O estrago das bets não é somente no bolso dos apostadores, mas também no Brasil. As plataformas ganham cada dia mais força e já é possível afirmar com números que o Brasil exporta soja para pagar tigrinho no final do mês.
Para entender o tamanho deste estrago, o BlockTrends compilou alguns estudos do Banco Central do Brasil, Itaú BBA, Santander e outros. Vale ressaltar que as sedes das Bets em esmagadora maioria é no exterior. O movimento é basicamente capturar o dinheiro do brasileiro, fazero câmbio e tirar do país.
Por exemplo, no mês de setembro, até a 3ª semana, as exportações somam US$ 20,4 bi e as importações US$ 16,9 bi, com saldo positivo de US$ 3,5 bilhões e corrente de comércio de US$ 37,4 bilhões. (dados do gov).
Enquanto isso, os valores mensais que os apostadores enviam para as bets variam entre R$ 18 bilhões (US$ 3,27 bilhões) e R$ 21 bilhões (US$ 3,82 bilhões), segundo estudo do BC. Portanto, é possível destacar que o tamanho das bets representa em setembro cerca de 93,43% e 109,14% do saldo positivo de exportação do Brasil. Ao menos somente neste mês.
De janeiro até a terceira semana de setembro, as exportações totalizam US$ 247,5 bilhões e as importações US$ 189,9 bilhões. O superávit é de US$ 57,6 bilhões e a corrente de comércio de US$ 437,3 bilhões.
Mas as bets têm uma estimativa de receita anual entre R$ 8 bilhões e R$ 20 bilhões, conforme relatório do Itaú BBA. Ou seja, a receita das bets representa 2,52% a 6,32% do superávit de exportações brasileiras em 2024.
Bolsa Bets
Ainda segundo estudo do BC, estima-se que, em agosto de 2024, 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às empresas de aposta utilizando a plataforma Pix. Sendo a mediana dos valores gastos por pessoa de R$ 100.
Dessas pessoas apostadoras, 4 milhões (70%) são chefes de família (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets. Contudo, o brasileiro não é tão malandro, que já gastou o equivalente a 0,22% do PIB nacional em valores que envia para as bets.
O Itaú estima que 0,22% do PIB tem como destino as apostas online, as famosas bets, nos últimos 12 meses. Ou seja, de um PIB de R$ 10,9 trilhões, segundo o IBGE, o brasileiro aposta R$24,1 bilhões em bets.
Impactos no varejo
Não é só em importações que observa-se o estrago das Bets no Brasil. No varejo também, em nossa economia interna. Conforme o Brazil Weekly Retail Compass de 2024, houve um aumento expressivo nos gastos com apostas, especialmente online. Ao mesmo tempo, observou-se uma redução no consumo em áreas mais tradicionais do cotidiano.
O estudo do Santander aponta que esses novos padrões de gasto revelam como o tigrinho, ou jogos de azar e apostas esportivas, estão se tornando uma parte importante do orçamento das famílias. Desse modo, inclusive competindo diretamente com setores mais tradicionais do comércio varejista.
De acordo com o relatório, estima-se que, em 2023, cerca de R$ 100 a R$ 150 bilhões tenham sido gastos em atividades de apostas, incluindo loterias federais, atividades informais e apostas esportivas online. Por outro lado, em 2021, o varejo representava cerca de 63% da renda familiar. Mas essa participação caiu para 57% em 2023.
Educação também não escapa de impacto das bets no Brasil
Estudar ou jogar no tigrinho parece ser um gigante dilema para o brasileiro. Dando sequência no estrago das Bets no Brasil, observa-se que foram 35% dos brasileiros que tinham interesse em cursar o ensino superior em 2024, mas não foram comemorar no trote por causa de gastos com bets online, aponta pesquisa da Educa Insights.
O estudo ainda destaca que o Brasil é o país com maior número de acessos a sites de apostas online no mundo. E supera inclusive países como Reino Unido e Estados Unidos.
Uma das revelações mais preocupantes da pesquisa é que 37% dos jovens que pretendem iniciar um curso de graduação em 2025 ainda passam por dilemas. Eles afirmam que precisarão reduzir ou interromper suas apostas online para conseguir pagar pelos estudos.
Entre os que já estão envolvidos com apostas online, metade ainda expressa interesse em iniciar um curso de graduação. No entanto, os gastos recorrentes com apostas frequentemente comprometem essa ambição.
A pesquisa mostra que em torno de 31% dos jovens que deveriam ter iniciado seus estudos em 2024 adiaram ou cancelaram o plano devido aos gastos com jogos de azar.
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