
Uma investigação conduzida pela organização Humanity Research Consultancy (HRC) revelou uma rede de golpes envolvendo cripto no Camboja, que teria movimentado impressionantes US$ 19 bilhões. Para efeitos de comparação, o valor é equivalente a cerca de 50% do PIB do país, quase 60%.
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O relatório aponta que altos funcionários do governo cambojano, incluindo membros da elite política, estão diretamente ligados a essa operação criminosa. A rede criminosa utiliza trabalho forçado e plataformas de cripto para lavar dinheiro e fraudar vítimas em escala global, diz relatório. A denúncia expõe como o Camboja se tornou um epicentro de crimes cibernéticos transnacionais.
A rede de golpes e o papel do Huione Group
O cerne da operação criminosa é o Huione Group, uma empresa identificada pela HRC como a infraestrutura central de um “império de golpes verticais integrados”.
O Huione Group opera plataformas como o Huione Guarantee, um serviço de escrow baseado no Telegram. A plataforma teria processado mais de US$ 24 bilhões desde 2021, segundo o Departamento do Tesouro dos EUA.
Além disso, essas plataformas são usadas para movimentar fundos ilícitos. E frequentemente utilizam stablecoins para evitar a supervisão financeira tradicional.
Entre os nomes citados no relatório está Hun To, primo do primeiro-ministro Hun Manet, que ocupa um assento no conselho do Huione Group. Outro envolvido é Sar Sokha, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, acusado de ser co-investidor em um dos maiores complexos de golpes do país.
Esses “scam compounds”, complexos onde traficantes forçam vítimas de tráfico humano a trabalhar, tornaram-se notórios no Camboja. Desse modo, atraindo dezenas de milhares de pessoas com falsas promessas de empregos bem remunerados.
O modo operandis
A rede de golpes opera em várias frentes, combinando tráfico humano, tecnologia cripto e corrupção política. Anúncios de empregos falsos, prometendo altos salários e benefícios, atraem vítimas, muitas vezes de países vizinhos como Vietnã e Tailândia.
Ao chegarem ao Camboja, traficantes confinam as vítimas em complexos fortemente vigiados e as forçam a trabalhar em esquemas de fraude online.
Esses esquemas incluem:
- Fraudes de Investimento: Vítimas são obrigadas a criar perfis falsos em redes sociais e aplicativos de namoro para atrair investidores com promessas de retornos altos em criptomoedas.
- Golpes de E-commerce: Sites falsos oferecem produtos a preços baixos, mas nunca entregam as mercadorias.
- Esquemas de Empréstimos: Falsas ofertas de empréstimos sem juros enganam vítimas desavisadas.
Os lucros gerados são lavados por meio de plataformas como o Huione Guarantee, que utiliza stablecoins para movimentar bilhões de dólares sem deixar rastros. Um relatório da Chainalysis revelou que mais de US$ 49 bilhões em transações cripto no Camboja estão ligados ao Huione Group.
Além disso, a HRC estima que 24 bilhões de dólares em exportações do Camboja, e 19 bilhões em importações, estejam relacionados a essa economia de golpes, representando uma fatia significativa do comércio do país.
A conexão do golpe cripto com o governo da Camboja
O envolvimento de altos funcionários do governo é um dos aspectos mais alarmantes da investigação. O relatório da HRC aponta que membros do Partido Popular do Camboja (CPP), que governa o país há décadas, não apenas toleram, mas lucram com a rede de golpes.
Hun To e Sar Sokha são apenas a ponta do iceberg: a HRC alega que a corrupção é “sistemática e insidiosa”, com o governo fornecendo proteção aos operadores dos complexos de golpes.
Apesar das denúncias, o Camboja não prendeu nenhum grande figurão envolvido. Um artigo do The New York Times de 2023 já havia destacado como a polícia local raramente investiga esses complexos, devido a um sistema de patronagem que protege os criminosos.
Desse modo, em resposta às acusações, o governo cambojano bloqueou 16 exchanges de criptomoedas, incluindo gigantes como Binance e Coinbase, em uma tentativa de melhorar sua imagem internacional.
No entanto, analistas consideram a medida insuficiente, já que apenas duas empresas receberam autorização a operar, e nenhuma delas pode converter criptoativos em moedas locais ou estrangeiras.
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