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Estados Unidos querem pagar $18 mi a médicos venezuelanos, mas Maduro veta.

A crise social na Venezuela já dura quase uma década. Sem guerras ou conflitos armados, o país ruiu na mão de um ditador. Agora, durante a Pandemia, a crise ganha contornos sanitários dramáticos. Dom Quixote de la Mancha foi um herói atípico para sua época. Apegado aos costumes feudais, tentava ser um cavalheiro em uma […]

A crise social na Venezuela já dura quase uma década. Sem guerras ou conflitos armados, o país ruiu na mão de um ditador. Agora, durante a Pandemia, a crise ganha contornos sanitários dramáticos.

Dom Quixote de la Mancha foi um herói atípico para sua época. Apegado aos costumes feudais, tentava ser um cavalheiro em uma Europa de uma nascente burguesia. O fato curioso é que, toda vez que Dom Quixote encontrava algum produto caro, exclamava em seu mais carregado castellano: “¡Esto vale un Potosí!”

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A referência óbvia era para cidade de Potosí, na Bolívia, lar da Casa Real de la Moneda, fundada em 1572. Foi naquela região dos Andes que, cinquenta anos antes, o espanhol Francisco Pizarro assassinava à sangue frio os guardas do último imperador Inca, Atahualpa. O crime do imperador Inca? Dizer, sem compreender ao certo, que seus vastos domínios detinham quantidades nunca antes vistas de prata, ao menos não por olhos europeus.

E foi com esse fascínio pelo segundo metal mais precioso do mundo moderno que os espanhóis iniciaram a dominação sobre a parte do continente americano que lhes cabia. Como empreitadas de colonização costumam custar uma grana, o Rei logo tratou de estabelecer uma moeda comum, lastreada na prata, o Peso.

O nome da moeda era em referência ao peso, em prata, que cada Moeda Real deveria ter: 25.56 gramas. Sim, muito antes das treze colônias adotarem a âncora das expectativas econômicas globais, o dólar, era o Peso quem reinava no continente americano como reserva de valor.

No entanto, o grande defeito de qualquer moeda mercadoria é a inabilidade de tangenciar a escassez do metal precioso. Quando os espanhóis descobriam muita prata: hiperinflação. Quando passavam décadas sem novas jazidas: contração econômica.

Claro que este não é o único motivo para explicar porque a América Latina sofreria com graves crises institucionais pelos cinco séculos vindouros. Mas ajuda a ilustrar a história da região: plenamente rica em recursos naturais, no entanto, tão pobre em construir instituições que gerem riqueza intergeracional.

Maduro bloqueia a ajuda americana

A AirTM é a maior casa de câmbio digital da América Latina. Pouco conhecida no Brasil, ao menos por enquanto, o slogan da empresa traduz o eterno tango monetário da região: “Sua conta em Dólar: utilizando taxas de câmbio realistas e sem restrições locais”.

O fato é que a casa de câmbio digital mexicana, apoiada pela Coinbase, maior exchange de criptoativos dos Estados Unidos, foi eleita pelo governo norte-americano para redistribuir U$18 milhões que foram recuperados da corrupção do governo venezuelano. A ideia de Trump era redirecionar esse dinheiro aos 62 mil trabalhadores de saúde da Venezuela.

Como já era esperado, a ideia foi mal recebida pela Ditadura de Maduro que ensaiou um embargo aos pagamentos para enfermeiros e médicos venezuelanos. Restou a Juan Guaidó, líder da oposição no país, e uma espécie de Presidente paralelo, articular outras formas de fazer esse dinheiro chegar na mão de quem precisa.

A solução de Guaidó foi simples: a  AirTM opera uma rede P2P resistente à censura na Cidade do México, onde seus usuários, principalmente venezuelanos, transacionam há anos bolívares por bitcoins e dólares.

Após o governo Maduro bloquear o acesso à AirTM de dentro da Venezuela, diversos ativistas pró-democracia começaram a criar recursos educacionais e soluções simples, para burlar o embargo de Maduro, e permitir o saque aos profissionais da saúde.

Essa desobediência civil positiva inaugura um movimento que vem sendo observado em diversos países da América Latina: a”Criptodolarização” e a “Bitcoinização”.

E é nesse momento que você se lembra que, ainda em dezembro de 2017, Maduro anunciou o Petro, o primeiro “criptoativo” estatal. O que aconteceu com ele nesse cenário de crise? 

Como te contamos aqui no BlockTrends, a Venezuela, mesmo tendo uma das maiores reservas de petróleo do mundo, não tem mais espaço fiscal para extrair a commodity e refiná-la. O Petro, apesar de ser construído a partir de uma tecnologia descentralizadora por design, tem seu lastro na produção de petróleo da PDVSA, estatal venezuelana de óleo e gás. Logo, o Petro não pode ser classificado como um criptoativo, tendo em vista que seu preço é ancorado em uma mercadoria que tem escassez controlada por funcionários corruptos.

Isto sim é a América Latina por design

Para finalizar o engodo do Petro, a Venezuela apenas utiliza o criptoativo para pagamentos de funcionários da máquina estatal pró-Maduro. E aos demais venezuelanos? Sobra a hiperinflação do Bolívar, ou a construção de reservas de valor fora do país socialista.

O ponto é que, à medida que tecnologias de descentralização financeira (DeFi) avançam, práticas de finanças offshore (OffFi) começam a serem adotadas em larga escala. De acordo com a própria AirTM, o usuário médio de sua plataforma não é o desenvolvedor de contratos inteligentes ou algum especulador habituado com Forex, mas sim trabalhadores de classe média e baixa, em países como a Venezuela e Argentina, que buscam apenas preservar suas riquezas. Dez dólares por vez, sempre que possível.

Quando calabouços monetários, outrora murados, desmoronam frente às novas tecnologias, como a blockchain, um mundo de possibilidades volta a ser aberto aos cidadãos de regimes autoritários. Enquanto Maduro brinca de Ditador, os venezuelanos lentamente estão derrubando o principal pilar de qualquer Estado: sua moeda nacional.

Quem sabe, apenas assim, a adorada terra do Napoleão dos Trópicos deixará de lado o quixotesco “¡Esto vale un Potosí!” e, em um futuro mais livre, retornará ao clássico bordão venezuelano em Miami: “¡Dame dós!”.

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