O que faz uma gestora tradicional como a 21Shares decidir lançar um ETF à vista baseado em Dogecoin, a mais icônica entre as memecoins? Para Maximiliaan Michielsen, Estrategista de Investimentos da casa, a resposta não está apenas nos números ou nos fundamentos técnicos. Está na cultura da internet.
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Em entrevista ao BlockTrends, Michielsen discorre sobre o que motivou a 21Shares a lançar um ETP de Dogecoin, e entrar no processo para lançar um ETF à vista nos EUA. Além disso, comentou sobre a atenção da gestora às narrativas quentes do mercado, como RWA e tokenização.
21Shares e a aposta no ETF de Dogecoin
O 21Shares Dogecoin ETP, lançado em 8 de abril de 2025 e domiciliado na Suíça, é um produto negociado em bolsa (ETN) que oferece exposição direta ao Dogecoin.
Atualmente, o ETP possui aproximadamente €2 milhões em ativos sob gestão e aplica uma taxa de administração anual de 2,5%. O produto é fisicamente respaldado, ou seja, cada unidade é lastreada por Dogecoin real mantido em custódia física.
Além disso, a 21Shares submeteu um pedido à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) para lançar um ETF de Dogecoin nos EUA. Esse ETF proposto visa rastrear o desempenho do Dogecoin com base no índice CF DOGE-Dollar US Settlement Price e terá a Coinbase Custody como custodiante das criptomoedas .
A aprovação desse ETF permitiria que investidores nos EUA tivessem exposição ao Dogecoin por meio de contas de corretagem tradicionais. Potencialmente aumentando a liquidez e o volume de negociação associados ao ativo.
“A comunidade é um ativo em si. E o Dogecoin representa isso melhor do que qualquer outro projeto”, afirmou Michielsen em entrevista ao BlockTrends. O ETF de Dogecoin foi lançado recentemente na Europa e é o primeiro do tipo listado no continente.
Nem todas memecoins são iguais, defende estrategista
Segundo o executivo, foi uma decisão 100% interna da 21Shares, que assumiu o risco de apostar em um ativo muitas vezes desprezado por analistas fundamentalistas e membros mais ortodoxos da comunidade cripto.
Para ele, a memecoin criada em 2013 ganhou relevância ao se consolidar como uma espécie de “meme global compreensível”. “Independentemente de onde você esteja no mundo, Brasil, Suíça ou Ásia, todo mundo reconhece o shiba inu [a raça do cachorro]. Isso tem valor”, diz.
A 21Shares defende que nem todas as memecoins são iguais. Enquanto muitas delas nascem com propósitos puramente especulativos e mecanismos extrativos, Dogecoin teria resistido ao tempo e evoluído ciclo após ciclo, mantendo uma base de usuários fiéis e expandindo sua usabilidade. “Dogecoin foi a primeira de seu tipo e se manteve relevante enquanto muitas outras sumiram”, diz Michielsen.
Ele reconhece a quantidade de pump and dump que existe no mercado. Apesar disso, afirma que enxerga a Dogecoin de uma forma diferente.
“Sabemos que nem todas as moedas meme são iguais. E quando fizemos essa análise sobre a Dogecoin, esse foi um ponto super importante. Algumas delas, sabe, são muito extrativas e, na verdade, retiram liquidez e a despejam nos usuários de varejo. Mas algo como a Dogecoin se destaca”, disse.
Não é só pelo meme
Segundo o executivo, o Dogecoin se destaca também pela funcionalidade. Com taxas de transação extremamente baixas (normalmente abaixo de 20 centavos de dólar) e previsíveis, a moeda já é aceita por empresas como a Tesla, cinemas nos Estados Unidos e pelo time de basquete Dallas Mavericks.
Além disso, iniciativas como o projeto “Doge for Water” e uma campanha de arrecadação de US$ 1 milhão para a Ucrânia ilustram o poder mobilizador da comunidade.
“O Dogecoin desafia o conceito tradicional de valor. Ele mostra que conexões humanas e cultura podem gerar liquidez, que por sua vez atrai investidores e promove crescimento”, resume.
A recepção do ETP, segundo Michielsen, foi bastante positiva, mesmo entre comunidades mais céticas como a dos bitcoiners. Ele relata que uma análise publicada em seu perfil pessoal nas redes sociais, com poucos seguidores, chegou a mais de 20 mil visualizações. “As pessoas estavam genuinamente entusiasmadas. Foi um dia divertido.”
21Shares espera maior interesse institucional
Por ora, o ETP de Dogecoin está listado apenas na Europa, e teve um retorno de aproximadamente 45% no primeiro mês e meio de negociação, apesar de um mercado mais contido em liquidez e majoritariamente para o varejo.
“Eu diria que a própria rede Dogecoin é mais usada por pessoas físicas do que por instituições. Imagino que os investidores em ETPs e ETFs também sejam, provavelmente, predominantemente investidores de varejo”, disse.
Apesar disso, a expectativa da 21Shares é que o apetite institucional por Dogecoin cresça nos próximos anos, conforme o conhecimento sobre criptoativos se expanda.
“Os institucionais geralmente começam com os grandes nomes, como Bitcoin, porque é muito mais fácil de entender. Você tem a ideia do ouro digital. E então talvez eles analisem um pouco a lista de ativos e passem pelo Ethereum Solana. Mas esperamos que, com o tempo, elas se atualizem. Elas se eduquem e entendam melhor o que são criptomoedas”, disse.
Qual próximo ETF após Dogecoin?
Questionado sobre próximos ETFs baseados em memecoins, Michielsen não confirmou novos produtos, mas deixou claro que cada projeto é analisado caso a caso, com foco na tese de investimento. “Não é porque lançamos um ETF de Dogecoin que vamos sair listando todos os memes.”
A conversa ainda tocou em temas como tokenização de ativos do mundo real (RWA), com destaque para o ETF baseado no token ONDO, já lançado pela 21Shares na Europa. A empresa também comemorou o sucesso do ETP de SUI, que acumula cerca de US$ 165 milhões sob gestão em menos de um ano.
“Estamos atentos a tudo que conecta cripto com o mundo real. A tokenização, por exemplo, torna o mercado on-chain mais resiliente, pois permite que o capital não precise sair da blockchain mesmo em momentos de baixa”, conclui Michielsen.
Ao ser questionado sobre o lançamento de um ETF à vista de Ondo nos EUA, Michielsen disse que não poderia comentar sobre. Mas estão animados para o que o futuro aguarda.
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