Participe da
Comunidade Ícone Whatsapp
Economia

Renda Fixa não protegeu o brasileiro contra alta nos ovos de Páscoa

Em um ano, a perda de 3 ovos, ou 13,64% do poder de compra, demonstra como a renda fixa não consegue acompanhar a alta de preços de produtos sazonais.

O cenário macroeconômico brasileiro em 2025 está tão deteriorado que nem mesmo os investimentos em renda fixa, tradicionalmente vistos como um porto seguro, conseguem proteger o poder de compra dos consumidores contra a disparada de preços de produtos de datas com demandas específicas como os ovos de Páscoa.

Entre para o GRUPO GRATUITO DE WHATSAPP do BlockTrends e fique por dentro de tudo sobre Bitcoin.

O aumento do Cacau por fatores climáticos leva uma parcela de culpa, claro. Contudo, a inflação persistente, a desvalorização do real e a baixíssima rentabilidade da renda fixa brasileira também exercem um papel fundamental para uma Páscoa que arde no bolso do brasileiro.

Um cenário macroeconômico deteriorado

Descubra as novas criptomoedas mais promissoras do mercado com o BlockTrends PRO! Receba +50 cursos, análises diárias, relatórios semanais, carteiras recomendadas, acesso a uma comunidade exclusiva e muito mais.

A inflação no Brasil subiu para 5,48% em março de 2025, ante 5,06% em fevereiro, conforme o Trading Economics. É uma alta que supera as projeções do Banco Central, que esperava uma convergência para 3,8% dentro da meta.

A pressão de alta veio principalmente dos preços de alimentos e bebidas (7,68% contra 7% em fevereiro), segundo o relatório Focus. Na comparação mensal, os preços ao consumidor aumentaram 0,56% em março. Apesar do aumento, desacelera em relação à alta de 1,31% no mês anterior.

Mesmo assim, a inflação é ainda mais alta em alimentos e bebidas. O que impacta diretamente produtos como os ovos de Páscoa, cujo preço disparou em 2025.

A desvalorização do real frente ao dólar também agrava a situação. Especialmente em meio à guerra comercial entre EUA e China, que afeta as exportações brasileiras. Um real mais fraco deixa as importações mais caras, como o cacau processado, e eleva os custos de produção de itens à base de chocolate.

Ovos de Páscoa: um exemplo sobre a perda de poder de compra

Os ovos de Páscoa são um item sazonal no Brasil. Ou seja, vende-se mais durante certos períodos específicos. Neste caso, claro, na Páscoa. Portanto, podem servir para alguns economistas como uma âncora, um exemplo claro de como o cenário macroeconômico deteriorado afeta o bolso dos consumidores.

A comparação entre o aumento de preços dos ovos de Páscoa e o rendimento de investimentos em renda fixa, embora não leve em conta liquidez ou risco, serve como um retrato curioso da inflação setorial e do impacto de uma inflação crescente contra um investimento vendido como “conservador”.

Em um cenário de inflação persistente, com o IPCA acumulado atingindo 5,88% em abril de 2025, os brasileiros enfrentam o desafio de proteger seu poder de compra diante da elevação generalizada de preços, especialmente de produtos sazonais como os ovos de Páscoa.

O BlockTrends analisou os preços de ovos populares e comparou seu aumento com o rendimento de investimentos em renda fixa, revelando como a inflação setorial supera os ganhos reais desses ativos.

O aumento dos preços dos ovos de Páscoa

Para esta análise, o BlockTrends considerou os preços médios de três ovos de Páscoa populares no Brasil entre abril de 2024 e abril de 2025:

  • Ovo Baton (Nestlé, 170g): Subiu de R$ 32,90 em 2024 para R$ 41,90 em 2025, um aumento de 27,36%.
  • Ovo Talento (Garoto, 350g): Passou de R$ 45,00 para R$ 56,00, alta de 24,44%.
  • Ovo Crocante Ovomaltine (Brasil Cacau, 250g): Foi de R$ 38,50 para R$ 48,00, aumento de 24,68%.

Enquanto isso, os investimentos em renda fixa, frequentemente escolhidos por brasileiros que buscam segurança, não conseguiram acompanhar essa alta, falhando em proteger o poder de compra contra a inflação setorial.

