Boa parte de nossos recursos financeiros e de nossas identidades já existem nos meios digitais. Temos login ou senha de acesso remoto pra tudo. Agora, a Microsoft quer fazer por nossas identidades o que o Bitcoin fez pelo dinheiro, usando a mesma tecnologia que tornou o ativo digital mundialmente conhecido por acabar com a burocracia dos bancos e a inflação das moedas nacionais.
Hoje, milhões de brasileiros usam internet banking todos os dias. Se pensarmos globalmente, muitos jovens sequer sabem o que é entrar numa agência, dado que nunca precisaram passar pela experiência. Ainda bem. Por sua vez, o Bitcoin está radicalizando esse processo, tendo sido responsável por uma forma inteiramente nova de enxergar a economia.
O PROTOCOLO BITCOIN
Ele é escasso, portátil e seguro apenas a partir do uso de tecnologia, sem depender de empresas ou governos em particular. No Bitcoin, basicamente, você é o banco. Isso se tornou viável graças às ferramentas de segurança da informação existentes em seu sistema, que funciona a partir de uma rede inteiramente descentralizada da qual qualquer pessoa pode fazer parte mundo afora.
Sem restrições, sem fronteira e sem censura, o Bitcoin é uma das poucas redes blockchain que podem ser realmente utilizadas em sentido amplo para prover alguns dos atributos comumente associados à tecnologia.
Isso porque o extraordinário poder computacional que assegura a troca de informações no protocolo, combinado à natureza inteiramente aberta de seu código e a ausência de líderes, é o que permite que as informações registradas em sua base de dados sejam totalmente auditáveis e imutáveis após confirmadas pela rede.
Diante disso, embora quase sempre ligado a aplicações financeiras como reserva de valor ou remessas internacionais, as possibilidades abertas pelo Bitcoin acabam se tornando irresistíveis para algumas outras aplicações. Pense na dezena de documentos que você usualmente precisa para provar aos demais que você é você, seja na infindável burocracia pública de um país chamado Brasil ou até mesmo em certas ocasiões de âmbito privado.
SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO
Uma arquitetura descentralizada como a do Bitcoin tem grande potencial na digitalização de identidades, tornando a gestão delas mais simples, barata e eficaz. Isso porque a ideia de identidade digital contempla um conjunto de informações previamente coletadas, dispostas de forma eletrônica e capazes de descrever de forma indissociável um indivíduo.
Ou seja, trata-se de algo que diferencie você dos demais dentro de contextos específicos, com base em informações cuja autenticidade e imutabilidade precisam ser as maiores possíveis. Atributos esses que estão entre os principais quando se fala no que o registro de dados na blockchain da rede Bitcoin consegue prover.
De modo similar ao histórico que o registro de imóveis tem sobre inúmeras propriedades a partir das escrituras que resguarda, a blockchain do Bitcoin armazena o histórico completo de transações. Por isso, ele pode ser facilmente filtrada para mostrar de maneira transparente o histórico de transações de um usuário em particular.
IDENTIDADES DIGITAIS
Nesse sentido, inclusive, é possível dizer que o protocolo do criptoativo possui embutido nele um sistema pseudônimo de manutenção e validação de identidades digitais. Cada usuário possui uma identidade própria para a rede, derivada de sua chave criptográfica pública, e pode assinar transações digitalmente e mover seus bitcoins fazendo uso de sua chave criptográfica privada correspondente.
A rede blockchain do protocolo Bitcoin opera justamente como algo similar a um “cartório descentralizado”, validando que a transferência da posse de uma determinada quantidade X de bitcoins de A para B só é válida mediante comprovação digital de que A é dono daquele montante particular de bitcoins (ou mais).
Tudo isso sem necessariamente precisar saber qualquer coisa sobre a identidade “real” dos usuários que estão transacionando, como nome, CPF, etc. Entretanto, a vinculação de informações pessoais a uma chave pública de uma rede blockchain torna possível usar essas “identidades digitais” como identificadores no mundo real, não apenas para processar transferências financeiras pseudônimas.
ION BY MICROSOFT: IDENTIDADE DESCENTRALIZADA
Com base nessas possibilidades foi criada a rede ION, desenvolvida pela gigante Microsoft como um sistema público, não-permissionado e de código aberto para criação de identificadores descentralizados. O projeto é atualmente implementado como uma camada secundária na rede do próprio protocolo Bitcoin, embora sua estrutura seja originalmente agnóstica quanto à rede que usa como base.
A primeira versão aberta do ION foi lançada nesta semana. Integrada a uma iniciativa mais ampla chamada Decentralized Identity Foundation, o consórcio conta com o suporte da ConsenSys, maior empresa do mundo de desenvolvimento em blockchains abertas, além de nomes fortes de outros gigantes como IBM e MIT.
Nas palavras de Nick Neuman, CEO da startup Casa (que desenvolve soluções usando o Bitcoin como plataforma): “Estamos entusiasmados por ajudar a ION a tirar o máximo proveito da tecnologia por trás do Bitcoin para melhorar bastante a autenticação, segurança e privacidade na internet”.
Destacando de forma prática os benefícios do protocolo, o líder do projeto na Microsoft, Daniel Buchner, disse: “Estamos empolgados em ter a Casa colaborando com o ION conosco, o que mostra o potencial de criar aplicativos do mundo real que aproveitam a base sólida que o Bitcoin fornece”.
A tecnologia ION permite “ancorar” dezenas de milhares de operações de identificação e autenticação na base de dados do Bitcoin, utilizando-se para tal de uma única transação “on-chain”. Nas transações é embutido um hash identificador a partir do qual a ION valida e processa autenticações, propiciando escalabilidade e segurança em uma rede blockchain aberta à participação e à auditoria de qualquer um.
Em sentido prático, O ION traz de volta ao usuário o controle sobre os diversos logins usados para acesso a empresas ou serviços independentes. Isso vem de encontro aos sistemas mais comumente usados hoje, em que grandes provedores como o Google e o Facebook possuem suas credenciais em mãos, fazendo com que você possa ser alvo de ataques, mau uso de seus identificadores digitais, indisponibilidade de serviço, dentre outros.
Em virtude da atual pandemia, o primeiro caso de uso a ganhar tração na recém-lançada tecnologia foi no provimento de certificados de saúde, como forma de identificar e rastrear os indivíduos em função de seu status (negativo ou positivo) para a COVID-19.
Embora o tema seja polêmico, por passar por dados pessoais e informações sensíveis referentes à saúde, o uso do ION merece destaque justamente por promover camadas adicionais de privacidade e descentralização, as quais contribuem para mitigar alguns dos problemas decorrentes do uso de sistemas convencionais para isso.
Como boa parte das aplicações de infraestrutura tecnológica no meio corporativo utiliza a suíte de produtos da Microsoft, isso torna acessível a um amplo leque de aplicações um sistema de identidade digital descentralizada único, com imutabilidade e prevenção de fraudes em níveis inéditos.
Assim como vem ocorrendo com a negociação de criptoativos e a criação de ativos digitais no mercado financeiro, o pioneirismo global do setor em abraçar aplicações sensatas da tecnologia blockchain deve se repetir com as identidades digitais. Ainda que com o olhar atento de reguladores, o trabalho acelerado dos empreendedores e pesquisadores no segmento vem crescendo de forma acelerada.
O uso de blockchain no campo da gestão massiva de identidades está muito mais próximo do que se imagina. Quanto antes pudermos nos livrar dos carimbos, do “cara-crachá” e das inúmeras fraudes decorrentes de sistemas de identificação falhos e burocráticos da atualidade melhor.
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