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Segundo dados oficiais, reservas em dólares da Argentina estaria hoje em cerca de US$34 bilhões. O número per si já soaria preocupante, sobretudo por corresponder a apenas 5 meses de importações. Na prática, porém, a situação pode ser ainda pior.
Segundo dados da consultoria 1816, o número oficial divulgado pelo Banco Central da República Argentina, esconde alguns “truques”.
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Primeiro, a consultoria aponta para a composição das reservas, que podem ser divididas em:
Em outras palavras, reservas em dólares da Argentina não são propriamente dólares. Tratam-se primordialmente de outras moedas, como o Yuan, não podendo ser utilizados, portanto, para comprar produtos em dólar.
Somando apenas os valores em dólares e subtraindo os compromissos que o país terá de quitar este ano, o valor é outro. Segundo a 1816, o BRCA possui hoje “Menos US$1 bilhão” em reservas.
O valor negativo ocorre mesmo considerando que o governo de Alberto Fernández decida se apropriar de valores detidos pela população. Tal feito já ocorreu em meio a crise de 2002, quando uma conversão forçada trocou dólares por Pesos. Justamente por isso, os argentinos têm evitado manter dólares em suas contas.
Em 2019, quando o Peso ainda era cotado em 65 para 1 dólar (contra os atuais 470/1), os argentinos mantinham US$32 bilhões em contas no país. O temor de um corralito, o confisco de 2021, acelerou os saques.
Enquanto gastou ao menos US$470 milhões na última semana para evitar a marca de 500 pesos para 1 dólar, o BRCA segue em compasso de espera para que o acordo entre o governo e o FMI seja revisto.
Em 2022, o governo argentino e o Fundo Monetário Internacional fecharam um novo acordo no valor de US$44 bilhões.
Pelo acordo, o governo deveria reduzir seu déficit, além de aumentar as reservas. Em meio a maior seca dos últimos 100 anos, porém, a perspectiva de exportações diminuiu, tornando o acúmulo de dólares impossível para o governo.
No ano, o Peso cai 33% frente ao dólar, com queda de 13% apenas em abril.
Em meio a crise cambial em abril, o Bitcoin chegou a atingir AR$15 milhões, a maior cotação histórica em pesos argentinos, motivado pela facilidade de compra do ativo frente ao dólar.
Com ao menos 17 cotações cambiais distinta, incluindo uma para os criptoativos, os argentinos têm encontrado em cripto uma forma mais fácil de “dolarizar seu patrimônio”.
Entre as discussões do governo com o FMI, uma maior restrição aos criptoativos têm sido proposta, uma questão na qual Alberto Fernández parece ter sido pouco eficaz até o momento.
Taxas menores também tem conseguido um feito para um país onde dinheiro vivo ainda é a principal fonte de transações, especialmente quando se pode guardá-lo debaixo do colchão.
Estima-se que 1 em cada 7 adultos no país transacione em cripto. Em sites como o Mercado Libre (de origem argentina), é possível até mesmo comprar imóveis usando criptoativos.
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