A plataforma Polymarket, uma das principais exchanges de mercados preditivos em blockchain, lançou uma aposta inusitada: “O próximo Papa será transgênero?”. Além de muitas outras apostas sobre quem será o novo Papa, após o falecimento do Papa Francisco nesta segunda-feira (21). A questão é, não é mais pecado esse tipo de aposta, então o mercado cripto aproveita para tentar lucrar com o próximo papa.
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É certo que, historicamente, a Igreja Católica teve uma relação complexa com as apostas. Durante a Idade Média, o jogo era frequentemente condenado como um vício que levava à ganância, à negligência de deveres espirituais e até à ruína familiar.
Documentos e sermões da época, como os do teólogo medieval São Tomás de Aquino, associavam o jogo excessivo a pecados como a avareza e a preguiça. No entanto, a Igreja nunca chegou a proibir completamente as apostas.
Especialmente quando realizadas de forma recreativa e sem prejuízo grave.
A visão moderna da Igreja sobre as apostas foi formalizada no Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992. “Os jogos de azar (jogos de cartas, etc.) ou as apostas não são, em si mesmos, contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa do que lhe é necessário para prover às suas necessidades e às de outrem.”
Em outras palavras, a Igreja passou a adotar uma postura mais pragmática: apostar não é intrinsecamente pecaminoso, desde que não cause danos significativos a si mesmo ou à família.
Mercado cripto não vai para o inferno ao apostar em papa?
Pode até ser que o mercado cripto não se importe. Mas para os participantes católicos que eseculam sobre o novo papa encontraram a brecha para expandir suas operações, sem ir para o inferno.
Plataformas como a Polymarket, que utilizam blockchain para criar mercados preditivos, permitem que usuários apostem em uma ampla variedade de eventos futuros, desde resultados eleitorais até questões culturais e sociais.
O funcionamento é simples: os participantes compram “ações” de um resultado (como “Sim” ou “Não”) usando criptomoedas, e o preço das ações reflete a probabilidade percebida do evento. Quando o evento se resolve, quem apostou no resultado correto recebe um retorno proporcional.
No dia 21 de abril, logo após o falecimento do Papa Francisco, a Polymarket lançou diversos mercados para apostar no próximo Papa. Entre eles, o que mais gerou polêmica foi “o próximo Papa será trans?”, conforme destacado em seu post no X.
Um post complementar da plataforma, publicado no mesmo dia, revelou que o volume de apostas nesse mercado ultrapassou US$ 10 mil, com 92% dos apostadores escolhendo “Não” como resposta.
Hoje, 22 de abril, o volume já soma US$ 15 mil, indicando que o interesse continuou crescendo.
O papa é pop
A escolha do tema “o próximo Papa será trans?” não é aleatória. A Igreja Católica tem enfrentado debates intensos sobre questões de gênero e inclusão nos últimos anos.
O Papa Francisco, que assumiu o pontificado em 2013, adotou uma postura mais acolhedora em relação à comunidade LGBTQIA+. Como quando disse, em 2013, “Quem sou eu para julgar?” ao falar sobre padres homossexuais.
Além disso, outra aposta do Polymarket é de se o próximo Papa será negro. Também de horas após o falecimento do Papa Francisco, a aposta gerou polêmica. Contudo, tem fundamentos fortes já que a África Subsaariana, por exemplo, viu o número de católicos aumentar de 17 milhões em 1950 para mais de 230 milhões em 2020, segundo o World Christian Database.
Essa aposta, embora polêmica, toca em uma questão real: a Igreja poderia eleger um líder que representasse a diversidade crescente de seus fiéis?
Nesta terça-feira, o volume de apostas sobre a etnia do próximo papa já havia ultrapassado US$ 100 mil. Esse número impressionante indica o nível de interesse gerado pela pergunta, com 78% dos apostadores escolhendo “Não” como resposta. O que sugere um ceticismo generalizado sobre a possibilidade de um Papa negro no curto prazo.
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