Participe da
Comunidade Ícone Whatsapp
Blockchain

Porque as tarifas de Trump reforçam a importância do Bitcoin

Analista aponta que o Bitcoin, frequentemente visto como um hedge contra a degradação monetária, pode se beneficiar do atual ambiente macroeconômico.

O mundo financeiro vive um momento de turbulência sem precedentes desde o “Covid Crash” de 2020, com a volatilidade nos mercados globais atingindo níveis históricos. O principal catalisador desse caos é a escalada na guerra comercial liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou, no dia 2 de abril, uma nova rodada de tarifas sobre importações de diversos países. Contudo, apesar de assustadoras, as tarifas de Trump podem impulsionar o Bitcoin.

A medida, que inclui 34% sobre produtos chineses, 20% sobre produtos da União Europeia e 10% sobre todas as demais importações, gerou reações em cadeia, impactando desde commodities até o mercado de trabalho global. No Brasil, o cenário não é diferente, com reflexos diretos na economia e no comportamento dos investidores, conforme apontado por Cauê Oliveira, analista do BlockTrends PRO no X.

O anúncio das tarifas e a reação imediata dos mercados

Na última terça-feira, 2 de abril de 2025, Trump detalhou as novas tarifas em um pronunciamento oficial, conforme destacado em uma postagem no X do analista onchain de Bitcoin Cauê Oliveira.

Faça parte da Comunidade Exclusiva PRO do BlockTrends.APP e lucre em cripto com relatórios semanais, análises diárias, carteiras recomendadas e lives.

A imagem compartilhada mostra o presidente americano ao lado de um cartaz intitulado “Reciprocal Tariffs”, listando as taxas impostas a diversos países e blocos econômicos.

A estratégia, segundo Oliveira, vai além de uma simples imposição de tarifas: é parte de um plano mais amplo para reindustrializar os EUA, controlar o ciclo da dívida e pressionar o sistema monetário global.

Os números são expressivos: 34% sobre produtos chineses, 20% sobre a União Europeia, 25% sobre o Japão e até 90% sobre o Vietnã, com setores como tecnologia, têxtil e automotivo sendo os mais afetados.

A medida visa reduzir os déficits comerciais dos EUA e revitalizar a manufatura doméstica, mas os efeitos colaterais já são sentidos globalmente. Segundo a Tax Foundation, as tarifas representam um aumento médio de impostos de mais de US$ 2.100 por família americana em 2025, o maior desde 1982.

A reação dos mercados foi imediata. O índice do dólar (DXY) caiu para 101,3, refletindo uma desvalorização estratégica para promover exportações americanas, conforme explicado por Oliveira.

Enquanto isso, o S&P 500 caiu 1,22% na semana do anúncio, e o Ibovespa, no Brasil, recuou 1,5%, segundo a Bloomberg. Commodities industriais, como cobre (-5,64%) e aço (-2,29%), também despencaram, de acordo com dados do World Bank, evidenciando uma desaceleração no ciclo de negócios global.

Impactos macroeconômicos

Apesar do impacto inicial nas cadeias de suprimento, Oliveira destaca que as tarifas estão sendo implementadas em um ambiente de forte queda nos preços das commodities.

O índice de energia recuou 4,1% em março, com o petróleo Brent caindo 4,42% (para US$ 65,72 por barril) e o gás natural europeu despencando 13,7%, segundo o World Bank. Essa tendência desinflacionária reduz a pressão sobre os preços ao consumidor, mas também sinaliza uma desaceleração econômica global.

O rendimento dos Treasuries de 10 anos nos EUA caiu abaixo de 4% pela primeira vez desde o último trimestre de 2023. Um movimento que Oliveira interpreta como parte de uma estratégia de repressão financeira para manter baixo o custo da dívida pública americana.

Com a dívida federal dos EUA projetada para atingir 130% do PIB até 2035, segundo o Congressional Budget Office, juros longos mais baixos são essenciais para a sustentabilidade fiscal.

No entanto, esse cenário aumenta a probabilidade de uma recessão. O mercado precifica até cinco cortes de juros pelo Federal Reserve em 2025, um nível não visto desde 2020, conforme dados do CME FedWatch Tool.

Goldman Sachs elevou a probabilidade de uma recessão nos EUA para 35%. Desse modo, reduzindo sua previsão de crescimento do PIB americano em 2025 de 2% para 1,5%, segundo a Reuters. A Europa, mais vulnerável, pode entrar em uma recessão técnica ainda este ano. Na região, o crescimento é projetado em apenas 0,1% no segundo trimestre, de acordo com o Goldman Sachs.

