
A sétima temporada de Black Mirror estreou na semana passada e já no primeiro episódio, intitulado “Pessoas Comuns”, o roteiro bombardeia a economia moderna de críticas. A série ganhou fama ao trazer distopias tecnológicas em formato de histórias independentes. Contudo, esse episódio de Black Mirror também trouxe consigo uma verdadeira aula de economia.
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Conforme o analista do BlockTrends, Vinícius Bitelo, avaliou, o episódio é “o melhor e mais triste” da temporada. Ele realça três temas econômicos centrais, e como impacta severamente a vida de pessoas comuns.
A reduflação, a perda silenciosa do valor do dinheiro e a necessidade de múltiplos empregos.
Esses temas ressoam profundamente com a realidade econômica atual. Tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, em meio a uma guerra comercial intensificada, inflação persistente e a crescente desigualdade social.
O enredo de “Pessoas Comuns”
No primeiro episódio de Black Mirror, Amanda e Mike, um casal na faixa dos 30 anos, enfrentam dificuldades financeiras em um futuro próximo.
Amanda é diagnosticada com câncer cerebral, e uma tecnologia experimental da empresa fictícia RiverMind oferece uma solução: um chip que recupera seu cérebro por US$ 300 mensais.
No entanto, a história toma um rumo sombrio à medida que o plano da RiverMind começa a sofrer reduflação (redução de qualidade ou funcionalidade sem alteração de preço), com anúncios intrusivos e menos funcionalidades.
Basicamente, o mesmo plano de US$ 300 começa a oferecer cada vez menos, e cada vez mais existem planos de atualização mais caros. A técnica não é distopia e sim um método do presente. Chama-se reduflação.
Mike, para pagar as mensalidades, é forçado a trabalhar mais horas e até a realizar tarefas humilhantes online, como arrancar um dente ao vivo, para ganhar dinheiro extra. Já este ponto mostracomo a mesma quantidade de dinheiro já não permite que o protagonista tenha o mesmo estilo de vida que tinha. O conceito de inflação também é real, e não parte de um futuro distópico.
Vinícius Bitelo, explica que o episódio aborda temas que “poucos compreendem”. Mas que são extremamente relevantes para a economia atual.
Reduflação: um reflexo da economia moderna
Um dos principais temas do episódio é a reduflação, descrita por Bitelo como o “truque sujo” das empresas para mascarar a inflação.
No episódio, o plano da RiverMind de US$ 300 começa a oferecer menos funcionalidades, com anúncios e tempo de uso reduzido, sem alteração no preço.
O analista compara isso a exemplos reais, como barras de chocolate que encolhem de 100g para 85g ou pacotes de café que passam de 500g para 450g, mantendo o mesmo preço.
Na economia global atual, a reduflação é uma prática amplamente documentada. A inflação, que mede o aumento dos preços de bens e serviços, reduz o poder de compra dos consumidores quando os salários não acompanham os aumentos de preço.
Portanto, as empresas continuam a praticar reduflação para evitar aumentar diretamente os preços. É um fenômeno que afeta consumidores em todo o mundo, incluindo o Brasil, onde produtos como papel higiênico e sucos também sofreram reduções de quantidade ou qualidade.
Perda silenciosa do valor do dinheiro e múltiplos empregos
Outro tema central do episódio é a perda silenciosa do valor do dinheiro, ilustrada pela luta de Mike e Amanda para manter o poder de compra.
Bitelo aponta que o casal trabalha incansavelmente, mas “continua sendo diluído”, mesmo com Mike fazendo horas extras.
Ele conecta isso à realidade econômica, destacando que governos imprimiram trilhões durante os últimos anos. Desse modo, inflando a base monetária e reduzindo o valor real das moedas.
O terceiro tema abordado no episódio é a necessidade de múltiplos empregos, retratada pela decisão de Mike de trabalhar em um site onde realiza atos humilhantes, como enfiar uma ratoeira na língua, para pagar as mensalidades do chip de Amanda.
Bitelo observa que isso não é ficção: “Vivemos numa era em que uma única renda já não basta.” Ele cita exemplos como pessoas que trabalham 8 horas por dia e fazem Uber à noite, ou designers que conciliam empregos CLT com trabalhos freelancers.
Isso é muito Black Mirror
O episódio “Pessoas Comuns” foge da ficção, infelizmente é mais real do que parece. Ele reflete com precisão as tensões econômicas atuais nos EUA e no mundo. Nos Estados Unidos, a guerra comercial com a China está exacerbando a inflação e a volatilidade do dólar, que caiu 1,3% contra o iene japonês.
A venda de títulos do Tesouro americano pela China, que detém mais de meio trilhão desses ativos, elevou os rendimentos e aumentou o custo de vida. Forçando muitos americanos a adotar múltiplos empregos, como Mike no episódio.
Além disso, a injeção de dinheiro dos EUA na economia durante a pandemia também trouxe inflação galopante para os cidadãos.
Portanto, é certo pensar que a realidade em que o poder de compra diminui, e a população comum precisa procurar diferentes meios de ganhar mais dinheiro para manter o mesmo estilo de vida não é ficção, e sim parte do sistema fiduciário atual.
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