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Economia

Há um índice de inflação em 23% neste ano. Isso é o que você precisa pra se proteger

“Pão é trigo, trigo é dólar”. Em suma, a alta do dólar e o seu efeito na inflação brasileira poderia ser traduzida de maneira tão simples quanto essa. Poderia, é claro, não fossem as chamadas “externalidades”.  Embarque em mais de 150 horas de conteúdo exclusivo sobre o universo das criptomoedas e blockchain na Plataforma BlockTrends. […]

“Pão é trigo, trigo é dólar”. Em suma, a alta do dólar e o seu efeito na inflação brasileira poderia ser traduzida de maneira tão simples quanto essa.

Poderia, é claro, não fossem as chamadas “externalidades”. 

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Não é difícil perceber que se nossa moeda perde valor diante do dólar, os produtos cotados em moeda norte-americana se tornam mais caros no Brasil, como o trigo e todas as demais commodities (produtos cuja produção não se diferencia por marca ou outras peculiaridades, como petróleo, produtos agrícolas e minérios).

Ilan Goldfjan, ex-presidente do Banco Central brasileiro, costuma mencionar que uma alta do dólar gera um impacto de “10% na inflação”. Em outras palavras: uma desvalorização de 40% da moeda brasileira deveria gerar 4% de inflação.

O fato de estarmos em uma recessão com um consumo completamente diferente ajuda a explicar os motivos dessa regra não estar se cumprindo à primeira vista.

Para entender as razões, basta distinguir o que é inflação (aumento generalizado de preços e desvalorização da moeda), e “índice de inflação”.

Índice de inflação é um conjunto de bens e serviços que, em certa medida, tenta capturar aquilo que um determinado grupo consome.

O mais famoso deles, o IPCA, que mede a inflação direta para o consumidor, incluí bens e serviços como alimentação, aluguel, energia, saúde e educação.

Este índice é constantemente atualizado pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que mede o que as famílias brasileiras consomem.

De tempos em tempos o índice muda, tirando DVDs e incluindo mensalidade da Netflix, por exemplo. O objetivo é se tornar o mais realista possível para as famílias e com isso ajudar o país a ter metas e saber como está indo a inflação.

Há porém uma outra série de índices. O IGP-M, também chamado de “Índice do Aluguel”, talvez seja o mais conhecido dentre estes indicadores alternativos.

E é justamente ele que está em seu recorde nos últimos 17 anos. Quase encostando em 30% (26% para ser mais exato).

O motivo? O IGP-M inclui outros três índices. O índice da construção civil, que está em 7%, o índice de preços ao consumidor, que está em 6%, e o índice de preços ao atacado que está em 26%.

Tudo junto, em uma proporção de 10/30/60, e o resultado é o IGP-M.

O que está causando a alta do IGPM

O choque gerado pelo Coronavírus tem alterado a dinâmica da economia mundial. Há uma série de mudanças em curso, claro. Algumas delas menos perceptíveis, como um aumento de demanda por alimentos.

Boa parte da população mundial recebeu algum estímulo para comprar bens e serviços durante a Pandemia (como o auxílio emergencial por aqui), e isto se converteu em consumo de bens como alimentos.

Não por coincidência o varejo brasileiro já retomou seu nível de vendas de antes da Pandemia.

A redução da oferta também impactou, claro. Há menos pessoas produzindo, restrições por toda a parte, o que termina levando a um choque nos preços.

Um outro fator porém pesou muito mais do que o esperado. A massiva impressão de dinheiro pelo mundo para manter a economia aquecida durante a crise gerou um desgaste em relação a boa parte das moedas.

Países emergentes ficaram ainda mais endividados, e sem condições de se financiar de maneira adequada.

Um país como o Brasil, por exemplo, colocou na economia o mesmo que a Alemanha em termos de pontos percentuais do PIB. Foram 9% do PIB em injeção direta de recursos.

A fragilidade da situação no Brasil espantou investidores, fazendo do Real a segunda moeda que mais perdeu valor no mundo. 

Ironicamente, os Estados Unidos foram o país que mais imprimiu dinheiro, em valores nominais. O que se poderia esperar, como uma fuga de recursos de lá, não apenas não ocorreu, como o contrário acabou acontecendo.

Diante da enxurrada de recursos novos no mundo, a juros quase zero, a economia americana foi inundando de recursos buscando “proteção”.

Os juros zero (o que significa que os juros são iguais ou menores do que a inflação), se tornou uma realidade até no Brasil. Por aqui a Selic está em 2%, enquanto o índice de inflação está em 3%.

Fosse você um investidor internacional, manteria seus recursos no Brasil? A resposta é muito provavelmente não. O risco não compensa.

Há um outro lado dos índices que você deveria ficar de olho

Tudo isso acarretou em uma série de mudanças. Não apenas os juros foram reduzidos, o que diminui o custo para empresas e para quem possui garantias pra tomar recursos (como alguém que está comprando um imóvel por exemplo), como também a inflação “mudou de lugar”.

Como boa parte dessa grana não foi pra economia real, pro bolso das famílias, ela acabou indo parar na bolsa, ou na compra de bens como imóveis. Isso cria uma espécie de “inflação de ativos”. 

Uma inflação de ativos significa que algo que seu dinheiro continua comprando alimentos, eletrônicos e bens do dia a dia, em uma proporção não muito diferente, mas ele compra cada vez menos imóveis, terras, ações ou Bitcoins.

Todos os ativos sobem, fazendo com que os que já possuem dinheiro acumulem mais ainda, e a parcela que depende do próprio salário para pagar as contas fique com a dificuldade cotidiana.

O IPCA que aparece no jornal nacional não vai lhe falar isso. Você dificilmente perceberá essa inflação ocorrendo, talvez porque sequer invista na bolsa (ou mesmo não ache isso relevante), mas cada vez mais aqueles que entenderem essa questão irão acumular patrimônio.

E o que isso muda no meu bolso?

O IGP-M dá algumas pistas. A primeira e mais óbvia é que este aumento de valor nas commodities agrícolas será uma hora ou outra repassado para você. Não faria sentido para o produtor vender carne, soja ou algodão para o exterior por 40% mais, e manter o preço pra você, apenas porque ambos são brasileiros.

O segundo é em relação aos custos de construção. A inflação do setor está bem acima do geral. Isso pode pesar no seu aluguel, afinal, imóveis tendem a se valorizar.

Na medida em que a taxa de juros cai, financiar um imóvel se torna mais fácil. Como a oferta não nasce do dia pra noite e a procura aumenta, os custos vão subindo. Em dado momento ficará difícil encontrar mão de obra, em outro as empresas vão aproveitar a alta demanda e aumentar suas margens, e assim por diante.

No fim das contas, isso vai refletir no seu aluguel, ainda que você convença o seu locatário a não reajustar pelos 26% do IGP-M neste momento.

Lutar por uma moeda forte que não se deteriore em função da inflação foi um dos maiores desafios do Brasil. Isso ocorre não apenas porque a inflação é um imposto sobre os mais pobres, mas também porque uma desvalorização da moeda tende a fazer com que um determinado grupo (os exportadores), se aproprie de parte da riqueza da sociedade.

Por apropriação, claro, não estou falando de bem e mal. Esqueça isso. São apenas negócios. Se há um chinês disposto a pagar 1 dólar por 1 tonelada de soja, o mínimo que se espera é que o brasileiro pague o mesmo. Se o seu salário caiu em dólar no último ano, não é um problema do agricultor.

Por sorte você agora sabe que não dá pra esperar bondade e que o mundo gire ao seu favor. É possível entender o que está rolando e proteger o seu patrimônio. Boa sorte.

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