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Qual a verdadeira influência da decisão de juros do FED no Bitcoin?

Em seu discurso, Powell também costuma anunciar os próximos passos para a política monetária. Por exemplo, medidas que indicam um aperto monetário (QT), ou um começo de afrouxamento monetário (QE) e consequentemente um aumento na liquidez do país.

Nesta quarta-feira (29), o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, divulgará sua decisão sobre a taxa de juros. O presidente da instituição, Jerome Powell, realizará uma conferência para anunciar as resoluções da reunião do Comitê de Mercado Aberto. Mas qual o verdadeiro peso do FED sobre o Bitcoin?

Antes de tudo, vale dizer que o mercado já precifica a manutenção das taxas, dado que o governo Trump deve anunciar novas tarifas significativas no sábado. O que tende a pressionar a inflação. Assim, a expectativa é que o FED mantenha os juros inalterados, deixando o foco do mercado voltado para o discurso de Powell e a liquidez global.

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Apesar da manutenção das taxas de juros, as falas de Powell podem ser determinantes para os mercados de risco, incluindo as criptomoedas. Conforme explica Gerson Junior, PhD e analista quantitativo da K2 Trading Partners, a política monetária influencia o setor cripto de forma indireta. Mas com grande impacto.

Além disso, o direcionamento do discurso do comandante do FED também pode importar para o Bitcoin. Isso porque em seu discurso, Powell costuma anunciar os próximos passos para a política monetária. Por exemplo, medidas que indicam um aperto monetário (QT), ou um começo de afrouxamento monetário (QE) e consequentemente um aumento na liquidez do país.

“A política monetária afeta tanto o apetite ao risco dos investidores quanto o custo de oportunidade de manter ativos digitais. Quando as taxas de juros aumentam, investimentos considerados mais seguros, como títulos públicos, tornam-se mais atraentes do que criptomoedas. Por outro lado, em cenários de juros baixos, investidores buscam maiores retornos e assumem mais riscos, favorecendo o mercado cripto.”

Para entender melhor essa relação, ele traz dois estudos recentes que analisaram como a política monetária influencia os preços das criptomoedas. E ambos chegam a conclusões divergentes.

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Estudo 1: O impacto direto da política monetária (Adams, Ibert e Liao, 2024)

Uma das pesquisas mais recentes que Gerson trouxe foi conduzida por Adams, Ibert e Liao (2024). Ela utilizou dados diários do Bitcoin, títulos do Tesouro americano de 2 anos e do índice S&P 500, abrangendo o período de 2019 a 2024.

Os pesquisadores adotaram um modelo VAR (Vector Auto-Regression) para decompor os retornos do Bitcoin em três fatores principais:

  • Choques monetários (como mudanças na taxa de juros);
  • Prêmios de risco convencionais (relacionados ao mercado de ações);
  • Choques específicos do mercado cripto (fatores internos da indústria).

Os resultados indicam que a política monetária teve um impacto expressivo nos preços do Bitcoin em momentos críticos.
Um exemplo foi 2022, quando o FED adotou uma política agressiva de aumento de juros para conter a inflação, resultando em uma desvalorização de mais de dois terços no preço do Bitcoin.

“O aumento dos juros tornou ativos de risco menos atrativos, deslocando recursos para investimentos mais seguros”, aponta o estudo.

No entanto, os pesquisadores destacam que, a partir de 2023, fatores internos ao mercado cripto ganharam mais importância. O surgimento de ETFs de Bitcoin facilitou a entrada de investidores institucionais, aumentando a liquidez e reduzindo a volatilidade.

Isso sugere que as criptomoedas começam a depender menos da política monetária e mais de fatores próprios, como adoção institucional e avanços tecnológicos.

Estudo 2: a influência constante do FED no Bitcoin (Che et al., FMI, 2023)

Outro estudo, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), adotou uma abordagem diferente, analisando dados diários de sete grandes criptomoedas que representam 80% da capitalização total do mercado cripto.

A pesquisa identificou um “fator cripto”, uma medida agregada que explica a tendência geral dos preços desses ativos. Em seguida, comparou sua relação com os mercados globais e a política monetária dos EUA.

Os pesquisadores descobriram que um aumento de 1% na taxa de juros do FED resulta, em média, em uma queda de 0,15 desvios-padrão no “fator cripto”. Isso indica que as criptomoedas são ainda mais sensíveis às decisões do FED do que ações globais.

“As criptomoedas, por serem ativos de risco, perdem atratividade quando os juros sobem. Isso acontece porque os títulos do Tesouro tornam-se investimentos mais competitivos”, explicou o analista.

O estudo também revelou que, desde 2020, houve um aumento significativo da participação de investidores institucionais no mercado cripto.

Isso fez com que as criptomoedas se tornassem mais integradas ao mercado financeiro tradicional, movendo-se de forma mais alinhada com setores como tecnologia, que também são altamente sensíveis à política monetária.

Essa integração trouxe benefícios, como mais liquidez e maior adoção, mas também aumentou os riscos de spillover. Ou seja, crises no mercado cripto podem gerar impactos colaterais significativos no mercado financeiro global.

2025: um mercado cripto, e Bitcoin, mais independentes do FED?

Os dois estudos concordam que a política monetária desempenha um papel importante no mercado cripto. Mas divergem sobre a magnitude desse impacto.

Adams et al. (2024) sugerem que o impacto do FED é significativo em momentos críticos. Mas que a partir de 2023, fatores internos do setor cripto ganharam maior influência.
Che et al. (2023) argumentam que a política monetária é um fator constante. Especialmente devido à crescente institucionalização do mercado cripto.

O analista aponta que, com um novo governo nos EUA, espera-se que a política monetária continue desempenhando um papel central. No entanto, o mercado de criptomoedas está passando por uma transformação, com maior adoção por grandes instituições financeiras e países.

Além disso, a entrada de gigantes como BlackRock e Fidelity no setor e o uso estratégico de ETFs de Bitcoin indicam que o mercado cripto pode estar se tornando mais resiliente.

“Se essa tendência continuar, 2025 pode ser o ano em que as criptomoedas finalmente se consolidam como uma classe de ativos madura. E menos dependente das oscilações da política monetária global”, afirmou Gerson.

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