A história de amor entre Mataoka e o inglês John Rolfe se tornou ao longo dos séculos inspiração para filmes e livros.
Mataoka, ou Pocahontas como era conhecida na infância, pertencia a uma tribo indígena chamada de Powhatan, na Virgínia, a primeira das 13 colônias americanas.
Sua história com John Smith, como ficaria conhecido o colonizador inglês, faz parte de uma rara exceção na sangrenta história americana envolvendo nativos e colonizadores.
Na prática, a colonização americana passou longe do casamento feliz entre a filha do chefe indígena e o militar inglês que deixaria ao menos 100 mil descendentes nos dias atuais (incluindo nomes como Nancy Reagan, a ex-primeira dama americana).
Foram ao menos 12 milhões de indígenas mortos entre 1492 e 1900 nos Estados Unidos, cerca de 1/10 do total de vítimas do processo colonizatório nas Américas.
Ainda assim, a tribo de Pocahontas foi também a primeira a presenciar uma relação que dura até os dias atuais, de nação soberana (ou quase).
Longe de ser o ato de paz entre os povos descrito no desenho da Disney de 1995, o acordo de Powhatan estabeleceu um marco que viria a ser seguido séculos mais tarde, quando da definição das nações indígenas.
Este marco, tribos indígenas possuem autonomia similar à dos 51 estados federados americanos, o que na prática implica na possibilidade de regular e criar leis locais.
Sua única exclusão é referente aos papéis típicos do governo federal americano: moeda, relações internacionais e militar.
De fato, a despeito das exceções, boa parte das tribos americanas apresenta uma renda familiar menor que a do país, dr $49 mil dólares anuais (contra $64 mil da renda média americana e $4,8 mil no Brasil).
Também em sua maioria, estes 5 milhões de indígenas americanos vivem em territórios controlados Bureau Indian Affairs, a agência do governo americano responsável por gerir ativos de reservas indígenas (não confundir reservas e nações indígenas, que se diferem no grau de autonomia).
Tal autonomia, porém, e ainda que acompanhada de uma redução drástica nos territórios indígenas, levou em alguns casos a exemplos bem sucedidos de tribos que exploram essa situação para gerar retorno aos seus membros.
Este é o caso da tribo Seminole, uma tribo indígena dos estados da Flórida e Oklahoma.
Com uma difícil integração com os brancos, os indígenas do ramo da Flórida, foram na maior parte do tempo uma tribo composta por membros vivendo em situação de miséria.
A história da tribo de 4,3 mil membros, começou a mudar em 1977, quando o primeiro empreendimento foi criado, uma tabacaria livre de impostos.
Logo na sequência, os Seminole estabeleceram um bingo. O clássico jogo (proibido no Brasil), começou a gerar receita para a tribo.
Em 1979, Jim Billie se uniu a tribo para dar um passo maior: um Cassino.
Os Seminole estabeleceram o primeiro Cassino indigena americano, um caso que foi parar na suprema corte americana. O motivo? Jogos de azar são proibidos na Flórida.
O estado da Flórida buscava fazer valer sua legislação, já os Seminole buscavam reafirmar sua autonomia para desenvolver leis.
Apesar de ser sede de Las Vegas, a mais conhecida cidade do mundo quando o assunto são Cassinos, os EUA ainda possuem legislação bastante restritiva na área, com a maior parte dos estados proibindo jogos de azar.
(Nota: Las Vegas existe justamente por ser um território autônomo onde as leis estaduais de Nevada não se aplicam).
Os Seminole venceram na justiça, e em 1988 o governo americano estabeleceu o Indian Gaming Regulatory Act, permitindo que as nações indígenas americanas estabeleçam suas próprias leis sobre jogos de azar.
A medida tornou mais seguro o Cassino de Hollywood (Flórida), criado pela Tribo.
Com um grande empreendimento na região, os Seminole ampliaram sua corporação para outras áreas, até que em 2006, por $965 milhões, compraram a marca Hard Rock Café, levando o controle da franquia de 124 hotéis pelo mundo.
Os investimentos diversificados, que incluem ainda pecuária, produção de laranjas e criação de peixes, geram uma receita anual de $2,5 bilhões, que se convertem em um cheque anual de $128 mil para cada membro adulto da tribo.
Hoje, a tribo controla ao menos 6 cassinos na Flórida e outros 6 em outros estados americanos.
Na prática, os Seminole possuem hoje um negócio avaliado em $12 bilhões, fazendo deles a segunda tribo mais rica dos EUA.
A federação de jogos indígena reporta ainda que 247 tribos americanas operam 527 instalações de jogos, gerando uma receita anual de $34,6 bilhões de dólares em 2019.
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