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Economia

Brasil dobra a aposta e termina com segunda década perdida – a pior desde 1900

O resultado de -4,1%, divulgado pelo IBGE na manhã desta quarta-feira, coloca os anos 10 como a pior década na história do país desde o início da série histórica em 1901. Foi no México dos anos 80 que a expressão “década perdida” se popularizou. O aumento dos juros nos Estados Unidos para controlar a inflação, […]

O resultado de -4,1%, divulgado pelo IBGE na manhã desta quarta-feira, coloca os anos 10 como a pior década na história do país desde o início da série histórica em 1901.

Foi no México dos anos 80 que a expressão “década perdida” se popularizou. O aumento dos juros nos Estados Unidos para controlar a inflação, somada a uma dependência de financiamento externo na década anterior, levou a América Latina a um efeito dominó por conta da dívida externa.

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Por aqui, declaramos nosso 8º calote na dívida em 1985. A dívida externa, que iniciou o regime militar em $3 bilhões, havia chegado a $100 bilhões, graças ao financiamento de obras faraônicas e a uma visão desenvolvimentista da ditadura.

O país levaria ao menos 15 anos para se desvincular dos efeitos da crise no petróleo em 1979.

Como um “efeito borboleta”, onde uma borboleta batendo as asas em um lado do planeta ocasiona um furacão em outro, a queda da monarquia do Irã pela revolução islâmica, que levou ao segundo choque do petróleo, ocasionou um aumento sem precedentes da inflação americana, levando a uma alta de juros por parte do FED, o banco central do país.

Aos latinos, restou sair de uma década de crescimento fora da curva, mas para outra de completa estagnação.

No Brasil os anos 80 ganhariam conotação pejorativa. Foi um evento de grandes proporções que ainda hoje não nos recuperamos por completo.

Foi nessa década, além da hiperinflação que conseguimos vencer, que a produtividade do país parou de crescer.

Dali em diante entramos em um regime democrático repleto de ambições, cujos custos forçaram a uma elevação dos impostos, mas cuja as bases permanecem frágeis.

Com custos sociais mais elevados, o Brasil viu seu crescimento de décadas anteriores desabar. Passamos a crescer menos, sem ganhos de produtividade (com exceção do setor agrícola e da mineração), e depender cada vez mais da demografia (o aumento no número de trabalhadores).

No início dos anos 10, o crescimento demográfico dava ao país um ganho de 1,4% ao ano no seu PIB, a soma das riquezas produzidas por aqui ao longo de um ano. Ao final da década, este número já havia caído para 0,7%.

Tamanha queda foi um fator relevante para se propor e realizar uma reforma da previdência.

O problema? Conter gastos não nos ajuda a crescer. Ao longo da última década insistimos mais uma vez em aumentar investimentos na base do crédito subsidiado, como o Programa de Sustentação do Investimento, o PSI, que levou boa parte dos R$530 bilhões que injetamos no BNDES.

O resultado foi um completo fracasso. Sem segurança jurídica, sem perspectivas, a produtividade segue estagnada.

Ao contrário da década que se iniciou, não começamos a nova com uma economia em crescimento que permita bancar erros. 

Temos uma década pela frente onde nossa dívida pública ameaça atingir 100% do PIB, onde o governo deverá manter déficits por praticamente todo o período, e onde também veremos o crescimento demográfico se aproximar de zero.

Há em pauta projetos que poderiam atenuar e impedir que continuemos na estagnação, e não são poucos. Uma reforma tributária teria o poder de mudar a lógica do investimento no país. Teria, claro, se não estivesse intimamente ligada aos micro interesses de cada grupo de pressão.

Os efeitos da pandemia, que terminaram por acabar com uma recuperação, ainda que tímida, devem se estender ao longo da década. A grande questão, é se ao menos o diagnóstico dos problemas terá sido feito.

Neste caso, a maneira como discutimos a reforma tributária parece indicar que, a despeito de seguirmos empilhando décadas perdidas, a lição e os problemas de produtividade parecem ainda estar em segundo plano.


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