Buscando dar um empurrão na economia, o governo cubano ampliou o acesso dos seus cidadãos a internet. O resultado? Mais pessoas tendo acesso a informação e protestos sendo organizados.
Foi em 2013 que, em meio a um constrangimento crescente pela ausência de acesso a internet de seus cidadãos, que o governo cubano iniciou a criação de sallons, ou as populares “Lan house”, no país.
O custo entretanto, cerca de $4,5 por hora de acesso, equivalia a ⅓ do salário médio de um cubano.
A rede se tornou restrita aos turistas que visitavam a ilha, deixando de cumprir assim os dois objetivos centrais da reforma: gerar um impacto econômico e diminuir o constrangimento internacional.
Nos anos seguintes, porém, Cuba iniciou a popularização do acesso. Em 2015, por exemplo, pontos de wi-fi foram instalados em praças e parques.
A popularização entretanto viria apenas em 2018, quando uma rede de 3G chegaria à ilha.
Na prática, cidadãos cubanos passaram a ter acesso a informação online, ainda que restrita por censura.
Foi o começo de uma revolução, que toma as ruas neste momento. Grupos de Telegram se espalharam, na medida em que contam com critpografia.
Ao contrário da China, o governo cubano não possui um sistema de “firewall”, tão ostensivo. No caso chinês, cerca de 8 mil sites, de empresas como Twitter, Google e Facebook, a empresas como BBC, NY Times e outras, são proibidas, ou censuradas em tempo real (como no caso de canais de notícia decidirem abordar conteúdos envolvendo Hong Kong ou Taiwan).
Em Cuba, o 3G se tornou popular, atingindo cerca de 4 milhões de pessoas, colocando 1 em cada 3 cubanos na internet.
A máxima do regime, vendida como uma grande conquista da revolução, a de que “em Cuba todos os cidadãos são alfabetizados”, deixou de contar com um * que lembrava, “todos os cidadãos são alfabetizados para ler o que o regime permite”, ampliando assim os encontros de descontentes e expondo os contrastes do regime.
Como outros presidentes, o ditador cubano Miguel Díaz também se tornou um usuário adicto do Twitter, utilizando a rede para espalhar propaganda do regime e combater acusações.
Ao contrário de outros levantes, como de 1994, que terminou com o governo de Fidel Castro permitindo que ao menos 35 mil cubanos saíssem do país, os protestos atuais ganharam cobertura em tempo real, com vídeos das manifestações se tornando virais e # sendo utilizadas para impulsionar os protestos.
Cubanos exilados na Flórida e políticos de descendência cubana, como o senador Marco Rúbio, ajudaram a espalhar as mensagens, inflamando a população local.
Cuba, a 8ª pior economia do mundo em meio a pandemia
Celebrada em março de 2020 como a detentora da “primeiro vacina contra o Covid”, por políticos brasileiros, Cuba viu resultados nada animadores conforme o tempo avançou ao longo do ano.
Os números da pandemia são incertos, dada a dependência de que o próprio governo os divulgue, mas na economia, se torna relativamente claro que o tombo foi colossal.
A economia cubana teve o 8º pior resultado entre 184 economias globais, com uma queda do PIB de 12,2%.
O resultado coloca ainda mais pressão sobre o governo, que vê um aumento significativo na pobreza e nos padrões de vida da população.
Acesso a remédios, alimentos e outros bens essenciais se tornam raros.
Enquanto o governo corre para culpar o embargo econômico, uma tragédia diplomática dos EUA que ajuda por favorecer a narrativa política Castrista, a população se vê espremida em meio a promessas.
Na prática, entretanto, o embargo possui um peso relativamente menor do que o apregoado. Há muito as restrições foram reduzidas, excluindo alimentos das proibições, além, é claro, do fato de Cuba ainda ser livre para transacionar com qualquer outra economia que não a americana.
Investimentos europeus estão em alta no país, enquanto o comércio em si ganha um parceiro relevante, a China. A queda na Venezuela, que em 2020 teve o 2º pior resultado dentre todas as economias globais, também drena recursos que ajudavam a ilha.
Fato é que, na medida em que as liberdades de informação aumentam, o regime segue perdendo o poder sobre a narrativa, se tornando cada vez mais encurralado.
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