Nesta semana, a maior parte das atenções de quem investe em Bitcoin, criptomoedas e ativos de risco é em um só lugar: no Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.
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A decisão de política monetária a ser anunciada nesta quarta-feira promete trazer impacto direto sobre o comportamento do Bitcoin, que se encontra em uma zona técnica delicada e em meio a um cenário macroeconômico instável.
O ciclo de juros mais lento da história recente
De acordo com o analista Cauê Oliveira, analista do BlockTrends PRO, este é o ciclo mais lento de queda de juros da história recente dos EUA. Como mostra um gráfico comparativo entre ciclos anteriores.
O gráfico revela que a trajetória de cortes de juros implícitos pelo mercado em 2024-2025 tem sido muito mais gradual em relação a episódios como os de 1980, 2001 ou mesmo 2019.
“O Fed deve manter taxas inalteradas com receio de nova alta inflacionária nos preços ao consumidor”, afirma Cauê em seu post na rede X. Para ele, o banco central americano está “atrasado” e as expectativas inflacionárias seguem “excessivamente altas”.
Essa lentidão na resposta do Fed causa incerteza nos mercados globais. Investidores esperam sinais mais firmes sobre a trajetória futura das taxas de juros — um fator crucial que influencia diretamente o apetite por risco, incluindo ativos como o Bitcoin.
Bitcoin à espera do Fed: suporte, resistência e cautela
Após atingir um pico no feriado prolongado, o Bitcoin passou por uma correção de 4% e atualmente está cotado na casa dos US$ 94 mil, segundo o analista Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil.
O volume de negociações também caiu significativamente: 42,2% nas últimas 24 horas, refletindo a postura cautelosa do mercado à espera da decisão do Fed.
Tecnicamente, o BTC encontra suporte entre US$ 91.800 e US$ 93.500 — uma faixa onde há forte interesse de compra.
Já a resistência imediata está em US$ 95.500, e sua superação pode abrir espaço para uma nova alta em direção aos US$ 98.800. No entanto, caso ocorra uma quebra abaixo de US$ 93.500, o mercado poderá testar novamente a zona crítica dos US$ 91.800.
A projeção otimista para 2025, com um alvo em US$ 125.600, depende diretamente da manutenção desse suporte como base, e da reação do mercado à política monetária americana.
A relação entre o Fed, liquidez e cripto
A expectativa quanto à reunião do Fed ocorre em paralelo às negociações comerciais entre EUA e China. Portanto, que podem levar à redução de tarifas e consequente aumento da liquidez global. Um ambiente de liquidez mais favorável, como se viu em ciclos anteriores, tende a beneficiar ativos de risco como o Bitcoin.
André Franco, analista e CEO do Boost Research, lembra que a correlação entre o mercado de ações e o Bitcoin permanece alta no curto prazo. O S&P 500, por exemplo, vem de sua maior sequência de vitórias desde 2004.
Com isso, o Bitcoin acaba acompanhando a tendência geral de aversão ou apetite ao risco que domina Wall Street. “No curto prazo, o impacto sobre o Bitcoin tende a ser levemente negativo. Acompanhando a movimentação do mercado de ações enquanto aguarda o desfecho da reunião do Fed”, escreveu André.
Conclusão: uma semana decisiva
O Bitcoin entrou em maio pressionado por variáveis macroeconômicas. E, embora ainda existam fundamentos sólidos de longo prazo no horizonte, o curto prazo está dominado pela expectativa em torno da política de juros nos Estados Unidos.
Se o Fed sinalizar cortes ou uma postura mais “dovish”, o Bitcoin pode retomar sua trajetória de valorização. Caso contrário, uma continuação do aperto monetário ou manutenção prolongada das taxas altas pode esfriar o mercado, levando o BTC a testar suportes mais baixos.
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