O presidente da Argentina, Javier Milei, que se viu no centro de uma controvérsia envolvendo a memecoin Libra, voltou a se pronunciar publicamente sobre o caso. Em declarações recentes, Milei negou qualquer envolvimento direto na promoção da criptomoeda e afirmou que “não promoveu, apenas compartilhou” o lançamento do ativo digital.
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A polêmica começou quando Milei fez uma postagem no X (antigo Twitter) mencionando o projeto apenas três minutos após sua criação. Portanto, o rápido apoio gerou desconfiança e levou a acusações de que sua influência teria ajudado a atrair investidores desavisados para um esquema financeiro questionável.
“Compartilhei isso da mesma forma que compartilhei centenas de outras coisas. Meu tweet veio apenas três minutos depois que a moeda foi criada porque sou apaixonado por essas coisas e descobri na hora. Esses são traders de volatilidade que sabiam o que estavam fazendo”, disse.
A defesa de Milei: “Agi de boa fé e tomei um golpe”
Milei enfatizou que não houve prejuízo para o Estado argentino e minimizou os danos para cidadãos do país. Desse modo, segundo ele, a grande maioria dos investidores da memecoin eram estrangeiros.
“O Estado perdeu dinheiro? Não. Os argentinos perderam dinheiro? Talvez quatro ou cinco, no máximo. A grande maioria dos investidores são chineses e americanos”, comentou.
Além disso, o presidente ainda classificou o episódio como uma questão privada entre indivíduos e que os envolvidos tinham pleno conhecimento dos riscos.
“É falso que 44.000 pessoas foram afetadas—no máximo, 5.000. As chances de haver argentinos envolvidos são muito pequenas. São indivíduos altamente especializados nesse tipo de instrumento financeiro. Quem entrou sabia muito bem os riscos que corria—são traders de volatilidade.”
O papel de Hayden Davis e a proposta inicial do projeto
Por fim, Milei também revelou que o projeto Libra foi apresentado a ele por Hayden Davis, desenvolvedor da criptomoeda e figura central da controvérsia.
Segundo o presidente, Davis havia proposto uma estrutura para financiar empreendedores argentinos que, por conta da informalidade econômica, não têm acesso a opções tradicionais de crédito.
“[Hayden Davis] propôs criar uma estrutura para financiar empreendedores que, devido à informalidade, não possuem opções de financiamento. Quando a Libra se tornou pública, ajudei a divulgar.”
Essa justificativa, no entanto, não convenceu críticos que apontam que o envolvimento de um chefe de Estado pode ter dado uma falsa credibilidade ao projeto.
Embora tenha negado qualquer erro intencional, Milei admitiu que subestimou as repercussões políticas da sua atuação no caso e que precisa ser mais criterioso em sua comunicação pública.
“Não cometi erros porque agi de boa fé. Mas quando olho para as repercussões políticas, percebo que tenho algo a aprender. Preciso entender que, após me tornar presidente, continuei agindo como o mesmo Javier Milei de antes. Infelizmente, essa situação me mostra que preciso aumentar meus filtros e não me tornar tão acessível.”
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