Após Donald Trump nomear Hester Peirce comissária da SEC em 2017, agora é a vez do Federal Reserve contratar Sunayna Tuteja, ex-TD Ameritrade, para ser head de inovação na instituição. A mudança na mentalidade dessas duas grandes instituições americanas demonstra que a indústria cripto vive outro momento com reguladores e afasta temores de banimento.
Sunayna Tuteja, ex-Head de Ativos Digitais da TD Ameritrade, foi nomeada como head de inovação do Federal Reserve (FED). Atuando na sede de Richmond do FED, conhecida por ser o centro de organização tecnológica da autoridade, o trabalho de Tuteja será liderar esforços para identificar, pesquisar, capacitar e defender novas tecnologias financeiras, como os criptoativos.
Antes de ingressar no FED, Tuteja trabalhou com cripto na TD Ameritrade, uma das maiores corretoras do mercado tradicional americano. Apesar de ser um nome pró-regulação na comunidade de ativos digitais, a nomeação foi recebida com entusiasmo pelo mercado. Jake Chervinsky, Consultor da Compound e celebridade da indústria DeFi, defendeu a nova diretora de inovação do Federal Reserve. Segundo Chervinsky:
“[A nomeação de Sunayna Tuteja] segue com a tendência de papéis de liderança no governo serem preenchidos por pessoas extremamente talentosas com profundo conhecimento e experiência no criptomercado.”
Mike Novogratz, CEO da Galaxy Digital, também parabenizou Tuteja e afirmou que a nomeação era um grande negócio para a indústria blockchain.
Bitcoiners no Estado
Hester Peirce, comissária da Securities and Exchange Commission (SEC) indicada pelo ex-presidente Donald Trump, também defende o mercado de criptoativos. Inicialmente nomeada para a cadeira republicana por Barack Obama em 2015, Peirce não conseguiu aprovação do senado à época pois era favorável à forte regulação no financiamento privado de campanhas políticas.
Assumindo em 2017 e com mandato estendido até 2025, Hester Peirce é hoje conhecida na indústria blockchain como “Crypto Mom”, em alusão às suas decisões pró-bitcoin na SEC. Em recente entrevista para a CoinDesk TV, Peirce defendeu que a reguladora do mercado financeiro americano aprove, pelo menos, um Exchange-traded Product (ETP) com urgência.
De acordo com a comissária da SEC, caso a reguladora não acelere o passo na autorização deste tipo de produto, o investidor americano deve procurar formas de investir em ETPs de outros países, “o que não é preferível”, afirmou Peirce.
Vale ressaltar que, no decorrer deste mês, o mercado de criptoativos observou o nascimento dos seus dois primeiros Exchange-traded Funds (ETFs) no Canadá. Negociados na TSX e em balcões mundo à fora. A aprovação desses dois ETFs pela reguladora canadense pressiona a reguladora americana.
Isto ocorre pois a Ontario Securities Commission (OSC) é filiada a International Organization of Securities Commissions (IOSCO), assim como a SEC e a CVM. E, essa pressão regulatória, pode provocar uma Benchmark Regulation em ambas as instituições.
Além da defesa aos ETPs e ETFs nos EUA, Peirce falou na mesma entrevista que os protocolos DeFi’s (Finanças Descentralizadas) precisam de uma regulação eficiente para observarem ganhos competitivos contra seus pares centralizados.
A surpresa é que o ambiente DeFi ainda é muito incipiente no mercado de criptoativos e longe de ser um consenso na comunidade. Apesar disso, a SEC, capitaneada por Hester Peirce, já parece atenta para o potencial transformador do mercado.
Foi também na mão da comissária da SEC que o Grayscale Bitcoin Trust, o maior fundo 100% bitcoin do mundo, conseguiu aprovação com o regulador em janeiro de 2020. Fundos similares foram replicados em diversas economias do mundo. Aqui no Brasil, por exemplo, a pioneira em um fundo completamente regulado e 100% bitcoin foi a QR Asset Management, gestora do grupo QR Capital.
O ponto é que a comunidade cripto há muito se estranha com a institucionalização do mercado. Naturalmente contra a regulação do estado, ideologicamente falando, diversos gurus da indústria e CEO de grandes empresas tiveram que aparar as arestas, buscar autorização legal e afinar o discurso ao regulador.
O que pareceu inicialmente algo ruim para a comunidade, vem se mostrando benéfico, especialmente à medida que grandes empresas listadas em bolsa começam a adotar o bitcoin em seus balanços como proteção aos acionistas.
No fim, pessoas como Hester Peirce e Sunayna Tuteja não são apenas necessárias, mas inevitáveis para um mercado em amadurecimento. Se há algo que podemos esperar cada vez mais no decorrer desta década são bitcoiners em importantes posições nas agências de Estado.
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