Cunhada pelo economista americano Simon Kuznets, o criador do conceito de “PIB”, a frase acima é de 1971, período no qual o mundo assistia ao “milagre japonês”.
Para Kuznets, Argentina e Japão eram exemplos únicos, que desafiam a lógica macroeconômica.
No caso japonês, ao contrário, o que intriga é como um país outrora fechado ao mundo, em um meio-ambiente hostil, e instituições únicas se desenvolveu.
Entre 1955 e 1990, o Japão viveu seu auge de crescimento, com uma média anual de 6.8% ao ano, o suficiente para fazer o PIB japonês aumentar 8 vezes no período.
Em apenas 1 ano a economia japonesa cresceu menos de 3% no período, em 1974, na primeira crise do petróleo (convém lembrar que o Japão não produz petróleo).
Tamanho crescimento levou economistas a prever que o país iria superar a economia americana até os anos 2000.
Nos anos 80, quem duvidasse de tal previsão poderia ser considerado “maluco”, ao menos até 1989, quando ficaria evidente que a economia japonesa estava “maluca”.
No período entre 1980 e 1989, os preços no Japão explodiram. Conta-se que os imóveis em Tokyo ficaram tão caros que embaixadas começaram a ser vendidas a valores astronômicos.
A Argentina vendeu sua embaixada em Tokyo para bancar obras de infraestrutura em Buenos Aires, enquanto a Austrália vendeu seus 3 mil m² de terreno por $70 milhões, ou $300 milhões em valores atualizados.
Um cálculo feito na época pelo New York Times apontava que, considerando o preço do m² na região, o palácio imperial poderia ser avaliado em $1,9 trilhão de dólares, mais do que toda Califórnia.
Na primeira lista da Forbes de bilionários, japoneses ocupavam 5 das 10 maiores fortunas, incluindo as 4 primeiras. Em comum, todos eram do setor imobiliário.
Até que, em 1985, o Japão enfim entrou para o clube das nações desenvolvidas. No Acordo do Plaza (o hotel de mesmo nome em Nova York), França, Reino Unido, Alemanha, Estamos Unidos e Japão decidiram por intervir no mercado de câmbio.
A excessiva valorização do Yen frente ao dólar estava cobrando seu preço. Os EUA buscavam desvalorizar sua moeda e se tornarem mais competitivos em relação ao Japão e a Alemanha, em um acordo com o qual os dois países concordaram.
O resultado foi uma expansão japonesa pela Ásia, reduzindo a dependência da economia americana, mas também uma pressão sobre os preços no país.
Os motivos pelos quais a economia japonesa enfrentou “o fim da festa”, em 1989, ainda são relativamente incertos. Um misto de fatores pode ser apontado.
A ausência de instituições que permitam a inovação e uma cultura hierárquica criada para favorecer as grandes corporações familiares, um efeito “catch up” comum a grandes economias quando alcançam 70% do PIB americano.
A redução na taxa de investimentos, que caiu de 35% em 1970 para 27% em 1980, também pesaram.
O baixo crescimento demográfico japonês, um problema constante até hoje, também tiveram seu peso.
Dos anos 90 em diante, porém, a economia japonesa não apenas não se recuperaria da crise, como entraria em uma espiral negativa.
O país se tornou o primeiro do mundo a vivenciar a prática de juros negativos, com uma impressão massiva de dinheiro por parte do BOJ, o Banco do Japão, que passou a comprar ativos na tentativa de fazer a economia voltar a crescer.
Questões culturais, porém, tornam mais difícil para o Japão escapar da armadilha da Deflação.
Neste momento, em meio a crise inflacionária global, o Japão está enfim tendo sua maior inflação em 13 anos, em cerca de 1,6%.
Ainda assim, a expectativa é que em março de 2022, a inflação em 12 meses volte para 0%.
Nem mesmo a crise de combustíveis, um assunto sensível em um país extremamente dependente de energia importada, tem alterado a inflação no país a longo prazo.
Na prática, a ausência de inflação no país é um reflexo do envelhecimento da população local, com mudanças radicais na preferência temporal, em um exemplo que assusta outros países cuja situação demográfica se aproxima da japonesa.
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