William Ackman, ou Bill Ackman, viralizou no X, antigo Twitter, nesta semana ao compartilhar um tweet que mostra como um chip quântico da Google poderia minerar todo Bitcoin que resta no mercado. O investidor bilionário americano apenas compartilhou o tweet com a frase “interessante”, similar a estratégia que Elon Musk usa para engajar nas redes sociais.
De fato, o recente anúncio do Google sobre sua nova arquitetura para computadores quânticos, o chip Willow, gerou alvoroço nas redes sociais e levantou especulações envolvendo o impacto potencial na mineração de Bitcoin.
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No tweet viral em questão, do usuário John Trades, a afirmação foi de que o chip poderia “minerar todos os Bitcoins restantes”, avaliado em US$ 110 bilhões. No entanto, a comunidade responsável pelas Notas da Comunidade rapidamente rebateu a alegação como sem fundamentos.
“Essa afirmação é factualmente falsa. Embora o chip Willow tenha apresentado resultados impressionantes em benchmarks quânticos específicos, ele não pode ‘minerar todos os Bitcoins restantes’. O algoritmo SHA-256, usado na mineração de Bitcoin, é considerado resistente a ataques quânticos, sem nenhum algoritmo conhecido capaz de quebrá-lo de forma eficiente”, escreve o serviço de Notas da Comunidade.
Longe de ser uma ameaça…ainda
Narcélio Filho, programador e entusiasta do assunto, explica que o avanço do Google é, de fato, significativo, mas longe de representar uma ameaça ao Bitcoin. “O anúncio de ontem foi mais um enorme passo na área, que vem avançando a uma velocidade surpreendente”, disse ao BlockTrends.
Conforme destrincha Narcélio, a novidade é a solução para o maior desafio atual no que tange o desenvolvimento de uma máquina capaz de resolver algum problema realmente útil. Trata-se de uma arquitetura para computadores quânticos que diminui exponencialmente esses erros.
Narcélio comparou o feito à invenção dos transistores em 1947, marco que revolucionou a tecnologia. No entanto, ele ressalta que o impacto prático ainda está distante.
“Estamos muito no início. O problema resolvido em tempo recorde é apenas um programa de teste, algo que computadores digitais têm dificuldade em simular. Enquanto os quânticos, por sua natureza, conseguem executar trivialmente. Seria uma espécie de ‘hello world’ quântico, um programa simples para atestar o funcionamento do dispositivo”.
Bitcoin e chip quântico: o que realmente está em risco?
Apesar do avanço, Narcélio afirma que o risco ao Bitcoin é mínimo no momento. “Naturalmente, muitos tentam associar essa máquina ao Bitcoin, mas ela não oferece absolutamente nenhum risco à criptografia digital, ainda”, explicou.
Contudo, existem riscos práticos que é importante se levar em conta, o programador esclarece ao BlockTrends. “Em um primeiro momento, um computador quântico mais avançado poderia impactar o algoritmo de assinatura digital do Bitcoin (ECDSA), e não o algoritmo de mineração SHA-256, que é considerado resistente”, destacou.
Para fins de ontexto, é importante ressaltar que o ECSDA é o algorítmo referente à tecnologia de chaves privadas, e assinaturas de transações na rede do Bitcoin. Portanto, uma ameaça à essa tecnologia poderia permitir com que uma pessoa sem acesso à carteira virtual de uma pessoa movimentasse os ativos para onde, e quando quissese.É como descobrir uma chave mestra para todos os cofres dos detentores de Bitcoin que existem.
Contudo, Narcélio alerta que a substituição do ECDSA por um algoritmo mais seguro não precisa ser prioridade, visto que estamos longe de um cenário realmente preocupante. “Muitas moedas vulneráveis, como as de Satoshi, seriam os primeiros alvos. Felizmente, já existem alternativas que podem ser implementadas, e empresas, bancos e governos já estão se preparando para essa transição”, explica.
Embora a mineração de todos os Bitcoins remanescentes não seja tecnicamente possível mesmo com computadores quânticos, Narcélio aponta um bug preocupante.
“O sistema do Bitcoin já lida com eventos de máquinas mais rápidas. Mas há algum tempo descobriram um bug no código que permitiria que mineradores fizessem isso hoje mesmo, caso quisessem”, explicou.
Felizmente, Narcélio também trouxe um adendo para colocar na balança, que ajuda o caso do Bitcoin. “Obviamente, o Bitcoin envolve muito mais do que apenas código computacional. Nesse caso, o que poderia evitar essa exploração é a Teoria dos Jogos. Nenhum minerador vai arriscar seu ganha-pão tentando passar a perna nos demais participantes”, observou.
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