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Economia

A queda da população mundial é um problema real. E não é culpa do Bill Gates.

Pela primeira vez em séculos a população mundial começará a diminuir, elevando os custos para os mais jovens e gerando incertezas para os mais velhos. Frederico o Grande entrou para a história como um bem sucedido governante ao deixar sua marca na formação do conhecido exército Prussiano, que mais de um século depois seria peça […]

Pela primeira vez em séculos a população mundial começará a diminuir, elevando os custos para os mais jovens e gerando incertezas para os mais velhos.

Frederico o Grande entrou para a história como um bem sucedido governante ao deixar sua marca na formação do conhecido exército Prussiano, que mais de um século depois seria peça fundamental na unificação da Alemanha.

Dentre seus feitos, entretanto, há um pouco lembrado, mas fundamental para a administração do seu país: popularizar plantação de batatas.

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Em meio a uma busca por contornar a insegurança alimentar, uma constante na Europa até bem pouco tempo, Frederico se voltou para uma descoberta dos colonizadores europeus nas Américas. Uma planta de origem na cordilheira dos Andes e que produzia um tubérculo comestível, a batata.

Trata-se de uma bomba calórica, que produz 15 milhões de calorias por hectare, o suficiente para manter as necessidades calóricas de ao menos 20 pessoas durante um ano, contra 5 pessoas com uma produção de carnes ou trigo em um mesmo hectare.

Evidente que Frederico não era nutricionista e não saberia explicar em detalhes o sucesso do tubérculo, mas pela observação empírica, o imperador ordenou que a batata fosse plantada.

A ideia sofreu forte rejeição da população, que considerava o alimento “sujo” e “impuro”, pela seu estado ao ser retirado da terra (sim, europeus que sofreram com a peste negra e a proliferação de ratos relataram que a batata era suja).

Para contornar a situação, Frederico ordenou primeiro que suas tropas fossem alimentadas com batatas, afinal, se os grandes soldados prussianos comiam batatas, porque a população não haveria de comer?

Sem grandes resultados Frederico inovou. Ordenou que um horta fosse instalada na frente do palácio, e guardas fossem colocados para impedir roubos.

Ao ver que o alimento era tão relevante para o imperador que guardas eram necessários para proteger, a população embarcou na moda da nobreza.

Foi assim, que além do Marketing, Frederico popularizou um dos ingredientes fundamentais na culinária alemã (ou o que viria a ser a Alemanha), e deu origem a um boom demográfico.

Por séculos desde a revolução industrial, a população mundial cresceu a taxas absurdamente altas. Até 1950, por exemplo, a média de filhos por cada mulher estava em 4,7, mais do que o dobro do necessário para manter uma “taxa de reposição” da população.

O crescimento populacional foi tão avassalador, fazendo a população mundial sair de 2 bilhões de habitantes em 1930 para 5 bilhões em 1980, que foi capaz de ressuscitar seguidores de Malthus, ou Thanks, e suas teorias sobre o efeito da “superpopulação”.

Em 1968, o livro escrito por Paul e Anne Ehrlich, professores de Stanford, chamado “The Population Bomb”, desencadeou uma série de temores sobre grandes fomes que assolariam o mundo nos anos 70 e 80, em função do crescimento desenfreado da população mundial, ao melhor estilo Al Gore e as calotas Polares desaparecendo em 10 anos.

Como o casal Ehrlich comentou, cerca de 4 décadas depois, o intuito do livro foi o de colaborar para tornar políticas de controle populacional mais aceitáveis e um tópico no debate.

De fato, o livro contribuiu bastante com isso, afinal, não há um não problema que demande mais poder aos políticos que não seja prontamente abraçado.

Por outro lado, o livro contribuiu com as mais variadas teorias conspiratórias sobre “controle populacional”.

Tornou-se uma obsessão na subcultura conspiratória ligar os ricos ou poderosos a noção de que “estão prontos para criar um grande cataclisma mundial e diminuir a população mundial”.

Ainda hoje há aqueles que acreditam que tudo, incluindo o Covid19, faz parte do plano.

O certo porém, é que o casal Ehrlich ignorou um evento que estava ocorrendo ao lado deles, ou há alguns milhares de quilômetros, para ser mais exato, em Iowa, liderado pelo cientista Norman Bourlaug.

A revolução verde foi um dos processos mais relevantes da segunda metade do século. A ideia central consistia em ampliar a produção agrícola mundial por meio de mecanização, novas sementes e insumos agrícolas.