Reflexos no Brasil

No Brasil, os efeitos das tarifas de Trump são particularmente sentidos no setor de commodities, que representa uma fatia significativa das exportações.

O país enfrenta uma tarifa de 10% sobre produtos exportados para os EUA, com setores como aço, alumínio e agronegócio (ex.: soja, que caiu 2,20%) sendo diretamente impactados, conforme dados do World Bank.

A desaceleração chinesa, outro grande parceiro comercial do Brasil, agrava o cenário. Já que a China, enfrentando uma tarifa de 34%, reduziu sua demanda por commodities brasileiras.

Apesar disso, o cenário macroeconômico brasileiro apresenta nuances. A queda nos preços das commodities, como petróleo (-4,53%) e gás natural (-2,38%), alivia a pressão inflacionária, com o IPCA projetado para fechar 2025 em 4,5%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.

No entanto, a retração do consumo global e a desaceleração industrial comprimem o mercado de trabalho. Em 2025, o Brasil registrou o maior número de cortes de empregos desde 2020. Foram 150 mil demissões no setor industrial, de acordo com o IBGE, refletindo o impacto das tarifas e da desaceleração global.

A resposta do mercado e o papel do Bitcoin nas tarifas de Trump

Diante desse cenário, os investidores buscam alternativas para proteger seu capital. Oliveira aponta que o Bitcoin, frequentemente visto como um hedge contra a degradação monetária, pode se beneficiar do atual ambiente macroeconômico.

A combinação de tarifas, desinflação, juros longos mais baixos e um dólar mais fraco cria um cenário propício para ativos alternativos. Em 2025, o Bitcoin subiu 5% na semana do anúncio das tarifas, enquanto o S&P 500 e o Ibovespa caíram, reforçando sua descorrelação com mercados tradicionais, conforme destacado no X.

A necessidade de liquidez, segundo Oliveira, levará o Federal Reserve a cortar juros e encerrar o aperto quantitativo, injetando dinheiro nos mercados financeiros.

Esse movimento, que já foi observado durante o “Covid Crash” de 2020, tende a favorecer ativos como o Bitcoin, que subiu de US$ 80.000 para US$ 84.000 entre 2 e 4 de abril de 2025, segundo a CoinMarketCap. No Brasil, o interesse por criptoativos também cresce, com o Mercado Bitcoin reportando um aumento de 20% no volume de negociação em março, totalizando R$ 5 bilhões.

Perspectivas e incertezas

O cenário atual é descrito por Oliveira como um “Xadrez 4D”, uma arquitetura macro desenhada para prolongar o regime de dívida sem colapsar a estrutura fiscal dos EUA. No entanto, essa estratégia compromete a credibilidade do dólar e das moedas fiduciárias, que dependem cada vez mais de intervenções estatais.

O índice de incerteza em política econômica global atingiu níveis recordes em 2025, superando até mesmo os patamares de março de 2020, segundo o Global Economic Policy Uncertainty Index.

Para o Brasil, o futuro é incerto. A desinflação pode aliviar a pressão sobre os preços. Mas a desaceleração global e os cortes de empregos ameaçam o crescimento econômico, projetado em 1,8% para 2025, segundo o Boletim Focus.

Investidores brasileiros, por sua vez, estão divididos sobre as tarifas de Trump, mas alguns já olham para o Bitcoin. Enquanto alguns buscam refúgio em criptoativos, outros preferem ativos mais seguros, como títulos públicos atrelados à Selic, que subiu para 10,5% em 2025, conforme o Banco Central.

No fim, é bom para o Bitcoin

As tarifas de Trump desencadearam uma onda de volatilidade nos mercados globais. Com impactos que vão desde a queda nos preços das commodities até o aumento do risco de recessão.

Enquanto isso, o Bitcoin emerge como um ativo de proteção em meio ao caos, beneficiado pela busca por liquidez e pela descorrelação com mercados tradicionais.

O cenário, porém, permanece incerto, exigindo cautela e estratégias bem definidas de investidores e policymakers. Como destacou Cauê Oliveira no X, este é um momento chave na história econômica global. E o Brasil, mais uma vez, está no centro das transformações.

Potencialize sua jornada cripto na OKX. Junte-se a 60 milhões de usuários e acesse bots de trading de alto rendimento. Acesse: okx.com

Notícias relacionadas