Com um preço final de R$10.999, o iPhone chega ao Brasil custando R$6300, e logo em seguida ganha outros R$4699 (75%), de impostos.
Um americano que more em Chicago e comece a trabalhar hoje, levará em média 7 dias de trabalho para comprar o iPhone 13, o novo lançamento da Apple.
Fazendo uma média de $18 por hora de trabalho, este trabalhador terá juntado os $1099 e levará pra casa o iPhone em “preço cheio”. Isso, claro, desconsiderando que ele possa levar o aparelho junto de um pacote da operadora.
Essa é, em essência, a razão pela qual o smartphone da Apple se tornou o preferido de 65% dos americanos, contra 13% dos brasileiros.
Por aqui, serão 610h em média para comprar o mesmo iPhone (que custará 61h de trabalho em Chicago).
O número, claro, refere-se a uma média do Brasil para a compra do celular de R$10999. Quando analisamos por região, é possível encontrar outros dados, como 316h dos trabalhadores do Rio de Janeiro, ou 288 da capital paulista.
Ainda assim, em comum os brasileiros compartilham o peso de uma carga tributária salgada. Ao final da longa jornada do iPhone até o consumidor, ele terá de pagar IPI (importação), PIS, Cofins, ICMS e outros tantos tributos que somados, custarão 43% do preço final.
Imagine um valor de R$10.000 para o aparelho. Deste valor, R$4300 são impostos.
Com estes números, é possível dizer que a carga tributária seja de 43%, certo? Em partes. Ela representa 43% do preço final ao consumidor, mas se calculado sobre o valor do aparelho, de R$5700, estes mesmos R$4300 representam impostos no valor de 75,43% do aparelho.
Toda esta confusão tributária, claro, tem seu custo.
O Banco Mundial estima que nossas empresas gastem, em média, 1650h por ano para pagar impostos. Tudo isso a um custo de R$100 bilhões (3 vezes o Bolsa Família).
Ao mesmo tempo, a CNI estima que com uma simplificação tributária, o país poderia ficar 20% mais rico em 15 anos. Na prática, a maneira como os impostos são cobrados, também importa.
Enquanto este mesmo iPhone paga, no máximo, 10% do valor em impostos (dependendo do estado onde mora).
Mas isso não é tudo. Ao longo dos anos a Apple, e outras empresas de eletrônicos, precisaram aprender a evitar a volatilidade do Brasil.
Como garantir receitas estáveis em um país que pode perder 40% do poder de compra da sua moeda em 1 ano como o Brasil em 2020?
As empresas costumam colocar um valor extra, para garantir sua margem e evitar perder grana vendendo por aqui. Este é o que apelidamos aqui no BlockTrends de “dólar Apple” (de fato, uma piada com os hermanos argentinos que possuem 18 cotações diferentes de dólar).
Ao colocar o preço 12-13 vezes maior do que nos EUA, enquanto o câmbio está em R$5,26, a Apple compensa os impostos e garante uma margem de segurança para bancar o risco país.
Mas mais do que isso, a empresa garante uma seleção melhor do público. É cruel, mas faz parte do jogo.
Usuários de iPhone também consomem mais publicidade e geram maior receita individual.
Como Scott Galloway comenta, a Apple se especializou em colocar um aparelho nas mãos de cada um dos indivíduos mais ricos do planeta (os 10-20% mais ricos), e em prover serviços para estes indivíduos. O Google preenche a outra parcela.
Na prática isto permite um eco-sistema exclusivo (que a Apple se esforçar para manter fechado), e que, sob a liderança de Tim Cook, como CEO, tem permitido a empresa se tornar uma gigante também em serviços.
Desde que Tim assumiu o cargo que pertencia a Steve Jobs, sua missão é tornar a Apple uma empresa que não apenas venda um aparelho, mas mantenha uma relação constante com seus consumidores.
Em suma, a gigante de Cupertino se tornou a maior empresa do mundo e uma máquina de gerar dinheiro, ainda que isso afaste potenciais consumidores.
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