Durante o tempo em que você está lendo este texto, por volta de 3 minutos, ao menos 90 pessoas terão aberto a sua conta no Nubank.
O cartão roxinho trouxe consigo uma febre pouco antes vista, de engajamento com uma marca.
Trata-se de um efeito curioso em um país historicamente desbancarizado. Temos por volta de 45 milhões de brasileiros sem acesso a uma conta bancária, e um longo histórico de empobrecimento da população ocasionado por essa exclusão financeira.
Entender o Nubank e seu efeito avassalador requer um entendimento sobre educação financeira no país.
O banco não patrocina o Brasileirão, não promove grandes campanhas publicitárias, e ainda assim, capta clientes como nenhum outro.
Um dos principais motivos, claro, é o “efeito de rede”. Clientes são o maior divulgador do Nu, que por sua vez foca seus recursos em atendimento e tecnologia.
Outros 6% dos funcionários do Itaú trabalham com a parte de “suporte” ao cliente. Já no Nubank, eles são 18%.
Uma métrica de mercado, chamada de “NPS”, que mede o nível de satisfação do cliente, coloca o Nubank em primeiro, em um ranking que vai de 0 a 100.
Este aqui é o quadro dos bancos brasileiros em “satisfação do cliente”
Nubank – 69.4
Banco Inter – 52.6
PagBank – 44.6
Itaú – 34.8
Bradesco – 27
Santander – 26.5
Banco do Brasil – 13.2
Infelizmente, porém, bancos não foram feitos para agradar os clientes, mas pra gerar dinheiro aos acionistas. E a pergunta sobre os motivos de o Nubank mirar um valor de mercado tão alto permanecem.
Ao contrário dos grandes bancos, o Nubank não oferece grandes inovações a primeira vista, mas isso pode mudar.
Muito se fala sobre a bolsa brasileira ter apenas 3 milhões de clientes, mas os grandes bancos possuem 80 milhões de clientes.
O que está errado nisso tudo? Provavelmente tudo. Os bancões não possuem incentivos relevantes para que seus clientes invistam. Não é o lugar onde está o lucro e há pouco o que explorar.
Veja, 80% do total investido por brasileiros está nos grandes bancos. Daquele CDB rendendo 98% da Selic ao valor mantido na poupança, quase tudo está nos grandes bancos, onde estão os piores retornos.
Explorar esse descaso é o que o Inter, BTG+, e Nubank tem feito, ou planejam fazer.
Aplicando a mesma média ao Nubank, teríamos algo como 6 milhões de investidores, o dobro do que possui a B3.
Para fazer isso, o Nubank precisa apostar naquilo que tem feito bem: simplificar o processo.
Ao contrário dos bancões, porém, o centro do universo de clientes do Nubank está na população mais jovem. Cerca de 80% deles possuem menos de 35 anos.
São os jovens que abrem conta e recebem R$50 em crédito, mas acabam sendo incluídos, na expectativa de que em 2-3-5 anos, se tornem clientes com maior potencial.
É uma aposta arriscada, mas que parece fazer sentido para o Nu.
De maneira simplificada, estes clientes estão se tornando consumidores de seguros, uma área careta e pouco explorada no Brasil. De fato, Warren Buffett, o maior investidor do século 20, colocou $500 milhões por 1,6% do Nubank por “se impressionar” com a rapidez com que os negócios em seguro de vida crescem.
Na prática, o Nubank possui hoje um valor de mercado de R$3000 por cliente.
Fontes afirmam que o banco espera buscar entre $75-100 bilhões, o que daria algo como R$12 mil por cliente. Um número absurdo, em especial quando cada cliente gera de receita R$200 por ano ao banco.
Os truques do Nubank são conhecidos.
O banco entrou em mercados como a Colômbia e o México, onde já em 2021 deve se tornar o 3º maior emissor de cartões do país.
A capacidade de replicar o modelo em outros lugares, é o que faz do Nubank uma startup promissora.
Seu valor de mercado pode soar absurdo, mas está em linha com outras, como a Stripe de Jack Dorsey.
Em 2020 a Stripe faturou R$38 Bilhões (contra R$3,5 bilhões do Nubank).
A velocidade de crescimento do Nu, porém, é o dobro. Neste ano o Nu deve faturar R$9 bilhões. E pela primeira vez apresentou lucro: modestos R$76 milhões no primeiro semestre.
É bastante improvável que o Nu consiga emplacar sua narrativa e ser avaliado em $100 bilhões. Um valor de $50-60 bilhões seria o mais provável, e ainda assim, já seria o suficiente para avaliar o Nubank em um valor similar ao do Itaú.
Pode soar absurdo, mas um caso chama atenção dos investidores.
Em 2017 o mesmo Itaú pagou R$6 bilhões por 49.9% da XP. Hoje, esse valor equivale a R$60 bilhões. A XP segue crescendo em captação e aumentando seu lucro em uma velocidade muito maior que a do próprio Itaú.
Em se tratando de valor de mercado de empresas do tipo, o que importa é a velocidade de crescimento e capacidade de execução. Neste aspecto, poucas startups possuem o valor do Nubank.
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