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8 países para onde você deveria considerar se mudar (e como tornar isso possível)

Instabilidade política e econômica tem tomado conta do país há anos, motivo pelo qual 700 mil brasileiros deixaram o país entre 2010 e 2018. Se você também avalia essa possibilidade, essa lista pode lhe ser útil. Texto por Ivanildo Terceiro.

Emigrar definitivamente não é uma decisão fácil. Geralmente envolve deixar para trás emprego, costumes, hábitos e a língua. Sua comunidade ficará para trás e tudo que você terá serão estrangeiros. Se as coisas derem errado, bem, existem alguns milhares de quilômetros separando você do seu lar.

Esse primeiro filtro explica por que, nos Estados Unidos, quase 40% das novas empresas abertas têm ao menos um imigrante como sócio. O mensageiro mais popular do mundo tem entre seus fundadores um imigrante ucraniano. Sergey Brin, co-fundador da Google, chegou aos Estados Unidos como um refugiado que fugia da União Soviética. Empreendedores precisam arriscar e inovar, algo que imigrantes fazem desde que saíram do seu país natal.

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Se você quer mudar de vida ou simplesmente tem espírito aventureiro, abaixo vão oito países onde você definitivamente deveria considerar se tornar um imigrante e como fazê-lo:

1. Estados Unidos

Não faz muito tempo, desembarcar na Ilha Ellis, próxima a Nova York, foi o alento de milhões de pessoas. Sede do serviço migratório do governo dos Estados Unidos, a ilha viu 12 milhões de pessoas passarem por lá em busca de documentos. Estima-se que quase quatro em cada dez americanos pode traçar suas origens de volta para aquele pequeno pedaço de terra. No caminho para Nova York, os imigrantes que olhassem para os pés da Estátua da Liberdade eram brindados com palavras que pareciam ditar como seria sua nova vida:

Até hoje, mesmo com o sem fim de controles, barreiras e muros, os Estados Unidos permanece como o país com mais imigrantes no mundo, abrigando uma em cada cinco pessoas que moram em linhas imaginárias diferentes das que nasceram. A ainda existente liberdade econômica dos EUA o tornou um porto seguro para milhões de pessoas que ansiavam crescer na vida.

Empregadas domésticas que saíram do Brasil e exercem a mesma atividade nos EUA conseguem ter um padrão de vida sem paralelo com o que é possível no Brasil. Refugiados somalis vivem melhor nos Estados Unidos – inclusive sendo integrados ativamente às suas comunidades e trabalhando – do que na Suécia. De fato, os suecos vivem melhor nos EUA do que em sua terra natal – tendo uma renda per capita 20 mil dólares maior.

Desembarcar na Ilha Ellis não garante mais um futuro legal nos Estados Unidos. Imigrar definitivamente e com documentos para o país não é tão fácil quanto foi na maior parte do passado americano.

Hoje, o meio mais fácil de morar no país é “comprando” um visto de residência permanente. Não contrariando a legislação, mas realizando a transação diretamente com o governo americano. O programa EB-5 permite a qualquer um que investir 500 mil dólares e gerar dez empregos nos EUA requerer um green card para si, sua esposa e filhos abaixo de 21 anos.

Você também pode achar uma empresa disposta a patrocinar seu visto de trabalho. O visto L-1 é destinado a trabalhadores de multinacionais que precisam ser transferidos para os EUA. Já o H1-B permite a empresas americanas o contrato de futuros imigrantes. Nesse caso, o processo de obtenção do visto exige que a companhia requisitante o tenha contratado enquanto você ainda está no Brasil. Em ambos os casos, após as concessões dos vistos, as contratantes podem aplicar tentar obter um green card para os seus funcionários.

Um caminho mais tortuoso é conseguir um visto de estudante e atender a alguma matéria que tenha carga horária destinada para Optical Practical Training (OPT), uma espécie de estágio. Nos 90 dias de OPT, você pode tentar convencer a empresa por qual foi contratado a lhe contratar permanentemente e buscar um visto H1-B.

Você também pode casar com alguém ou obter o visto destinado a pessoas com habilidades extraordinárias.

2. Canadá

Graças ao seu premier popstar Justin Trudeau, o Canadá voltou a chamar a atenção do mundo.

Apesar de ser pacato e rico, poucos brasileiros elegem o Canadá como sua primeira opção para imigrar. Um inverno que traz temperaturas de -25 ºC não torna o local muito atrativo para cidadãos que moram em um país com boa parte do seu território mantenedor apenas das estações “quente” e “muito quente”.

Quem estiver disposto a superar esta barreira poderá morar no 6º lugar mais livre do mundo e provavelmente terá sua casa a apenas algumas horas do território americano. 75% dos 33 milhões de canadenses moram próximos à fronteira com os Estados Unidos.

