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Foi em 1937 que o Sítio do Pica Pau Amarelo deu início a campanha nacionalista “O petróleo é nosso“, que culminaria na criação da Petrobras 16 anos depois.
Por meio do livro “O poço do Visconde“, o hoje controverso Monteiro Lobato, se utilizou das histórias infantis para pregar aquilo que considerava um fator crucial para o desenvolvimento nacional: a busca pelo petróleo.
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O ano de 1937 marcaria também a criação da primeira refinaria brasileira, com petróleo totalmente importado. Ainda neste mesmo ano, a ditadura Vargas iniciaria um processo de substituição de importações, incentivando indústrias no país, o que impulsionaria os sonhos de Lobato.
Em 1939, o Departamento Nacional De Produção Mineral encontraria o primeiro poço de petróleo viável no país, em Lobato (nenhuma relação com o autor), na Bahia.
A campanha, financiada por Eduardo Guinle, logo seria encampada pelo governo federal, que estatizou a descoberta.
Dali pelas próximas 6 décadas, o petróleo seria um assunto exclusivamente ligado ao governo.
Em 1953, como já mencionado, nasceu a Petrobras e em 1970, a estatal descobriu sua maior reserva até então: a bacia de campos.
Além de construir sua famosa sede, o edifício de R$3 bilhões, primeira obra nacional feita pela Odebrecht, a estatal embarcou em uma campanha que a levaria a se tornar uma das maiores especialistas do mundo em produção em águas profundas.
Antes mesmo das descobertas de petróleo no mar do norte, na Inglaterra, a Petrobras já produzia petróleo em Campos.
Até 1997, porém, a estatal seguia com dificuldades de atingir uma produção relevante a nível global.
Naquele ano, o monopólio imposto por Vargas foi quebrado.
Na prática, a Petrobras ainda era a maior do setor no país, mas agora passava a disputar concessões com empresas privadas. Para além disso, inúmeras parcerias nasceram, com troca de tecnologia e apoio financeiro.
A produção de petróleo no Brasil, que em 1997 atingia 500 mil barris, chegaria em 2008 com 2 milhões de barris produzidos diariamente, e mais de 90% deles vindos da Petrobras.
Dali em diante, porém, a produção que crescia vertiginosamente no modelo de concessões sofreu um baque.
Um novo regime foi estabelecido, com o governo federal aumentando a fatia no bolo, graças à descoberta do “pré-sal”.
Nos anos seguintes a estatal embarcou em uma aventura que consumiria rios de dinheiro.
Os leilões de petróleo sumiram. A Petrobras passou a deter a quase totalidade dos campos, com pouco espaço para o setor privado.
Graças ao novo marco, a estatal se tornou obrigada a investir em qualquer campo disponível.
Sem foco, o país perdeu uma oportunidade de atrair investimento privado em um momento no qual o barril atingiu $140. Além disso, gerou uma sobrecarga na própria Petrobras.
Como se fosse pouco, a estatal ainda foi obrigada a fazer política pública, subsidiando o preço de gasolina (algo que lhe custou R$100 Bilhões).
Foi nesta soma de fatores que a empresa atingiu o recorde de endividamento, se tornando a segunda empresa mais endividada do mundo, com uma dívida de $112,7 bilhões.
Essa política, porém, começaria a mudar ainda em 2014, quando o governo Dilma Rousseff levou a cabo o leilão do Campo de Libra, o maior do Pré-Sal.
A expectativa era atrair investidores internacionais para se tornarem parceiros da estatal, algo que acabou acontecendo, em especial com estatais chinesas e empresas europeias (americanas não quiseram participar do leilão).
O processo de vendas, porém, demorou a se desenrolar. A falta de confiança e a instabilidade política impediram investidores de entrar como sócios da empresa (da mesma maneira como impediram o PPI, Programa de Parcerias e Investimentos).
Após 2016, entretanto, a situação voltou a mudar.
Sob o comando de Pedro Parente, a Petrobras adotou uma nova política de preços, além de foco em seu negócio principal.
A estatal, que antes investia em biodiesel, comprava refinarias nos EUA, postos de gasolina no Paraguai, Chile e Argentina, além de inúmeros outros negócios, agora passava a focar no básico: exploração e produção.
Desde 2016 a Petrobras já se desfez de inúmeros ativos considerados não estratégicos.
Dentre as vendas já concluídas está a Petrobras Argentina ($897 milhões), Petrobras Chile ($464 milhões), a NTS, de gasodutos ($5,5 bilhões), campos no pré-sal ($2,2 bilhões).
A BR Distribuidora, que teve seu IPO em 2017, saiu por R$26 bilhões, em 3 lotes (2017, 2019 e 2021).
Negócios menores em energia, gás ou refino também foram vendidos. No 3º Trimestre de 2021 a estatal se desfez de R$1,7 bilhão em ativos.
Outros R$10,1 bilhões vieram da venda da Rlam, a segunda maior refinaria brasileira, para o Mubadala.
Ao todo, a estatal se desfez de R$250 bilhões em ativos.
Na outra ponta, seu lucro cresceu exponencialmente desde então.
Se em 2015 a estatal teve prejuízo de R$34 bilhões (incluindo R$55 bilhões em perdas por maus investimentos e corrupção), em 2020 o lucro atingiu R$42,85 bilhões. Para 2021, outros R$63 bilhões.
Como consequência, o governo federal sozinho deve embolsar R$23 bilhões em dividendos.
Neste momento, a estatal brasileira segue entre as mais lucrativas do mundo.
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