Renda Fixa não te protege da Páscoa no Brasil

Em um cenário de inflação crescente, com o IPCA acumulado atingindo 5,88% em abril de 2025 (projetado a partir de 5,48% em março, segundo dados do Trading Economics), os investidores brasileiros enfrentam dificuldades para manter o valor real de seu dinheiro.

A inflação de março já era de 5,48%, um aumento em relação aos 5,06% de fevereiro, e a projeção para abril reflete a continuidade dessa tendência de alta. Muito impulsionada por fatores como a desvalorização do real e a alta de commodities.

O Banco Central respondeu com um aumento gradual da taxa Selic no período, que passou de 10,5% em abril de 2024 para 11,75% em 2025, em um esforço para conter a escalada inflacionária. Nesse ambiente, analisamos o desempenho de três tipos de investimentos em renda fixa.

Renda fixa

Tesouro Selic entregou um rendimento bruto médio de 10,8% no período, o que, após o desconto do Imposto de Renda (IR) de 22,5% (para aplicações de até 1 ano), resulta em 8,37% líquidos. Além disso, descontando o IPCA de 5,88%, o ganho real foi de 2,49%.

Já um CDB com rendimento de 112% do CDI no período foi próximo da Selic, estimado em 10,7%. Portanto, após aplicar o desconto do IR e do IPCA para chegar em um ganho real, o rendimento foi de 3,41%.

Por fim, a tão famosa poupança rendeu cerca de 6,5% ao ano (0,5% ao mês + Taxa Referencial), isenta de impostos. Descontando o IPCA de 5,88%, o ganho real foi de apenas 0,62%, um rendimento positivo, mas insuficiente para acompanhar a inflação setorial.

Por outro lado, os ovos de Páscoa apresentaram aumentos significativos, superando a inflação geral:

  • Ovo Baton: Aumento de 27,36%, com um aumento (acima do IPCA de 5,88%) de 21,48%.
  • Ovo Talento: Aumento de 24,44%, e real (acima do IPCA) de 18,56%.
  • Ovo Crocante Ovomaltine: Aumento de 24,68%, e real (acima do IPCA) de 18,8%.

Portanto, os ovos de Páscoa tiveram aumentos reais entre 18,56% e 21,48%, contra apenas 0,62% a 3,41% dos títulos de renda fixa. Isso significa que os preços dos ovos cresceram até cinco vezes mais do que o rendimento real da renda fixa.

Evidenciando a incapacidade desses investimentos de proteger o poder de compra contra a inflação de produtos específicos.

Muito mais que uma “comparação boba”

A alta dos ovos de Páscoa não trata-se somente de efeitos sazonais, mas também de impactos profundos de uma economia extremamente inflacionada e de fatores climáticos.

Uma delas, que é advindo do clima, é a valorização do cacau. Impulsionada por uma escassez global devido a doenças nas plantações, mudanças climáticas e condições adversas na África Ocidental, que responde por 80% da produção mundial. Esses fatores elevaram os preços da commodity, que devem permanecer em torno de US$ 6.000 por tonelada, segundo o J.P. Morgan Research.

Apesar disso, a economia do Brasil também tem sua parcela de culpa, conforme mencionado no começo do texto.

No Brasil, a desvalorização do real frente ao dólar encarece insumos importados, como embalagens e aditivos, enquanto tensões comerciais internacionais, como a guerra comercial dos EUA, afetam as cadeias de suprimento e aumentam os custos de produção. O consumidor final é quem sente o impacto no bolso.

Em termos práticos, um investidor que aplicou R$ 1.000 no Tesouro Selic em abril de 2024 teria R$ 1.083,70 em abril de 2025. Isso seria suficiente para comprar 19 ovos Talento (R$ 56,00 cada), contra 22 ovos em 2024 (R$ 45,00 cada).

Uma perda de 3 ovos, ou 13,64% do poder de compra, demonstra como a renda fixa não consegue acompanhar a alta de preços de produtos sazonais.

Potencialize sua jornada cripto na OKX. Junte-se a 60 milhões de usuários e acesse bots de trading de alto rendimento. Acesse: okx.com

Notícias relacionadas