A invasão da Ucrânia pela Rússia mostra um mundo interconectado e efeitos dos mais inimagináveis, como a redução de exportações que pode encarecer até o pão francês.
Foi em 2014 que em meio a uma visita a uma escola de ensino fundamental, Barack Obama causou um dos incidentes diplomáticos mais surrealistas de que se tem notícia, ao comentar a invasão da Criméia referindo-se como “The Ukraine”, para falar da Ucrânia.
Logo após a questão, ucranianos foram aos canais de TV corrigir Obama e mencionar que “The Ukraine”, “A Ucrânia”, era uma referência errada, dado que este foi o nome dado pelos soviéticos para se referir “a região da Ucrânia”, ou “A região das terras de fronteira”.
Se você não entendeu o problema, é plenamente compreensível, pois trata-se de uma questão política local. Como a Ucrânia é um país independente desde 1991, o uso da denominação soviética tem gerado debates, uma vez que refere-se a uma visão russa que, em essência, nega a existência de uma Ucrânia independente.
Da mesma maneira, Kiev também têm sido um termo questionado, dado que se trata de uma denominação russa para Kyiv.
Questões etimológicas à parte, a invasão russa tem gerado implicações para além da geopolítica, e mostrado que, de certa forma, todos os conflitos atuais são globais.
De um lado, a Rússia como segundo maior produtor de petróleo do mundo impacta o preço do petróleo, que já beira os $110 dólares, o maior valor desde 2013.
Na outra ponta, a Rússia bagunça a já cambaleada cadeia de suprimentos globais, que ainda se recupera dos efeitos da COVID.
O território ucraniano é, de longe, o território mais fértil da Europa. E ao que tudo indica, fazer o plantio de grãos neste ano será uma tarefa inviável.
Com um território de 606 mil km2, a Ucrânia possui uma produção de 74 milhões de toneladas de grãos, um pouco maior do que as 65 milhões de toneladas produzidas no estado do Mato Grosso, ainda assim, é o maior produtor da europa, responsável 30% da produção de cereais no continente.
E a questão, claro, não se limita à própria Ucrânia.
Rússia e Ucrânia produzem juntos 14% do trigo no mundo, e são responsáveis por 29% das exportações, bem como 17% do milho e 76% do óleo de girassol, o que pode encarecer óleos vegetais como um todo.
A quebra de safra, porém, não é o único problema. A Rússia, e a Bielorússia, a ditadura linha auxiliar de Vladimir Putin, são grandes exportadores de fertilizantes, e com restrições de exportação, além de sanções econômicas, já anunciaram cortes em exportações.
De fato, em 2019 a Rússia exportou $8,85 bilhões em fertilizantes. Os principais mercados são: Brasil ($1,89 bilhão), China ($843 milhões), EUA ($813 milhões), Estônia ($591 milhões), e Finlândia ($348 milhões).
O bloqueio russo poderia, portanto, atrapalhar a safra em outros países, em especial o Brasil, que importa 70% dos seus fertilizantes da Rússia. A Bielorussia por sua vez, já anunciou que exportações para o Brasil estão bloqueadas.
Na bolsa de mercadorias de Chicago há quem acredite que o trigo possa subir até 50%.
O Brasil por sua vez importa 6,5 milhões de toneladas anuais de trigo.
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