Ironicamente, a ideia começou a se desenvolver em parceria com a Fundação Rockefeller (aquela mesma que lidera os Illuminatti), no México dos anos 50.

Graças a revolução verde e processos desenvolvidos por cientistas, como os da Embrapa, o Brasil descobriu que sua área agrícola poderia se estender além da região sul.

O solo do centro-oeste, hoje o grande polo agrícola do país, era inviável para produção de inúmeras culturas agrícolas, algo que mudou radicalmente durante os anos 60 e 70.

De lá pra cá a produção agrícola mundial atingiu níveis de produtividade recordes ano após ano. Hoje em dia, por exemplo, já é possível produzir trigo no Ceará, graças a inovações como essas.

A fome generalizada no mundo diminuiu sensivelmente, ao ponto de nos preocuparmos hoje com a obesidade.

Alimentos industrializados, de mais difícil processamento pelo organismo humano criaram um problema de metabolismo que preocupa médicos ao redor do planeta.

A despeito de ter continuado a crescer, a população mundial sofreu uma inflexão, não pela ausência de alimentos, mas pela escassez, e custo, de outros fatores, como saúde e educação.

A medida que a população mundial amplia seu nível de renda, as demandas costumam também crescer.

Ao mesmo tempo em que os alimentos se tornaram muito mais baratos, o foco passou para outras questões, como saúde e educação. Em uma pesquisa com dados relativos ao Brasil, a constatação é de que criar um filho custe entre 10 e 30% da renda.

Seja por questões financeiras, ou instinto biológico (na medida em que a expectativa de vida aumenta), a humanidade viu sua taxa de crescimento populacional cair de 2,1% para 1,1% entre 1950 e 2017.

No caso da Europa, o crescimento fica em 0,3%, enquanto no Japão, há um decréscimo de 0,2% ao ano.

Nas estimativas feitas pela Universidade de Washington, a China deve começar a enfrentar um decréscimo populacional ainda nesta década, sendo ultrapassada pela Índia como país mais populoso do mundo.

A população mundial, que deve chegar aos 9,9 bilhões de pessoas em 2064, terminará o século com 8,8 bilhões de seres humanos.

O problema com tudo isso? São vários.

Em um sentido mais poético, é razoável supor que menos pessoas nascendo significa uma diminuição no potencial criativo humano. Menos escritores, menos chances de termos um novo Beethoven ou um Einstein.

No sentido prático, significa que nossa população de trabalhadores diminuirá, aumentando o custo social que cada trabalhador deverá arcar.

Na estimativa do IPEA para o Brasil, considerando que nossa população de jovens entrando no mercado de trabalho diminuirá já em 2031, significa que em 2048 chegaremos ao mesmo PIB per capita de 2018 (com números antes de antes da pandemia).

A conta é simples: menos trabalhadores produzindo riqueza e mais pessoas na terceira idade, o custo social cresce. Se a produtividade (a riqueza que cada trabalhador produz), não acompanhar, como tem ocorrido no Brasil há 40 anos, significa que nossos idosos terão condições de vida cada vez mais difíceis no futuro.

Não ironicamente, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo (Sorry Elon Musk), credita sua visão de colonizar o espaço a ideia de que possamos sustentar aí menos 1 trilhão de seres humanos no sistema solar.

A ideia seria reduzir o impacto ambiental no planeta, permitindo que continuamos a produzir e sustentar seres humanos com qualidade de vida. De quebra, claro, e como se preocupa o próprio Musk, eliminamos o risco de um cataclisma global eliminar a especie humana.

De volta a terra, a preocupação com o decréscimo populacional já provoca mudanças. 

Preocupada com a diminuição de trabalhadores e consumidores, Pequim já reviu há alguns anos sua política do filho único, que estima-se tenha reduzido a população chinesa em 400 milhões de pessoas.

Tal política foi um dos fatores fundamentais em permitir que já em 2018, tivéssemos pela primeira vez “mais avós do que netos”, ou seja, mais idosos do que crianças de até 6 anos.

Na Alemanha, a locomotiva da Europa, a preocupação de que o país poderá necessitar de ao menos 10 milhões de trabalhadores, já provocou mudanças na política imigratória.

É possível em um primeiro momento ver ganhos substanciais com este decréscimo, como a queda no custo dos imóveis devido a menor demanda, migração de trabalhadores para países desenvolvidos, elevando a produtividade global e assim por diante.

No longo prazo, porém, a preocupação é com a espécie humana e sua própria sobrevivência. Um caso que, exceto se você for um destes adolescentes revoltados com tudo e todos, não deve ser difícil de ver como um problema.

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