Responsável por sediar a reunião do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, o Brasil deve aproveitar a oportunidade para apresentar uma proposta de um novo imposto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende que seja criado um imposto global de 2% sobre o patrimônio total dos bilionários. Não há detalhes, entretanto, de quais faixas de renda seriam atingidas.
A proposta, antes mesmo de ser formalizada, foi rejeitada pela secretária do Tesouro americana, Janet Yellen.
Yellen, que defende outro imposto global sobre corporações, acredita que taxar o patrimônio globalmente seria ir “longe demais”.
Mas quanto renderia este imposto?
Cálculos preliminares indicam que um imposto de 2% poderia render US$ 250 bilhões, valor que equivale a cerca de 1% da arrecadação dos governos do G20.
No Brasil, por outro lado, o imposto poderia arrecadar em torno de R$ 20 bilhões anuais. Esse valor equivale a um mês de déficit primário em 2023 ou a quatro meses do déficit projetado para este ano. Além disso, em outra comparação, o valor representa aproximadamente 12 dias do que o governo brasileiro gasta com juros da dívida.
Apoio tímido
A proposta conta até o momento com poucos apoios entre os países ricos. O Ministro das finanças da França, Bruno Le Maire, é um dos poucos a declarar apoio.
Na prática, boa parte dos países europeus, incluindo a França, abandonou a ideia de um imposto sobre o patrimônio justamente pelas evidentes rotas de escape que bilionários usam para transferir sua riqueza e evitar impostos sobre herança, por exemplo.
Bilionários como o fundador da Ikea, e homem mais rico da Suécia, doaram todo seu patrimônio a uma fundação, controlada por ele próprio, além de mudar seu endereço fiscal para a Suíça.
A estratégia de um imposto global visa combater essas rotas de escape.
Déficit dos EUA ajuda bilionários
Yellen tem, neste momento, uma preocupação maior. O déficit do governo americano já se aproxima de US$ 2 trilhões ao ano. O imposto proposto por Haddad, portanto, não teria grande impacto nas contas do país.
Esse valor pode, eventualmente, forçar o FED, o Banco Central americano, a reduzir os juros nos EUA para evitar um colapso da dívida americana.
Consequentemente, essa redução de juros implica em uma maior liquidez no mercado, o que, por sua vez, eleva o valor de mercado das empresas de tecnologia, impulsionando a fortuna dos bilionários.
Além disso, outros ativos escassos, como o Bitcoin, também tendem a se beneficiar dessa queda de juros.
No Brasil, contudo, o efeito é diverso. O déficit público força um aumento nos juros, o que, por sua vez, remunera os títulos públicos.
O efeito sobre o valor de mercado das empresas é mais tímido, pois nossas maiores empresas possuem múltiplos menores, sendo ligadas a setores como commodities e finanças. Consequentemente, essas empresas crescem de forma mais tímida em comparação às empresas de tecnologia.
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