
A Méliuz S.A. (B3: CASH3), conhecida por seu programa de cashback e serviços financeiros digitais, está dando um passo ousado para entrar no mundo dos criptoativos. A empresa anunciou a alocação de até 10% do seu caixa total para a compra de Bitcoin, transformando sua estratégia de tesouraria e seguindo os passos da norte-americana MicroStrategy, referência global em adoção corporativa da criptomoeda.
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O primeiro movimento dessa nova política já é realidade: a empresa adquiriu 45,72 BTC a um preço médio de US$ 90.296,11 por unidade. Desse modo, somando um investimento inicial de US$ 4,1 milhões. O objetivo da iniciativa, segundo a companhia, é diversificar suas reservas financeiras e buscar valorização de longo prazo com o ativo digital.
A aprovação da decisão pelo Conselho de Administração da Méliuz, foi após uma alteração em sua Política de Gestão de Liquidez, agora renomeada para Política de Aplicações Financeiras, permitindo oficialmente a alocação de parte do caixa corporativo em Bitcoin.
Por que o Bitcoin? A conversa que levou à mudança estratégica
A adoção do Bitcoin como ativo estratégico não foi uma decisão impulsiva. Segundo comentou Guilherme Bandeira, membro do conselho da Méliuz, ao BlockTrends, o movimento foi resultado de quase um ano de estudos internos. Havia um incômodo crescente com as aplicações financeiras tradicionais, que eram vistas como ineficientes e incapazes de gerar um retorno adequado aos acionistas.
“A moeda historicamente se deprecia, e as aplicações são parcialmente ‘comidas’ por um imposto que não é pequeno. Estudando o assunto, a administração viu no Bitcoin uma alternativa”, explicou Bandeira.
A decisão final aconteceu após uma reformulação do Conselho e a criação de um Comitê dedicado ao tema. Inicialmente, a empresa optou por alocar apenas 10% do caixa em Bitcoin, mas já existe um estudo em andamento para avaliar a possibilidade de expandir essa estratégia no futuro.
Méliuz: a MicroStrategy Brasileira?
A MicroStrategy, empresa liderada por Michael Saylor, se tornou referência ao utilizar emissões de dívida e notas conversíveis para financiar suas compras de Bitcoin. Questionado se a Méliuz pode seguir um caminho similar, Bandeira foi cauteloso.
“Cumprimos nosso objetivo no momento de adquirir 10% do caixa em Bitcoin. Agora é aguardar o estudo de viabilidade que a Administração irá fazer para ver a possibilidade de ampliação desta estratégia.”
Ou seja, a empresa ainda não descarta a hipótese de aumentar sua exposição ao Bitcoin no futuro, mas dependerá da análise da viabilidade financeira.
Bitcoin no ecossistema da Méliuz: novos produtos a caminho?
A entrada da Méliuz no mundo dos criptoativos não se limita apenas à sua tesouraria. Anteriormente, a empresa já oferecia alguns usuários a opção de resgatar cashbacks em Bitcoin em vez de reais. A funcionalidade está sendo aprimorada em parceria com o Banco BV. O plano é expandir essa opção para toda a base de clientes.
Sobre a possibilidade de oferecer novos serviços financeiros baseados em Bitcoin, como empréstimos colateralizados com BTC, Bandeira sinalizou que o tema está no radar da empresa, mas sem confirmações no momento.
“Estamos aprimorando o produto junto ao BV e querendo fazer o rollout para o restante da base”, afirmou.
Para os entusiastas de criptomoedas que esperavam uma abordagem mais ampla da Méliuz no mercado cripto, a resposta é direta: não. Portanto, Bandeira afirma que a companhia se declara maximalista em Bitcoin e não pretende alocar recursos em outros criptoativos.
“A estratégia é ser Bitcoin only. There is no second best”, disse Bandeira, citando um dos mantras mais repetidos entre defensores da criptomoeda.
Um novo capítulo para empresas brasileiras e Bitcoin?
Por fim, vale ressaltar que a decisão da Méliuz marca um momento histórico para o mercado financeiro brasileiro. Embora algumas empresas já tenham experimentado criptoativos em seus balanços, poucas o fizeram de forma tão clara e inspirada na estratégia da MicroStrategy.
A questão agora é se outras companhias listadas na B3 seguirão o mesmo caminho e adotarão o Bitcoin como reserva de valor. Com um mercado tradicionalmente avesso ao risco e à volatilidade, a movimentação da Méliuz pode ser um teste crucial para avaliar o apetite corporativo por ativos digitais no Brasil.
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