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Brasil perdeu uma multinacional a cada 2 meses e meio desde 2018

Reorganizações globais, custo Brasil, câmbio fragilizado e instabilidade política têm sido os principais motivos para saída de empresas que marcavam presença por aqui há décadas. Desde 2018 ao menos 26 delas saíram do país. Foi em 1967 que o Ford Galaxie 500 se tornou o primeiro veículo da montadora fundada por Henry Ford a ser […]

Reorganizações globais, custo Brasil, câmbio fragilizado e instabilidade política têm sido os principais motivos para saída de empresas que marcavam presença por aqui há décadas. Desde 2018 ao menos 26 delas saíram do país.

Foi em 1967 que o Ford Galaxie 500 se tornou o primeiro veículo da montadora fundada por Henry Ford a ser produzido em território nacional.

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A história da companhia no Brasil porém remonta a 1921, exatos um século atrás, quando em um armazém na praça da República a companhia inaugurou sua segunda filial sul-americana, 2 anos após a própria fundação da empresa.

Por aqui, a Ford foi uma aposta do país na sua sempre nascente indústria automotiva. Desde 1999 a empresa recebeu ao menos R$20 bilhões em subsídios e incentivos fiscais para operar no país, cerca de R$1 bilhão por ano.

Tamanha quantia de incentivos porém foi inútil para fazer com que a empresa permanecesse no Brasil diante de uma reestruturação global.

De fato, poderíamos encarar que o problema está no resto do mundo, e que não há nada de errado por aqui. Trata-se de uma mudança global, como faz a LG, de eletrônicos, ou a Roche, de produtos farmacêuticos, que também abandonaram o país, mas essa também é uma questão relativa ao próprio país.

Ao contrário da gigante Suiça Lafarge-Holcim, que foi mais direta em apontar o câmbio como seus problemas, as companhias acima não assumiram qualquer problema com o Brasil diretamente, mencionando que irão manter suas vendas por aqui, a despeito de pararem a produção.

As razões, entretanto, são inúmeras. Nossa indústria tem perdido competitividade. Em média, a riqueza produzida por trabalhador na indústria caiu 0,3% ao ano entre 2011 e 2019, levando o trabalhador industrial brasileiro, que em 2005 recebia 3 vezes mais do que um chinês a receber 30% menos em 2019.

No mesmo período, o país concedeu ao menos R$468 bilhões em desonerações na folha de pagamento e outros R$1,2 trilhão em crédito subsidiado. Insuficientes para manter a confiança no investimento.

Como aponta a CNI, confederação nacional da indústria, a carga tributária média do setor está em 44% do faturamento, contra 23% na área de serviços e 6% no setor agrícola. Uma reforma tributária que equalize a carga por setor e desonere investimentos seria uma solução mais razoável para a questão na visão da própria CNI e outras entidades. O problema? Os demais setores não têm interesse em dividir o custo tributário.

Na ponta de serviços, o país tem sido preterido por marcas como Nike, Nikon e o próprio Walmart, que decidiram vender ou simplesmente encerrar a produção no país.

Trata-se de um movimento controverso. No caso da Nike, a empresa teve suas operações no Brasil vendidas para a Centauro, capitalizadas após a abertura de capital na Bolsa brasileira.

Com nossa taxa de juros em níveis historicamente baixos, a bolsa tem captado recursos e atraído empresas nacionais, ao mesmo tempo em que o investidor estrangeiro sente menos segurança em investir por aqui.

Os efeitos são controversos, impactam diretamente no câmbio, não apenas por retirada de recursos, como também pela troca de dívidas no exterior por dívidas em reais. O que por sua vez tem impacto direto na inflação e na corrosão do poder de compra da população.

Quando olhamos o PIB Per capita dólar, o brasileiro ficou em média 27% mais pobre durante a década, o que reduz a atratividade de empresas internacionais.

O movimento como um todo não chega a ser novidade, o país possui um amplo histórico de repelir investimentos, apelidado de “Custo Brasil”.

Na primeira metade da década, por exemplo, o Citibank alegou dentre suas razões (privadas), para sair do país, o transtorno burocrático. O Brasil representava 1% do faturamento do Citi, mas 93% das suas ações trabalhistas.

Ainda que a crítica faça sentido, não se pode deixar de notar que o banco, um dos maiores do mundo, fracassou em uma das áreas mais reguladas do país, não conseguindo crescer naquele que é apontado como o setor mais lucrativo do país, o setor financeiro.

A mesma ação vale para o HSBC, que vendeu suas operações no Bradesco. Se o setor financeiro é tão lucrativo, porque os estrangeiros não conseguem prosperar por aqui, salvo raras exceções?

O protecionismo brasileiro, que torna o país a economia mais fechada do planeta (com menor volume somado de exportações e importações em relação ao PIB), é parte da equação.

Nossa judicialização excessiva em inúmeros setores, que cria insegurança até mesmo em cobrança de impostos, também impacta estes setores.

Fato é que o diagnóstico para a saída de empresas é longo, e mais do que conhecido, o problema segue portanto nossa dificuldade em atacar as raízes do problema, preferindo sempre pular de uma tentativa de subsidiar grandes empresas em outra.

Essa é em essência a questão que a reforma tributária deveria atacar, gerando maior produtividade para o setor privado em alocar recursos.

Se seremos um país com alguma racionalidade econômica, é uma questão em aberto. Até lá seguimos sendo o país onde trabalhadores propõe estatizar uma montadora porque ela não quer mais atuar no país.

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