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Economia

Este é o tamanho do estrago da COVID-19 na economia até aqui

Pouco mais de 9 anos, ou 111 meses para ser mais preciso, foi o tempo que levou para os Estados Unidos criarem 22 milhões de postos de trabalho, chegando ao menor desemprego no país dos últimos 50 anos. Também em 22 milhões é o número de americanos que perderam seus empregos nos últimos 30 dias […]

Pouco mais de 9 anos, ou 111 meses para ser mais preciso, foi o tempo que levou para os Estados Unidos criarem 22 milhões de postos de trabalho, chegando ao menor desemprego no país dos últimos 50 anos.

Também em 22 milhões é o número de americanos que perderam seus empregos nos últimos 30 dias em função da paralisação da economia causada pelo Cororonavírus.

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A velocidade com que as coisas mudaram ao redor do planeta impressiona, mas para um olhar mais atento não deveria chegar a causar espanto.

Passamos toda uma década nos iludindo com a ideia de que injetar dinheiro via Quantitative Easing solucionaria os problemas do mundo. Testemunhamos até mesmo o surgimento de maluquices como a “Teoria Monetária Moderna”, que leva a um nível exponencial a ideia de imprimir dinheiro como solução para os males do mundo.

Nunca antes testemunhamos tanto dinheiro fluindo para projetos inovadores e disruptivos. A grana foi tamanha que algumas empresas esqueceram o propósito básico de uma empresa: o lucro.

O lucro se tornou uma mera promessa diante da proposta de crescer a qualquer custo. O resultado de tudo isso foram bizarrices como a empresa de aluguel de escritórios que acreditava ser uma Tech Company, o famoso We Work, rebatizado de “We Work From Home” em tempos de quarentena.

Grandes marcas emergiram neste cenário. A Uber se tornou sinônimo de mobilidade urbana, enquanto a Netflix desbancou os grandes estúdios. A Tesla apresentava o carro do futuro, os bancos agora se tornaram digitais e assim por diante.

É também verdade que as empresas mais lucrativas do planeta agora se tornaram as empresas de tecnologia. Pegue qualquer métrica que achar mais razoável e você verá lá Apple, Google, Amazon e Facebook figurando entre as maiores do planeta. São os “4 cavaleiros”, como brinca o professor Scott Galloway.

Para a economia cotidiana, porém, a crise ganha contornos mais obscuros. Ao contrário daqueles já ricos e que se aventuram em oportunidades criadas pelo mundo do juro zero, o caminho até aqui tem sido mais tortuoso.

Veja bem, não estamos falando aqui de grandes estúdios de Hollywood que viram sua receita em ingressos cair de $200 milhões para $5 mil nas duas últimas semanas de março. Tratamos do cidadão comum, aquele que precisa se virar para sobreviver com um fluxo de caixa apertado.

Apenas no Brasil nada menos do que 600 mil empresas já decretaram falência. São, segundo o SEBRAE, 9 milhões de desempregados que se somam aos 12 milhões de antes da crise.

Segundo o Banco Mundial, a crise deve levar 5,7 milhões de famílias para a extrema pobreza.

O número, que não está consolidado por “falta de dados” por parte das empresas, segundo o governo, reflete parte do impacto que a COVID-19 teve até aqui na vida do cidadão comum.

Há, naturalmente, setores mais afetados do que outros. No setor de turismo, que envolve companhias aéreas e hotelaria principalmente, a crise é tamanha, que na busca por liquidez empresas como o Hotel Urbano, aqui no Brasil, já vendem viagens para novembro de 2021 com custos de R$2,3 mil (tudo incluso, hotel e passagens por 7 dias), para locais como o Japão. Antes da crise os preços chegavam a ser até 3 vezes maiores.

Em estimativa da Fecomércio São Paulo, os prejuízos apenas no setor de varejo devem chegar a R$126 bilhões anuais, ou 4,2% de queda em relação a 2019.

O número porém é “pequeno”, comparado aos 8% que Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, acredita que a economia possa cair em 2020.

Trata-se da maior crise da história brasileira, vivida apenas 3 anos após o fim da até então maior crise já enfrentada no país.

Segundo relatórios da Cielo, o setor de vestuário chegou a registrar em março uma queda de 90% nas vendas, sendo os setores de e-commerce e supermercados os únicos a registrar aumentos.

Para a Cosan, gigante do setor de combustíveis, as vendas caíram 50% no mês, enquanto a Petrobras, gigante na outra ponta da cadeia, já estuda simplesmente paralisar a extração de petróleo, dado que não há demanda no momento, e sequer local para estocar.

Ao redor do mundo a discussão interna por parte da OPEP, o cartel global de produtores de petróleo, também preocupa. Com o mundo em recessão, os preços atuais podem jogar inúmeros produtores para fora do mercado.

De volta ao Brasil, o governo paulista, dos mais atuantes na quarentena, estima uma queda de R$9,7 bilhões na arrecadação. Em função de prejuízos assim, governadores se uniram para afrouxar as regras do chamado “Plano Mansueto”.

Anteriormente previsto para resgatar estados falidos pela última crise, o plano agora libera créditos e injeta dinheiro diretamente nos cofres de praticamente todos os governos estaduais do país.

Na medida em que garante que nenhum estado perderá receita, isso pode passar a sensação de alívio, mas na prática apenas assegura que governadores não precisem cortar gastos, jogando toda a conta nas gerações futuras por meio de dívidas. Em suma, em meio à maior pandemia do século, o governo encontrou um jeito de garantir que não irá participar com absolutamente nada do esforço necessário.

Os próximos passos serão ainda mais difíceis graças à letargia que segue no campo das reformas há anos.

Como estimaram pesquisadores britânicos e brasileiros, a crise de 2014 levou a um aumento de 30 mil mortes apenas em decorrência do desemprego e da quedas de recursos para saúde.

Em outros estudos globais, há indícios de que os números de suicídios e mortes causadas por infarto tende a subir, isto porque, ao contrário do que acredita seu amigo socialista dos tempos de faculdade, renda é parte fundamental da qualidade de vida da população.

Menor acesso à renda cria, para além das complicações mais óbvias como a fome, problemas duradouros de saúde. Crianças cujas famílias não tenham acesso à renda apresentam resultados piores em educação.

O dilema que se coloca no país nos próximos anos não é uma tarefa fácil de ser resolvida, o único fato sabido até aqui é que precisamos de um plano para voltar ao trabalho.

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