Após as reuniões envolvendo a secretaria de comércio e donos de bancas de jornal para discutir a escassez de figurinhas da Copa, um movimento similar tomou conta das principais rodovias do país.
Agricultores argentinos fecharam rodovias para protestar contra o que chamam de voracidade fiscal do governo e a escassez de combustíveis ocasionada pelo colapso da moeda.
As revoltas se dão em especial pelo preço do diesel, usado no transporte de grãos.
Tradicionalmente um grande exportador agro, com capacidade para alimentar 400 milhões de pessoas (ou 10 vezes sua população), a Argentina vem impondo sérias barreiras ao setor por ver ali uma fonte relevante de um bem escasso no país: os dólares.
Câmbios paralelos como o dólar-soja, uma cotação especial para os agricultores, são comumente implementados.
Agora, o problema se agrava em função das renegociações entre a Argentina e o FMI.
Em março deste ano o país se comprometeu a reduzir seu déficit fiscal, em torno de 2,9% do PIB, para alongar o perfil da dívida.
Com um gasto superior a 4% do PIB em subsídios para energia (estima-se que 7 de cada 10 pesos nas contas de luz, por exemplo, sejam pagos pelo governo), os subsídios estão na mira do governo.
Corrigir este problema, porém, não é uma tarefa fácil. Significa aumentar o preço das contas de água, luz e saneamento em pelo menos 150%.
O próximo passo lógico nessa busca por redução de subsídios seria justamente os combustíveis.
O preço baixo graças aos subsídios aumenta a pressão sobre a demanda de combustíveis. Em certas cidades, como aquelas que fazem fronteira com o Brasil, brasileiros têm atravessado em direção da Argentina para abastecer os carros com gasolina em R$3.
Apesar das quotas e do racionamento, a escassez de combustíveis se mostra presente.
O governo deve agora buscar equilibrar uma necessidade de redução de subsídios para evitar consumo excessivo, com as demandas dos agricultores e da própria população, uma tarefa quase impossível.
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