais.

Quando comparado em dólares, o Ibov saiu do recorde de 44.616 pontos em Maio de 2008 para 18,284 hoje.

A queda de 59,02% em 13 anos, porém, pode significar que a bolsa brasileira está barata. O problema, claro, é o quão mais barata pode ficar.

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