Se você quer se tornar um destes felizardos, o meio mais fácil é se qualificar e arranjar um emprego no Brasil. Com pouca população e em meio a um processo de inversão demográfica, o país de Robin Scherbatsky aceita imigrantes com frequência, desde que eles sejam refugiados ou qualificados.

A vantagem é que você pode fazer todo o processo via internet e sem muita burocracia. O sistema Express Entry permite que você solicite um visto de residência permanente no país criando um perfil em seu site. Ao fazê-lo, suas informações pessoais contarão pontos e, mais tarde, a pontuação será utilizada pelo Governo do Canadá para definir quem receberá um convite formal para imigrar.

Quanto mais qualificado você for, melhor. Certificações de proficiência em inglês, graduações e pós-graduações (se feitas no Canadá elas valem mais), experiência profissional de um ano na mesma atividade. Até mesmo as informações sobre o seu cônjuge podem te ajudar.

Ter uma oferta de emprego também contará pontos e o Express Entry o ajuda nesse aspecto. Uma vez feito seu perfil no site, ele é encaminhado para uma banco de empregos disponível para empregadores de todo o país, e você pode fazer seu marketing lá para garantir uma vaga.

3. Austrália

Se você não curte muito a ideia de enfrentar o inverno canadense, a Austrália definitivamente deveria ser sua opção. Quente, ensolarada, de dimensões continentais, uma rica cultura formada em um caldeirão de origens e uma fauna um tanto quanto exótica fazem muitos brasileiros se referirem à terra dos cangurus como “o Brasil que deu certo”.

Há 25 anos sem enfrentar uma recessão, o país está há anos no topo dos índices que medem a liberdade econômica e a facilidade de fazer negócios. Muito disso foi conquistado ainda na década de 80, nos governos marcados pelas reformas liberalizantes do líder do Partido Trabalhista Bob Hawke.

Hawke também foi responsável por reformar a previdência do país, introduzindo o sistema de contas individuais e capitalização. Hoje, cada trabalhador legal na Austrália é obrigado a depositar 9% do salário em uma conta associada a fundos de investimento. Este dinheiro só pode ser resgatado aos 65 anos ou se você sair definitivamente do país. Tal sistema fez com que a previdência por lá não fosse um problema, mas um dos fatores a contribuir com o crescimento do país, dado que o que é poupado é emprestado para investimentos e rende juros para os trabalhadores.

Não é um problema ser um imigrante na Austrália. Um em cada três residentes no país não nasceu lá.

Imigrar para a ex-colônia britânica pode ser bem fácil se a sua profissão estiver na lista de profissionais em falta do país. Após sua experiência profissional ser reconhecida, a residência não é tão difícil.

Você também pode conseguir um emprego e fazer sua contratante requerer um “visto patrocinado”. Casar com algum cidadão australiano também lhe garantirá um visto de residência permamente.

4. Nova Zelândia

Um dos três países mais livres do mundo, a Nova Zelândia é conhecida por seu baixíssimo índice de corrupção, sua facilidade de fazer negócios, belas paisagens, e por ser o local onde os novos filmes de O Senhor do Anéis foram gravados.

Assim como a Austrália, o país abriu sua economia e rumou ao liberalismo no meio dos anos 80 no governo do líder trabalhista Roger Douglas.

Um em cada quatro moradores da Nova Zelândia vive a não mais que dez quilômetros da costa do país, então, morar na Terra Média provavelmente significa ter que morar na praia.

Assim como na terra dos cangurus, na terra dos Kiwis existe uma demanda constante por profissionais qualificados. Trabalhar em uma das profissões em falta divulgadas pelo governo neozelandês é um dos meios mais fáceis de conseguir um visto de residência permanente. Você também pode tentar um visto de trabalho integral – é necessário uma oferta de emprego prévia, e após dois anos com ele o seu portador se torna elegível à residência.

Ricos têm sua entrada facilitada na Nova Zelândia. O visto Investor 1 permite àqueles que estiverem dispostos a investir 10 milhões de dólares neozelandeses em um período de três anos fixarem residência no país. O Investor 2 exige 1,5 milhão de dólares da Nova Zelândia em investimentos e provas que você tem 1 milhão de dólares neozelandeses para se fixar no país; são emitidos apenas 300 vistos deste tipo por ano.

5. Ilhas Maurício

Maurício parece ser uma ilha no continente africano em todos os sentidos. Sua população não passa fome, seu governo não é marcado por corrupção, guerras, e nem a supressão de opositores, contando com eleições democráticas e regulares. O país tem um IDH elevado e um PIB per capita 25% maior que o do Brasil.

