O Bitcoin, que hoje vale US$ 111.000 por unidade, transformou vidas e criou milionários, mas também deixou um rastro de histórias trágicas de pioneiros. Por descuido, desconhecimento ou azar, essas pessoas perderam fortunas colossais.
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Confira a história de cinco pioneiros do Bitcoin que perderam tudo, desde chaves privadas até discos rígidos.
Laszlo Hanyecz, no dia 22 de maio de 2010 pagou 10.000 BTC por duas pizzas da Papa John’s, marcando a primeira transação real com a criptomoeda. Ao longo de 2010, ele gastou um total de 81.432 BTC em pizzas, conforme revelou em uma entrevista à Forbes. O programador está entre os maiores pioneiros do Bitcoin.
Na época, esses Bitcoins valiam menos de US$ 500, claro. Mas hoje, a US$ 111.000 por BTC, equivalem a US$ 9,04 bilhões (R$ 50,62 bilhões, com o dólar a R$ 5,60). Laszlo, um programador que minerava Bitcoin com GPUs, não se arrepende, dizendo que “queria provar que o Bitcoin funcionava”.
Estima-se que ele ainda tenha cerca de 3.000 BTC, o que lhe dá uma fortuna de US$ 335 milhões. Mas a perda de 81.432 BTC é uma das mais emblemáticas da história do Bitcoin.
James Howells, um engenheiro de TI britânico, minerou 7.500 BTC entre 2009 e 2010, quando o Bitcoin valia quase nada. Ele armazenou as chaves privadas em um disco rígido. Um pioneiro e tanto. Mas essa lista é sobre tragédia, e Howells garantiu seu lugar na lista.
Em 2013, acidentalmente jogou o dispositivo no lixo durante uma limpeza em sua casa em Newport, País de Gales. Segundo o The Guardian , o disco foi parar em um aterro sanitário, e Howells tem lutado desde então para recuperá-lo, enfrentando resistência das autoridades locais.
Na época do descarte, os 7.500 BTC valiam cerca de US$ 4 milhões, mas hoje, a US$ 111.000 por BTC, valem US$ 832,5 milhões (R$ 4,66 bilhões). Apesar de suas tentativas, o disco permanece perdido, e Howells não tem mais acesso a esses Bitcoins, tornando sua história uma das mais infames tragédias digitais.
O próximo pioneiro da lista é Mark Karpelès, CEO da exchange Mt. Gox. Ele foi um dos primeiros a facilitar a negociação de Bitcoin, mas também protagonizou uma das maiores perdas da história da criptomoeda.
Entre 2011 e 2014, a Mt. Gox era responsável por 70% das transações globais de Bitcoin, segundo a Wired (2019).
No entanto, em fevereiro de 2014, a exchange sofreu um ataque hacker que resultou na perda de 850.000 BTC. Ou cerca de 7% de todos os Bitcoins existentes na época. Hoje, esses Bitcoins valeriam US$ 94,35 bilhões (R$ 528,36 bilhões).
Embora a perda tenha afetado principalmente os usuários da plataforma, Karpelès enfrentou acusações de manipulação de dados e má gestão. Ele foi condenado no Japão em 2019, mas recebeu uma pena suspensa.
A Mt. Gox ainda tenta reembolsar os usuários, mas os 850.000 BTC estão perdidos para sempre, e Karpelès, que poderia ter sido um bilionário, hoje vive longe dos holofotes com uma fortuna modesta.
Stefan Thomas, um programador alemão, recebeu 7.002 BTC em 2011 como pagamento por criar um vídeo explicativo sobre Bitcoin, quando o preço era inferior a US$ 10 por unidade.
Ele armazenou os Bitcoins em uma carteira digital protegida por uma senha, mas perdeu o papel onde a senha estava escrita.
Em uma entrevista ao The New York Times, Thomas revelou que, após várias tentativas fracassadas de acessar sua carteira IronKey, ele ainda não conseguiu recuperar os fundos.
Hoje, os 7.002 BTC valem US$ 777,22 milhões (R$ 4,35 bilhões). Thomas ainda possui o dispositivo, mas, sem a senha, os Bitcoins permanecem inacessíveis.
Sua história é um lembrete cruel dos riscos de segurança nos primeiros dias do Bitcoin, quando backups e práticas de armazenamento seguro não eram amplamente adotados.
Não apenas está entre os pioneiros do Bitcoin, é o criador da criptomoeda. Embora a identidade de Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, permaneça um mistério, carteiras associadas a ele – como a 1A1zP1eP5QGefi2DMPTfTL5SLmv7DivfNa – contêm Bitcoins que nunca foram movimentados.
Dados do Blockchain.com mostram que essa carteira, conhecida como “Gênesis”, possui 68 BTC, minerados nos primeiros dias do Bitcoin em 2009.
Outras carteiras atribuídas a Satoshi, como a 1JtpgqCf3SSeCeYWEDJjkfYFH7Ruhy4Vp1 acumularam milhares de BTC. Mas nunca foram acessadas.
Estima-se que Satoshi minerou cerca de 1,1 milhão de BTC, segundo estudos. Se considerarmos apenas 50.000 BTC de suas carteiras perdidas ou intocadas, isso equivaleria a US$ 5,55 bilhões (R$ 31,08 bilhões) hoje.
Contudo, não se pode afirmar que Satoshi “perdeu” esses Bitcoins. Muitos afirmam que ele pode ter escolhido não gastá-los, incluindo a comunidade bitcoiner. De qualquer modo, filosoficamente ou não, a falta de movimentação sugere que essas moedas estão efetivamente fora de circulação. Portanto, representando uma “perda” teórica colossal.
Daniel Fraga, um dos primeiros entusiastas do Bitcoin no Brasil, é outra figura que desperta curiosidade e especulação. Conhecido por comprar Bitcoin a R$ 12 em 2012, Fraga acumulou uma fortuna significativa, estimada em 50.000 BTC.
Naquela época, 50.000 BTC valiam cerca de R$ 600.000, mas hoje valeriam US$ 5,55 bilhões (R$ 31,08 bilhões).
No entanto, Fraga desapareceu da vida pública após problemas com a Justiça brasileira, incluindo acusações de lavagem de dinheiro e ameaças.
Uma dúvida persiste: será que Fraga converteu seus Bitcoins para Bitcoin Cash (BCH) durante o fork de 2017?
Na época, as discussões acerca do Fork eram bastante acaloradas. E muitos especulam que Fraga, um defensor de transações rápidas e baratas, pode ter trocado uma parte de seus BTC por BCH, que hoje vale apenas US$ 500 por unidade.
Se ele converteu 50.000 BTC para BCH, sua fortuna teria encolhido para US$ 25 milhões. Ou seja, uma perda de mais de 99% em valor potencial. Sem confirmação, a história de Fraga permanece um mistério, mas ilustra como decisões técnicas podem custar caro.
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