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A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, discursou no aniversário da revolução que iniciou a independência do país. No discurso, Kirchner abordou a dívida da Argentina com o FMI, sugerindo que haja união nacional e que o acordo com o órgão internacional seja deixado de lado. Na prática, a solução de Cristina seria um “calote”.
Segundo ela: “Se nós não deixarmos de lado esse acordo imposto pelo FMI, será impossível pagar. Se acham que vamos conseguir pagar a dívida com commodities, esqueçam. Elas também acabam regulando os fluxos financeiros e sempre arrumam um jeito para que sigamos devendo. Esse empréstimo foi político e a solução foi política”…
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Devido à grave seca enfrentada pela Argentina, houve uma drástica redução nas exportações do país, principalmente nas lavouras de soja.
Como resultado direto dessa situação, o país registrou um déficit na balança comercial em abril, que é o mês tradicional de embarque da soja. Consequentemente, as reservas de dólares do país diminuíram, o que tornou o acordo com o FMI inviável.
Em 2018, o então presidente Maurício Macri, realizou um acordo com o Fundo Monetário Internacional. Pelo acordo, o fundo destinou US$57 bilhões para a Argentina, mediante determinadas condições.
Na prática, este foi o 21º acordo da Argentina com o FMI. Em média, a Argentina recorre ao fundo uma vez a cada 3 anos e meio.
Além disso, já em 2022, o governo de Alberto Fernández, no qual Cristina é vice-presidente, realizou um novo acordo de US$44 bilhões.
Nesse sentido, neste acordo, o governo se comprometia a reduzir o déficit público e elevar as reservas em dólar. No entanto, a seca e a manutenção de subsídios na área de energia, que chegam a 4% do PIB, tornaram inviável o cumprimento do acordo.
Adicionalmente, a Argentina possui uma dívida em dólar da ordem de US$170 bilhões. Esse valor equivale a 2 anos de exportações do país e é cinco vezes o total de reservas, considerando aquelas cotadas em Yuan.
Um dos meios da Argentina de continuar a operar, ainda que sem dólares, tem sido realizar acordos bilaterais.
Em janeiro deste ano o país fechou um acordo de troca de moedas com a China, no valor de 130 bilhões de Yuans, ou cerca de US$30 bilhões.
O país vizinho tem buscado realizar operação similar com o Brasil, que permitiria aos comerciantes locais importarem produtos brasileiros pagando em Reais. A legislação brasileira, porém, torna difícil este processo.
Por lei, o Banco Central brasileiro não pode assumir o risco cambial argentino, em especial pois os juros no país chegam a 10% negativos ao ano, quando descontada a inflação.
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