Há anos Maurício figura como um dos países mais livres do mundo nos índices de liberdade econômica e tem um avançado sistema financeiro. Se você sempre quis mudar para algum lugar da África e não sabia para onde ir, o arquipélago pode ser um bom ponto de partida, lhe trazendo mais conforto, riqueza e segurança que você encontraria no Brasil.

Ter um visto para residir no país é relativamente fácil, desde que você tenha dinheiro ou contatos.

Comprando 500 mil dólares americanos em imóveis e terras no país, você se torna elegível para participar do Integrated Resort Scheme e conseguir um visto de residência permanente. Pessoas que estão se aposentando e conseguirem comprovar uma renda de maior que US$ 40 mil também podem solicitar um visto.

Se você quiser chegar lá para trabalhar, será necessário já ter um emprego com um salário acima de 30 mil rúpias maurícias/mês (aproximadamente 900 dólares), o que lhe garantirá um visto de trabalho. Após três anos nessa condição, você poderá requerer o visto de residência permanente.

6. Hong Kong

Queridinha do economista liberal Milton Friedman, que a considerava uma das poucas unidades administrativas do mundo a se aproximar do laissez-faire, Hong Kong é conhecida por liderar continuamente os índices de liberdade econômica e por sua situação especial em relação à China.

Até pouco tempo uma colônia do Reino Unido, hoje o povo hong-konguês desfruta de um PIB per capita 15 mil dólares maior que o dos súditos da rainha. Dentre suas particularidades, a ilha tem um dos únicos sistemas de metrô do mundo que dá lucro e é privado. Operando em um país incrivelmente denso, com impressionantes 400 mil pessoas por km², a MTR não lucra apenas com as passagens, mas também constrói shoppings, hotéis prédios, e aluga espaços publicitários nos perímetros das estações.

A ampla liberdade econômica do país o permitiu ter histórias como as de Li Ka-shing. Homem mais rico da ilha, Li nasceu na China e chegou a trabalhar 16 horas por dia antes de comprar sua primeira propriedade.

Hong Kong oferece vistos de permanência para aqueles que vão ser contratados por uma empresa instalada na ilha. Sem oferta de trabalho, é possível se inscrever no programa imigrante qualificado, que guarda semelhanças com o sistema canadense, tendo um sistema de pontos, provas e um convite para requerimento do visto. A obtenção de vistos através de investimentos foi suspensa há dois anos.

7. Singapura

Se Hong Kong é o líder incontestável nos índices de liberdade econômica, ninguém consegue roubar o segundo lugar de Singapura. País com mais milionários do mundo, a antiga ilha de pescadores se tornou um dos mais importantes centros financeiros do planeta sob os auspícios autoritários do seu líder Lee Kuan Yew.

Até hoje a ilha guarda resquícios da sua autoridade, colocando na cadeia quem contrabandeia chicletes e cigarros para dentro do país. Viver em Singapura pode significar ter que abrir mão de muitas liberdades individuais em nome da riqueza, uma dicotomia superada por outras nações.

Se você já tem muito dinheiro, morar em Singapura é muito fácil. Basta investir 2,5 milhões de dólares em negócios na ilha e comprovar o quão bem-sucedido você é. Outra opção é arranjar um emprego que pague acima de US$ 2.200/mês antes mesmo de pisar no país. Mais uma vez, é esperado que você tenha contatos ou dinheiro para poder morar definitivamente no país.

8. Chile

Estima-se que daqui a três anos, no meio das Olimpíadas de Tóquio, o Chile possa declarar oficialmente que é um país desenvolvido. Longe de ser uma virada espetacular em sua história, o lar da simpática alpaca vem seguindo o caminho da riqueza há décadas.

As reformas iniciadas pelos Chicago Boys que trabalharam dentro do governo Pinochet não foram desfeitas pelos governos de esquerda subsequentes. Nem o sistema de aposentadoria capitalizado – que faz o país quase não ter dívida pública e é uma das bases do seu crescimento, através da poupança dos que desejam parar de trabalhar um dia – sofreu mudanças.

O país tem a melhor educação da América Latina, tanto no nível básico quanto no superior, sua expectativa de vida passa dos 80 anos, conta com um ótimo ambiente de negócios e seus vinhos são reconhecidos mundialmente.

De todos os países citados, o Chile é o único em que seu caminho será mais fácil por ser brasileiro. Graças ao Mercosul, brasileiros podem passar obter o Visto Mercosul, que permite aos seus portadores passar um ano no país, renovável por outro, sem estudar ou trabalhar. Este tempo pode ser útil para você conseguir um emprego e receber o Visto de Trabalho. Após dois anos com ele, você poderá requerer a residência permanente.

O visto de estudante também pode ser utilizado como meio para a residência permanente. Bastando ficar ao menos dois anos no país e obter um diploma em alguma instituição chilena.

*texto escrito por Ivanildo Terceiro

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