Em entrevista ao BlockTrends, na FebrabanTech 2025, Abdul Assal, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa no Brasil e Colômbia, conversou sobre os desafios e as oportunidades da aplicação de inteligência artificial (IA) no mercado financeiro latino-americano e o papel da tecnologia entre assessores de investimentos.
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Em um cenário onde a inteligência artificial avança mais rápido do que a infraestrutura tradicional consegue acompanhar, a Galileo Financial Technologies quer se posicionar como uma ponte entre o legado bancário e o futuro digital.
“Todo mundo quer falar de IA, mas poucos têm a base preparada para isso. Muitas instituições ainda operam com infraestrutura legada que simplesmente não suporta aplicações de inteligência artificial”, alerta Assal.
Tecnologia de ponta a ponta: do core ao canal
A Galileo oferece soluções completas de tecnologia bancária, atuando tanto no que Assal chama de “above the glass” (canais e interfaces de usuário) quanto “below the glass” (core bancário, processamento e emissão de cartões).
Um dos produtos mais avançados da empresa é o Cyberbank Konecta, uma IA generativa nativa para bancos. A tecnologia é capaz de realizar atendimentos, interpretar emoções, automatizar operações e até executar transações como Pix, investimentos e remessas diretamente pela conversa com o cliente. Uma espécie de “private banker digital para todos”.
“A IA permite que serviços antes limitados ao topo da pirâmide, como assessoria financeira personalizada, cheguem agora às bases da pirâmide. Democratizar consultoria de qualidade nunca esteve tão perto”, explica o executivo.
A IA vai substituir o assessor de investimentos?
Portanto, naturalmente o BlockTrends levantou a questão: com mais de 20 mil assessores de investimentos credenciados no Brasil, a discussão sobre o papel da IA no mercado de recomendações financeiras é inevitável. A tecnologia vai substituir a galera de colete da Faria Lima? Para Assal, não. Ao menos, não imediatamente.
“Não é uma questão de substituir imediatamente. Mas sim de entender até onde a IA pode apoiar, e onde ela exige regulação. Certamente, esse tema vai gerar consultas públicas nos próximos meses. A IA pode ser neutra, técnica, personalizada, mas ainda precisamos saber quem assina a responsabilidade da recomendação.”
A discussão sobre certificações, como CPA e Ancord, também está no radar. Uma IA que faz recomendações de portfólio pode precisar de regulação semelhante à de um profissional humano. O que deve abrir um novo capítulo na regulação da IA como agente autônomo financeiro.
Open Finance, LGPD e o freio necessário
Além disso, existe outra barreira legal que é o treinamento de uma IA em uma base de dados e até onde a empresa pode ir. Assal reconhece que a LGPD e a regulação de dados são hoje os dois grandes limitadores para a inovação com IA. Mas, na sua visão, são necessários.
“A proteção e a diversidade de dados são nossos faróis. A inovação anda conforme os limites regulatórios permitem. Quando a regulação abre uma vírgula, o mercado já enxerga ali uma nova avenida.”
Para ele, o Open Finance provou que é possível avançar respeitando a privacidade. O desafio, agora, é adaptar leis escritas anos atrás a um cenário dominado por IA generativa, LLMs e bancos que conversam com seus clientes por voz, não por botão.
Blockchain como playground, e futuro complementar
Apesar da Galileo não operar diretamente com blockchain, Abdul revelou que a empresa já colabora com parceiros que atuam sobre redes públicas.
Um dos casos envolve a digitalização da cadeia de transações do setor agro, utilizando blockchain para rastreabilidade e segurança em operações antes realizadas de forma informal — como CPRs e barter.
Assal admite que a Blockchain é um ótimo playground para inovação. Tem transparência, dados acessíveis e uma estrutura que facilita testes. Mas a adoção é o que vai ditar quais tecnologias vão prevalecer. “A Galileo não ignora isso, e já vê casos onde nossas soluções bancárias se complementam à blockchain”, comentou.
Assal resume a filosofia da Galileo em uma frase: “Avançar sem perder o controle.” Para ele, a tecnologia está pronta . Mas o desafio é cultural, regulatório e de infraestrutura. O futuro da IA e da tokenização no sistema financeiro será moldado não apenas por quem for mais rápido, mas por quem for mais coerente com o ecossistema que existe ao redor.
“O Brasil está à frente da América Latina em regulação, mas ainda precisa evoluir para entender o que está acontecendo na prática. IA não é mais uma tendência é um agente que já atua. E quanto mais cedo entendermos isso, mais preparados estaremos para integrá-la de forma ética, segura e eficiente.”
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